(Da
série "Conjuminando" - rascunhos)
O
Brasil começa a reagir a alguns procuradores e juízes?
Na
cidadezinha do interior o candidato a prefeito, bom homem mas que não se dava
bem com as letras, foi ler o discurso escrito pelo pensador do partido - homem
culto, lá no palanque, cheio de palavras difíceis. Leu gaguejando a primeira
linha e desistiu, ficou meio sem saber o que fazer mas logo soltou: "Óia,
gente, vou ser curto e grosso: eles querem ó em nóis (fez o gesto
característico com os dois braços), mas nóis é que vamos ó neles!" A massa
foi ao delírio, falou a linguagem do povo.
Política
é fogo. Todos, sem exceções, candidatos a ou exercendo mandato majoritário, são
acusados de tudo pelos seus adversários, vai bomba daqui, vem bomba de lá. Faz
parte do show, sem provas lá vai de ladrão para cima. Os cabos eleitorais
espalham que o adversário é viado, é corno... Que desviou tanto não sei onde. É
a luta política.
Mesmo
os inimigos políticos não levam muito a sério as ofensas em campanha, terminou
e daqui a pouco estão tomando seu uísque juntos e rindo das histórias. Evitam
ser muito calorosos em público apenas. Calorosos sim em momentos sérios, como
FHC na cerimônia de despedida da D, Marisa Letícia, emocionado abraçando Lula.
Não
que sejam amigos fraternos, mas muitos se conhecem, até se querem bem. Já que
citei FHC, quantas e quantas vezes estiveram no mesmo palanque pelas Diretas e
outros movimentos? Por anos e anos, perderam a conta. Outro dia FHC foi depor
como testemunha do Lula num processo bobo desses que lhe moveram: foi preciso
em suas palavras, destruiu a acusação que era imputada ao Lula quanto ao acervo
de bens de ex-presidentes, FHC tem o seu.
Certa
vez eu e muitos caímos de pau no Lula por um abraço no Maluf. Numa coligação
estranhíssima em São Paulo, acabaram no mesmo palanque. Quando fecharam o
acordo posaram para fotos, aperto de mão, parece também um abraço ou meio
abraço. Pronto, estragou tudo.
Caímos
de pau não pelo aperto de mão e abraço, pelamor, claro que não, e sim porque
foi em público, foi fotografado, um bruto erro político. A coligação já tinha
sido um terrível equívoco no nosso modo de ver.
Por
que "inimigos políticos"? Voltemos a FHC-Lula. Ambos foram
presidentes, ambos governaram para todos os brasileiros. A diferença é a visão
de mundo: FHC governava mais para os ricos, e Lula mais para os pobres, em
resumo é isso, com as consequências daí derivadas, e estas não são poucas. No
caso de Lula, a ideia era um dia chegar a governar para todos sem destinar mais
recursos para nenhum, não teríamos essa distância tão grande entre ricos e
pobres.
Claro,
é possível que com um extremista como o Bolsonaro talvez o Lula não tomasse um
uisquinho. Nem o FHC. Ou tomariam, depende.
Ladrão?
Isso por mais que controle sempre tem, em qualquer governo. Tem nego que
qualquer que ganhe sempre está lá, consegue uma boquinha e mete a mão. Quando
há coligações, então, onde o sujeito tem que dar a CEF ou outras entidades para
o coligado administrar...
O
sistema politico, com financiamento de pessoas jurídicas, só louco para não ter
ciência de que rola propina, ora, "doações", é investimento, empresa
não dá nada sem pedir algo em troca. Aí vira mesmo um cabaré.
Agora,
outra coisa, muito diferente, é dizer que o presidente roubou. Citei Lula e
FHC, como poderia ter citado Itamar, porque os julgo homens, não esses alguns
de escalões inferiores que acabam se lambusando. Não tem como impedir, o que se
pode é tentar minimizar.
Outra
coisa é a política invadir a justiça, e os operadores do direito agirem como
cabos eleitorais ou por razões pessoais. Sem provas quem vai te julgar partir
para o ataque como se fosse inimigo mesmo.
Estou
à vontade, o que critiquei o Lula como político e governante não está no gibi,
descendo o malho mas críticas que pensei construtivas.
Sérgio
Moro em uma entrevista concedida pela UFPR afirmou em tom irônico: ” De acordo
com a constituição mesmo que Lula esteja preso ele poderá se candidatar a presidência,
mas se for preciso eu mudarei a constituição só para que isso não aconteça,
afinal pelo povo brasileiro que esta lutando comigo, Lula não irá ser
presidente nem aqui e nem em lugar algum”.
Dallagnol:
Lula "até maio estará preso". Lula é "um general em crime de
guerra". Lula "pratica crimes a partir de seu gabinete".
Isto
e muito mais, como a coação para delações, tudo registrado, seria presunção de
inocência? Não mesmo, presunção de culpa, morre aqui todo e qualquer processo
se nas mãos dessas pessoas. Se querem destruir o Lula, como poderão julgá-lo? Não
mesmo, ainda que a Corte de Haia (Tribunal Internacional de Justiça) tenha que
ser chamada a intervir.
Acabou,
até porque autoridades e a própria população começam a enxergar e pensar
"Se faz com ele poderá fazer comigo ou com um filho meu". É ódio
contra uma pessoa, nada mais, por motivos que nada tem a ver com a Justiça.
Que
os operadores da justiça façam o seu trabalho, sem alaúza, não tirem a paz da
nação. Artista é no teatro, no show musical, na novela. Na campanha política os
políticos por um tempinho serão também uma espécie de artistas declarando as
suas propostas.
A
paz se foi, mas isso se deve mais a empresários e à Rede Globo, o STF também
tem contas a acertar com o país. Não sei como poderemos resolver algo tão
grave.
"No
dia 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou e
proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos cujo texto, na íntegra,
pode ser lido a seguir...
(...)
Artigo
X
Todo
ser humano tem direito, em plena
igualdade, a uma justa e pública audiência
por parte de um tribunal independente e
imparcial, para decidir sobre seus direitos
e deveres ou do fundamento de qualquer
acusação criminal contra ele.
igualdade, a uma justa e pública audiência
por parte de um tribunal independente e
imparcial, para decidir sobre seus direitos
e deveres ou do fundamento de qualquer
acusação criminal contra ele.
Artigo
XI
1.
Todo ser humano acusado de um ato
delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha
sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham
sido asseguradas todas as garantias
necessárias à sua defesa.
delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha
sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham
sido asseguradas todas as garantias
necessárias à sua defesa.
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