Todos sabemos que o seu
Jorge Bergoglio, velho amigo deste Sala, hoje Papa Francisco, antes de ser Papa era
odiado pelo Vaticano - ainda é - pela sua opção pelos pobres da grande Buenos
Aires, da América e de todo o mundo.
Bem, depois que virou
Chicão, nessa formidável revolta do terceiro mundo, África chegando junto, um
dia voltou a Buenos Aires e foi lá na igrejinha mais humilde, na Villa 31, um
dos bairros mais miseráveis, rezar uma missa.
Saindo de um boteco que
tinha estourado duas quadras adiante, um boemio argentino foi cambaleando pela
rua com o violão às costas, chapéu na cabeça, paletó com poucos trocos dentro e
uma garrafa de marafa no bolso de fora, em direção à igrejinha, era caminho.
Ao passar viu aquela movimentação
toda, a igrejita superlotada de gente, e pensou: é nessa que eu vou, tem festa
aí, começaram cedo, esses viados, e nem me convidaram.
Foi passando pela multidão
lá fora, não cabia todo mundo lá dentro, e conseguiu chegar à porta da igreja,
o barraram e mentiu: sou convidado como artista, e passou.
Foi se apertando, levando
cotovelaços mas passando pelas gentes, queria chegar lá na frente. As pessoas
importunadas diziam: "Señor, el sombrero". Mas um passo e
"Señor, el sombrero...", era El Sombrero a cada passo que dava.
Lá no fim o Papa falava
palabras boas, conselhos de amor. Peguei o show no começo, pensou.
Alegrou-se. Conseguiu a pau
e corda chegar lá no "palco", que era o púlpito, subiu e olhou de
modo estranho para o Chicão, disse: "Viejo, como tu é parecido con nuestro
amado Papito", isso em espanhol, né, não em portunhol.
Ajeitou o chapéu na cabeça,
deu uma dedilhada forte no violão e exclamou para a hinchada:
- A pedido de todos me voy a
cantar El Sombrero!
O Papa sentou no chão e
sorriu para ouvir o artista.
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