Tem
dias em que a gente acorda ouvindo Vinícius e Toquinho e pensa que de nada
adiantou se afundar em livros de bibliotecas públicas, no meu caso com grande
dificuldade, nunca pensando em ganhar dinheiro, um treco que é o meu maior
defeito, o chamo de Síndrome de Jesus, ou Síndrome do Babaca. Em resumo, para
procurar seguir como propôs Jesus Cristo, o cara sabendo no que deu, tem que
ser mesmo muito babaca.
Em
vez de quebrar a cabeça desde os clássicos, iniciar na manipulação de massas
com a Teoria da Bala Mágica, Cultura de Massa, os pensadores contemporâneos,
Sontag, Arendt, Adorno, Chomsky e por aí vai, uma dificuldade a solas entender
o que diziam essas pessoas, logo com os pensadores da loucura, da economia,
tudo entrelaçado, na vã tentativa de entender o mundo, eu poderia ter sido
músico, ou cantor sertanejo universitário, ou professor, neste caso das
primeiras letras, nada de coisas complicadas, pois nestas logo arranjaria
confusão com os Gilmar Dantas e outros brutos proscritos.
Um
amigo, o filósofo mundano da república onde morávamos, que não dizia sertanejo
e sim sertanojo, sem ler livrões sabia mais do que eu. Sábado era certo que
vinha:
-
Vai ficar aí, lendo esses livrão, Carlos? Larga disso, vamos lá pro “Bar que
Chove” encontrar a turma, aquela morena do Jucão lá do inferninho da João
Pessoa ficou de levar umas amigas.
Olhava
a capa de algum livro e arrematava:
-
Deixe de ser bobo, povo é povo, o mesmo que aplaudia Jango hoje aplaude o
Médici!
Que professor nada, deveria ter sido assaltante como eles, mas de banco, arma na mão, não falando difícil e com mão de gato como eles fazem.
*
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