domingo, 16 de noviembre de 2014

Correr pelada/o em Porto Alegre

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Homem sofre. Às nove e cinquenta estava lá na porta com o Gatolino no ombro, ambos pelados, e minhas mulheres pararam em frente. Juanita de Las Cuarenta me olhou desaforada, dizendo no seu portunhol:

- Onde o señor piensa que vai así?


- Ora, falei ontem, vou no Correr pelado, a largada é aqui na Redenção às dez, já tou meio atrasado, vou chegar em cima da hora.


Frida Von Allerborn se adiantou, a alemoa anda falando acariocada depois que passamos um mês de festa em Niterói:


- Vai não, malandro.

- Como não, agora pensam que mandam em mim? Licencinha que quero passar.

Quando disse licencinha já não estava no meu dinheiro, ora bolas, estão pensando o quê.

Mariana de Rosário chaveou a porta e pegou a chave. Aí me fudeu do primeiro ao quinto. Essa é fera, é a que mais cuida de mim, a índia da Serra do Caverá, mas não é de frescura de faquinha na bota, essa é de adaga, não brigo com ela de jeito nenhum, e é alucinada na cama. Bem, boas de cama todas são, não pego qualquer uma, são minhas mulheres. Depois dessa da Mariana todas abriram a boca me criticando. 


Puta que me pariu, brigar com 23 é foda, não dá.

Ainda argumentei: - Por que não se pelam e vamos todos juntos?


Jacira de Uruguaiana tomou a dianteira: - Porque não tamos a fim! Já chega a gente passar a noite inteira peladas lá no puteiro.


Desisti, tá, tá, tá, antes que viesse reclamação por eu ganhar noventa por cento do que elas ganham lá. Só falei: "Podem marcar aí, um dia vocês vão me pagar, suas putas de merda". Fiquei mesmo abatido.


A haitiana Sybille me enfiou um copo de uísque na mão, dizendo com seu estranho sotaque: - Bebe aí e fica na tua, mon amour.

"Ai que vida, prisionero...". Coisa feita o bolero tocando no rádio.

Agora estou na salinha de música e dos computadores, vou à sacada e miro lá embaixo, penso em fugir delas pulando daqui do quinto andar, mas é meio arriscado. Vou me esgueirar lá nos quartos e pegar uns lençóis, amarrando alguns eu desço. Antes terei que arranjar uma distração, para que elas não me vejam afanando os lençóis. Já sei, vou abrir o gás por dez minutos no fogão grande e depois atirar um pau de fósforo, bum, correm todas lá para os fundos. Quando se tocarem já estarei lá na Redença.

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