martes, 29 de abril de 2014

Espantado com o Facebook

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Caros amigos do facebook, eu já nasci bêbado, e hoje me superei, que fogo. De tanto que bebi apunhalei meu coração. Por alguns instantes se instalou uma chama ruim, muito ruim. Com grande esforço a espantei, mas morto fiquei, mas aí já estava pensando naquela ingrata, o que faz a bebida.

Na joça do feicebuc até que foi bom, só falta o Markês Putemberg me ensinar a gozar. Foi bom mesmo.

Hoje que já é ontem foi uma bela segunda-feira. Entrei pouco aqui neste porra de feicebuc, mas quando entrei vi pouca apelação em política. Pulei as poucas, já falei, política, religião e futebol - temas distantes mas que se aproximam porque neles colocamos o coração e não a razão - não se discute com agressões, a seguir nesse passo da política daqui a pouco estaremos insultando as religiões uns dos outros.

Estava bom, gentes falando de filhos, de queridos animais de estimação, de poesia, até um conto li, de um camarada do outro lado do mundo. Um loco postou foto de artistas fêmeas, nuas, ui, fotos artísticas, claro, mas sinto tesão seja artista ou não, para além da admiração estética, que vem primeiro. Bem, acho que em primeiro, a depender do meu estado.

E li reclamos, verdadeiros libelos, emocionantes, sobre a situação do povo, dos bandidos vestidos de policiais, das mortes, gente do povo ganhando pouco a serviço dos animais que não economizam água em suas piscinas e jardins, vi pessoas de amor berrando, uivando, por Justiça. Ora, Justiça. Cresci mais um pouco, mesmo revendo coisas que já sabia. Uivei daqui, de ódio impotente contra os mesmos que mandam no mundo. A avenida Paulista estremeceu, os banqueiros correram? Nada, riram de mim, na melhor das hipóteses. Urrei para que irmãos e irmãs humanistas soubessem que não estão sozinhos, e que ando pensando. Deixa estar.

O que faltou lá em cima no primeiro parágrafo, onde se falou de política e religião? O futebol, falemos dele, na boa: lá no gramado não tem choro, se agredir é expulso. Antes a gente batia no adversário enquanto a bola estivesse longe, o juiz não via, e bandeirinha olha o mesmo que o juiz, de outro ângulo. Eu era zagueiro de time amador, e com os "malvados" das cidades vizinhas eu me virava, não era nada fácil, uns grandalhões, alemão de 25 ou 30 anos e eu com 15 ou 16. 

Com a bola longe eu dava tostão por trás no avante deles, naquele músculo fatal, com toda a força, toma, filho da puta! Só viam quando o cara estava caído e eu de mãos para o alto, ele está se fazendo, seu juiz, eu não fui! Depois os demais atacantes pensavam duas vezes quando era eu que estava grudado neles, disparavam, iam buscar bola no meio do campo, eu sabia que tentariam vir, deixa estar. Foram eles que começaram.

De perto eu pulava junto para cabecear, tinha um impulso razoável, para não dizer bom, modéstia à parte, mas antes agarrava os ovos do cara (o velho técnico argentino, o seu Paê, que me ensinou, em particular para não pensarem mal dele, mas insistiu que era para usar só em último caso), esmagando, ele ficava plantado e eu subia com força, aí voava mais alto para cabecear a bola, sem largar os ovos do boca ruim, certa vez me dei ao luxo de matar no peito a bola, e dar um balãozinho no cara enquanto ele caía com as mãos entre as pernas, não tinha juiz que visse, isso para me vingar porque ele tinha dito que comeu minhas irmãs, e na hora de fechar o tempo havia quem apartasse, daqui a pouco já passou, esquecemos, apito final e trocamos camisa e um abraço. Os caras dos ovos me recusaram o abraço, mas soube que nunca mais falaram da largura do sexo da mãe de ninguém, larga e aguada com aquele ríspido tom de voz.

Agora nem isso se pode fazer, tem que tolerar o cara passar o jogo inteiro comendo a mãe e as irmãs da gente, pois tem tevê que flagra tudo, não dá pra dar nem um cotovelaçozinho na boca.

Futebol nos separa por noventa minutos, saí ferido, um dia mão, outro um pé fraturado, dente quebrado, lábios sangrando. Cura. Agora, isso de política nos separa para sempre, e todo mundo vê, não apenas o juiz. Vêem as nossas raivas, que não são por noventa minutos, a torcida e o mundo vêem a nossa cegueira para as razões do outro, nosso concidadão, cegueira vindo de más escolhas quando se trata de tolerância, quando não da nossa criação da qual não conseguimos ainda nos libertar.

Então paremos de chorar, choro transmutado em agressão, vamos no voto, em silêncio. Se eu fosse reclamar mataria o Lula, que eu pari. Se ao menos ele fechasse aquela matraca, aquela obsessão em dizer besteira, não deve ter lido nem a fábula do menino e do lobo. Talvez vote nele ainda, é problema meu. Aguentando a pegada nos ovos, se o outro levou vantagem de alguma forma. Teremos outros circos, outros jogos.

A intolerância com o outro. Nós sabemos tudo. Lemos Nietszche, Bakunin, Hitler e mais uma porrada de caras. Somos iluminados. Uns com foice e martelo, outros com a suástica, nego tem que morrer. E todos os bens nascidos, vai ver se o pai ou avô ou bisavô... desprezamos pobres, só atrapalham. Claro, nem todos, entre meus amigos do feicebuc nenhum. Bem, sei lá, não interessa tanto agora.

Na política não temos inimigos, nem por falsos e fugazes noventa minutos para desopilar: temos nós contra nós mesmos, mágoa duradoura. Levados por alguns "políticos" que aprenderam a falar em público, a gente é tímido como todo homem que não nasceu em berço de ouro, oh santo talento, mas que não passam de uns vermes, que dizem besteira enquanto ficam ricos. 

Mas nem todos. 

Pensemos em selecioná-los melhor. Os melhores, por honestos, mentes abertas, sem preconceitos, de nós. Aquele é bom, desde menino, me representa. No distrital. E cuidemos do que ele faz, de como muda, ou não, o seu patrimônio terreno. E os que tivemos escola, se humanistas, ajudemos o povo a escolher, falando de bem dos homens e mulheres que achamos que merecem, exaltando as suas qualidades, Jamais falando dos defeitos dos que detestamos. Se são defeituosos, cairão sozinhos. Isto se defeituosos demais, pois defeitos todos temos, atire a primeira pedra. 

Esqueçamos, não existem. Inimigos criamos, ou os merdas que querem dominar inventam inimigos para a gente, qualquer camisa que se vista. Pensemos no valor de quem admiramos, informemo-nos, nasceu onde, berço como o de Jesus, faz-me rir, ou ao menos o que fez da vida, como vive. Melhor o voto misto, mas o distrital é necessário, a gente que mora na aldeia conhece os bugres.

Eu estou aqui, o amigo está lá em Palmeira, outro amigo em Cuiabá, outro em São Paulo, outro em Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Londrina (terra do André Ladro, onde a juventude ama mesmo é lotar o McGraxas, como nos outros citados), e mais, todos. Somos bons, pensamos, mas ninguém vota na gente. Por quê? Porque não nos candidatamos, porque somos otários, porque aturamos canalhas, porque de nojo deixamos o espaço livre para eles?

Por covardes. Criei-me vendo isto.

Claro, covardes por bobos e tímidos, conosco eles não se metem, não são loucos, morrem, mas tomam tudo da gente depois que a massa ignara, e a temos em imensa maioria, os elegerem. Pensam que Demóstenes ou André foi um? E quem os elegeu, senão os eternos ladrões, famiglias de ladrões que andam com pose de honesto, e a imprensa ladra e a massa ignara levada? Fui eu, foi tu? Claro que não, foram eles, mas sempre dependentes da massa ignara. Esta, a massa, que aplaudia Médici como aplaudiu o Lula. Essa ralé desgraçada que anula teu voto, um bicho desses anula. Essa até o Caronte, o porteiro do inferno leva no lero. Pois é, é a esses que devemos dar escola, porque são nossos iguais, mas sem acesso ao conhecimento.

Nenhum de nós conseguirá arrumar o mundo, nem com duzentos mil "seguidores" sérios no feicebuc ou sei lá, milhões, tem gente que gosta de ser escravo. Isso é coisa para artistinhas da globo, por trás alguns por dinheiro, e não posso jurar que tenha alguém sério lá, artistas e seguidores.

E aqui não se prega moral, porque seria pregar moral nu ou de cueca, pois além de incorrigível mulherengo fui covarde a vida toda: deveria ter sido pastor (pelo amor de deus, nada a a ver com esses pastores que andam aí, comerciantes que Jesus, pra falar da Católica, encheu de porrada) ter pego em armas e tê-los atirado, a esse monte de lixo que governa o sistema capitalista e socialista, gente que se sente feliz por ser chefe, ah, eu sou o cara. 

Coitados. Coitados todos nós. Uma pena, no fundo por dinheiro, mais no fundo pela comida, prazeres, normal. Mais no fundo pelo abuso de predadores sinistros. A comida dá para todos, seus burros.

Ou deveria vestir andrajos e sair por aí falando coisas incompreensíveis para a maioria.

Dia bom. Peguei do meu mano Ivoran Piazzetta aquela do "Você está bêbado?", minúscula em desenho e palavras, mas sensacional. E outras, pobre da sogra também. O feicebuc é um grande canal de comunicação entre amigos, distantes que estamos não importa a razão, muitas vezes pela distância mesmo.

Tomara tenhamos muitos dias assim.
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