sábado, 9 de febrero de 2013

Virando a casaca no Carnaval da reconciliação, n'A Charge do Dias

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A estas horas os boêmios estão ainda brincando no carnaval de rua da Rua da República. O povo da palafita também andou por lá com a criançada, os trombones de vara e os pistões são ouvidos a quilômetros de distância, uma beleza, crianças, adultos, sem guardas e orientadores para encher o saco, a festa é do povo. Destacam-se na folia Gustavo Moscão e Jussara do Moscão, que se reconciliaram, pulando abraçados, ambos com latinhas de cerveja na mão.

A reconciliação deu-se pela manhã. Jussara estava sumida desde que jogou na rua os cacos do Gustavo, na segunda-feira passada, e hoje visitou o botequim. Gustavo está encostado na casa do Clóvis Baixo desde então. Chegou ao bar perto do meio-dia, de noite atravessada, não conseguiu dormir e ficou bebendo. Entrou e de cara a viu, não quis nem saber, abriu os braços e com lágrimas nos olhos se pôs a cantar: "Andorinha, que sozinha faz verão...", e depois jogou-se de joelhos em sua frente: 

- Me perdoa, meu amor, me perdoa, faço qualquer coisa, mas me deixe voltar pra casa, eu te amo, não aguento ficar longe de ti e do menino!

- Olha, seu traidor, eu andei pensando. É bobagem mesmo esta briga, você se encostou naquelas putas por bebedeira, precisa é dar uma maneirada no trago. Vai voltar pra casa, sim, mas vai sofrer uma penalidade...

- Qualquer coisa, Ju, eu faço qualquer coisa! Só não me peça pra cortar fora aquilo.

A turma também pensou em corte, algo como tirar o dedo mindinho, mas foi muito pior.

- Não sou louca de te cortar o tico, eu sairia perdendo. Não, nada de cortar nada. Tu vai é virar a casaca: em vez de Inter, passa a ser torcedor do Grêmio.

- Não, Ju, tudo menos isso! Diz outra outra coisa, meu amor, eu corto uma orelha, não serve?

- Não, senhor, é isso mesmo, é pegar ou largar. Se acha demais, na semana que vem encaminhamos os papéis do divórcio. E chega de papo, vai sentar noutra mesa.

Os boêmios ficaram aos cochichos, assombrados, alguns indignados, com "isso não se faz", "maldade pura", "isso é crime", "a mulher pirou, é a mágoa", "o que essa piranha tá pensando", "eu me divorciava"...

Lá se foi o Gustavo comprar uma camisa do Grêmio, na saída piscou para o Aristarco. Estreou a tricolor à tarde na festa da Rua da República. De vingança, ele colou um pequeno cartaz no peito, escrito: "Virei viadinho". Como viemos de longe, como dizia o seu Brizola, achamos que o assunto ainda terá desdobramentos, pois a Ju exigiu simplesmente a pior coisa que pode acontecer a um homem, no entender da confraria, que é ser torcedor do Grêmio. São é uns fanáticos.

Lúcio Peregrino segue ignorando a seção de que é encarregado, as "Notícias do Notibuc". Diz: "O notibuc tá aqui, ligadão, quem quiser que olhe". A sua alemoa de Ijuí chegou na sexta-feira à noite, agora só quer saber de cervejinhas e beijinhos. Wilson Schu concorda, mais ou menos:

- Faz sentido, pois é de se supor que durante o carnaval os políticos parem de roubar um pouco. Pensando bem, sei não... 

Leilinha Ferro lá do caixa reclama que a sua verde-rosa de Porto Alegre, a Praiana, novamente se deu mal no desfile, pelo que o povo da palafita, todos torcedores da Praiana, também lamenta. Já estamos há séculos nessa de que o importante é botar o povo a cantar, isso de ganhar a qualquer preço não é com a gente.

E partem para as charges do dia. Os boêmios ficaram com:

Fausto, do Olho Vivo (Guarulhos, SP). Defendeu a escolha o filósofo Aristarco, com singelas palavras: - Esses palhaços deveriam ser intolerantes é com a roubalheira dos políticos, mas ficam incomodando os cidadãos para desviar a atenção, fingindo que são zelosos.




E com o Newton Silva, de Fortaleza (CE). Aqui todos tiveram uma palavra de apoio. O Contralouco, do fundo da sua já célebre sinceridade, lascou: - Ninguém aguenta mais essa corvada filha da puta, tudo um-seti-um, o Moscão já surrou uns vinte que passaram aqui na frente do bar, mas não aprendem, neste ano vou dar uma mãozinha pra ele.

Por falar nisso, Mr. Hyde foi à Rua da República fantasiado de pastor da Universal. A exemplo do Gustavo, também levou uma placa, só que às costas, com um enorme 171 em branco sobre as vestes pretas.




Leilinha Ferro ganhou aplausos da turma, com o Erasmo, do Jornal de Piracicaba (Piracicaba, SP).



 A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro. 

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