martes, 18 de diciembre de 2012

O Prefeito de Porto Alegre, a CPI e a bondade do banqueiro, n'A Charge do Dias

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João da Noite reapareceu, depois de meses sumido. Sumiço que supõe-se por causa da deusa esquecida (AQUI). Entrou no botequim cantando: "Mas tudo passa, tudo passará... E nada fica, nada ficará", com um largo sorriso. Os boêmios correram a abraçá-lo.

A turma, até ali, conversava na base de água mineral, recuperando-se do foguetaço que começou sábado, quando aderiram ao bando de loucos do Corinthians, e acabou domingo à noite. Agora falam do fiasco uns dos outros.

Depois das manifestações de praxe, que se diz quando se reencontra um velho amigo, no caso ninguém menos que o futuro prefeito de Porto Alegre, mas sem perguntas a respeito da bugra loira - perceberam que o sorriso do João era um pouco forçado -, chegou a vez de se arriarem no Clóvis Baixo.

Ao anoitecer de domingo Clóvis pegou no sono sentado em mesa da calçada. Quando quiseram levá-lo para dentro do bar, para descansar em cama improvisada com cadeiras, ele resmungou: "Virgínia, que droga, não desliga a tevê, tou vendo".

Depois as histórias do Contralouco - hoje ainda ausente -, uma parte narrada aqui no sábado, quando saiu com a sua estrela da manhã. Reapareceu no domingo, de pé no chão e trajando o short apertadinho, branco e preto, da sua nova amada, ainda sem camisa e de gravata azul quase preta.
João da Noite pediu uma cerveja ao Terguino, e a turma resolveu largar da água mineral, seguiu-se uma fila de "uma pra mim também".

Carlinhos Adeva, o diretor jurídico do Partido dos Boêmios (em constituição) surge na porta e corre abraçar ao João da Noite. João se levanta no momento em que Carlinhos voa, segurando seu pescoço e caindo de lado no seu colo, berrando impropérios de boas vindas. Depois diz que vai fechar o escritório de advocacia até fins de janeiro, devido ao recesso dos de toga.

Mr. Hyde chegou em seguida, e depois de outra barulhenta festa ao João, diz que é por sua conta todas as cervejas que o João conseguir beber entre hoje e amanhã à meia-noite. O sacana do Terguino sai de lá do balcão e vem para as mesas reunidas no centro do bar, pára e faz as contas: "Aqui o João tem crédito enquanto eu não quebrar, mas já que falou, deixa ver, dois dias..., se o João ainda é o nosso João, hummm... 100 cervejas, à 7 paus - tou dando desconto pela alegria de vê-lo -, 700 reais".

Mr. Hyde não se dá por achado: "Quando falei pensei em mil reais, então pode somar a comida também".

João da Noite reclama: "Hyde, tua bondade não é menor que a tua percepção: de fato, estou duro. Meu único bem neste final de ano é o punhal de osso que ela me deu. Mas tudo passa...".

Todos oferecem a casa para ficar, e dinheiro para recomeçar a vida. João diz: "Gratíssimo, mas não carece, irmãos, já estou hospedado na palafita do Sala". 

E assim começou a última terça-feira que antecede o Natal.
O ator e teatrólogo Nicolau pensou ter visto uma pontinha de amargura na voz do João, então muda o rumo das conversas, pedindo ao Lúcio Peregrino as notícias do notibuc.

Lúcio, como sempre, pede que não haja interrupções. "Apenas ouçam, mais tarde discutem, querendo":

- O Relatório da CPI do Cachoeira, elaborado pelo bundão Odair José, do  PT, é recusado pelos componentes da Comissão Parlamentar de Inquérito. Como consolação, o destaque do demo arenístico Ônix, aprovado pela maioria, mandará os dados da CPI para o Ministério Público. Se o Ministério Público for a fundo, põe uns cinco mil na cadeia, Delta, deputados, funcionários públicos, governadores, ministros, ex-presid..., ah, desculpe, pessoal, não sei porque comecei isto, se nem eu aguento mais esta nojeiras. Blogs sustentados pelo PT e PMDB festejam. Enfim, está dada a notícia: não vai dar em nada, como se sabe desde o começo. Filhos da puta.

E Lúcio derrama lágrimas, pede licença e vai ao banheiro.

Gostei do "Odair José", diz Mr. Hyde, com a sua gargalhada de monstro.

Lúcio volta, numa boa. Retoma:

- Finalmente o ministro da Justiça, o namorido Cardozão do PT, dá uma dentro, parabéns, disse que: "As decisões do Supremo Tribunal Federal, desde que transitadas em julgado, diz a Constituição, valem como lei e têm que ser cumpridas, independente das avaliações que as pessoas possam subjetivamente fazer sobre elas". Com essa o otário do Marco Maia vai ter que enfrentar a invasão da Câmara dos Deputados, pelo povo, sozinho.

"Bom lance do Cardozo, vê-se que é um rapaz consciente", diz Jussara do Moscão.

- Rainha da Inglaterra declara que não toca siririca há quarenta anos. Deve ser mentira do tablóide.

"Tem coisas que nunca vou entender. O que interessa a alguém a siririca ou punheta alheia. Bem, já mataram a princesa Diana assim, que mundo...", diz Jezebel.

(Acho bom que seja de um tablóide, amigo Lúcio, caso contrário vai lendo a próxima notícia: Salito preso por difamar chefe de estado estrangeiro)

- No recesso do judiciário, Joaquinzão, em decisão monocrática, vai fincar os mensaleiros na cadeia. Monocrática que dizer solito, amigo Gustavo Moscão.

- O gagá Berlusconi, de 76 anos, diz que a noivinha de 28 é só para constar, vez que é doido por luxúria, ele só assiste, com coceira noutro lugar. Lucinho das putiangas, este que vos fala, recusa o milionário convite para comer a referida, não gosta de velho tarado olhando.

- O povo quer saber a quantas anda o julgamento do mensalão do PSDB, ainda está em 1ª Instância? Implora-se que algum jornal conte em detalhes, com manchetes na merda do Jornal Nacional.

- No Brasil, que possui um terço das armas do povo americano, mata-se o triplo a tiros. Nove vezes mais (esta continha quem fez foi Lucinho das Putiangas, de cabeça, neste exato momento, os jornalecos do Brasil desconhecem matemática do fundamental). Para cada 100 que matam lá, matamos 900 aqui. A diferença é que os pés-grandes gostam de atirar em criancinhas, enlouquecem, tão bom é o sistema que seus filmes querem nos impingir. Enquanto que aqui é a ignorância, polícia atira em pobre, remediado atira em pobre, rico atira em pobre, pobre atira em pobre, ainda não aprendemos a atirar em políticos. A besteira foi proibir homens de bem de ter arma, enquanto as fábricas mandam as armas para o exterior, aqui pertinho, e entram frias por menos, para os bandidos. Fora as suecas e israelenses, russas... 

"Deu, Lúcio, chega de notícias", diz a mestra Jezebel do Cpers.

"Pombas, agora que vem as do futebol", diz Lúcio. "Só uminha então".

- Emerson Sheik, na festança do Corinthians, do alto do carro de som, manda um abobado do Santos, que vinha há dias provocando, chupar aquilo.

"Puxa, como pode um atleta profissional que canta o hino nacional torcer contra os companheiros do Brasil, colegas de trabalho, esquecendo a pátria", estranha Jussara.

"A ignorância, a triste escuridão, explica", responde Aristarco. "Esse pessoal é conhecido não exatamente pelo cérebro ou amor à pátria".

Antes das charges do dia, Clóvis Baixo resolve contar a piada do banqueiro. Mal começou e Carlinhos Adeva já disse, como sempre: "Putz, piada velha".


"Certa tarde, um famoso banqueiro ia para a sua mansão de piscinas e quadras de tênis, sozinho em sua limusine (naquele dia os quatro helicópteros deram defeito), tomando uísque 24 anos, no meio dos doze carros, seis à frente e seis atrás, com seguranças armados - armas estrangeiras - até os dentes, quando viu dois homens à beira da estrada, ajoelhados, comendo grama.
A proximidade do Natal tocou seu coração. Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo (depois dos 48 seguranças), aproximou-se e perguntou, mostrando sua rara inteligência de Pedro Bó:
- Porque vocês estão comendo grama, irmãos brasileiros?
- Não temos dinheiro para comida - disse o pobre homem que aparentava ser o mais velho. - Por isso temos que comer grama.
- Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore, os restos que pegamos no lixo era pouco, demos a eles, não dava para todos, por isso estamos grameando.
- Que eles venham também - disse o banqueiro mansamente. E, voltando- se para o outro homem, disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem sem dentes, com a voz sumida respondeu:
- Mas, bondoso senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo.
- Pois que venham também. - respondeu o banqueiro. - Mas deixem panos e tudo, meu carro está limpo. E entraram todos no enorme e luxuoso veículo.
Uma vez a caminho, o mais velho olhou timidamente para o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom... Obrigado por nos levar a todos.
O banqueiro respondeu:
- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por ajudar. Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A grama está com mais de 20 centímetros de altura.

Protestos das mulheres. Clóvis sai de fininho falar com alguém lá na frente do bar.

Leila Ferro pede as obras do dia. João da Noite ganha o direito de escolher uma a solas. E escolhe:

Fica com o Aroeira (Rio de Janeiro, RJ).


E os empinantes partem para as eleições das quatro, novamente quatro pela falta de ontem. Apurada a urna (4 rodadas), ficaram com:

William.



Sponholz (Jornal da Manhã, Ponta Grossa, PR).

Amorim, do Correio do Povo (Porto Alegre, RS). Olhaí os banqueiros...


E com o... Sponholz, do Correio do Manhã (Ponta Grossa, PR). Só dá Sponholz.

Leilinha Ferro, que tem direito a uma escolha a solas, devido ao cargo de coordenadora da coluna, também veio em dose dupla.

Com o Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG).


E com o Pater, de A Tribuna (Vitória, ES).



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
   

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