lunes, 19 de noviembre de 2012

Futebol dos ricos n'A Charge do Dias

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Os boêmios decidiram começar a semana numa boa, sem esquentar a cabeça. Bem, eles ao menos, tirando as brincadeiras em dia de jogo, não esquentam a cuca com futebol.

De há muito sabem das maracutaias desse esporte, que - como disse Nicolau - como tudo se transformou num grande engodo para enrabar os pobres, eles lá com suas políticas neoliberais, ora 500 mil por mês para um pedaço de carne sem cérebro...

Qualquer coisa que eles façam - disse Jussara do Moscão também de dia ruim - é para tomar do povo, como iriam viver esses vampiros se não fosse isso?

Pesou.

Em seguida chegou o Contralouco, pelas seis e meia da tarde, mal pediu uma losninha e foi dizendo que o dia foi péssimo, acordou às seis da manhã, sentou na cama, louco de vontade de matar um pastor eletrônico. Com as mãos, salientou, estrangular o desgraçado. Tomei um banho gelado mas não adiantou, disse. 

O concessionário da tevê bota outro - troçou Tigran Gdanski.

Aí que tá - esclareceu o Contralouco - no banho me toquei, depois do corvo eu ia pegar o dono da televisão.

Jezebel se meteu, falando na falta de verba para construir postos de saúde, melhorar as escolas, os presídios, mas a turma não queria, hoje, discutir esses assuntos.

Amigos - falou Aristarco - antes de chegarmos nos políticos e no povinho, quem sabe cumprimos o combinado: só futebol, não política de futebol, o espetáculo da massa ignara, dinheiro desviado. Fazer de conta que é futebol, pombas, vamos ou não? Se alguém falar dos donos da CBF, os ladrões criminosos, do consentimento da Dilma, eu vou embora.

Silêncio. Jucão da Maresia murmurou um não adianta mesmo.
 
Marquito Açafrão contou que o novo Maracanã será lindo. Terá espaço VIP, com mais luxo que os aeroportos. Espaço ilimitado, ar-condicionado, bares finos, cabaré e sei lá o que mais. O povo se apertando do outro lado. Esclareceu que por povo entenda-se a classe média de cinco mil para cima, porque o povão mesmo não vai passar nem perto dessas catedrais. O cara ganhando seiscentos contos por mês, vai pagar oitenta o ingresso? Fala sério. Riu.
 
De modo que os boêmios, mesmo que alguns possuam recursos de sobra, jamais entrarão nos novos estádios. Porém amam futebol, melhor seria bons campeonatos de várzea, onde a turma joga por amor, na raça, mas estes, se ainda existem, são disputados lá nos cafundós, sem nenhuma divulgação. Isto quem disse foi Walter Schirú (o xiru antigo, alemão, insiste no acento agudo ao seu antigo Schmidt), o mais velho da confraria, que tem aparecido raramente.
 
Amam futebol, e como, e a camisa dos seus times - a meninice nunca nos foge - apesar das malditas propagandas estuprando as camisetas que adoraram. O Janjão diz jamais ter visto coisa mais horrível que aquele BMG cor-de-laranja, gigantesco, manchando a camisa de alguns clubes, viram o Santos, brancura, virar aquela bosta ridícula? O que faz o dinheiro: Banco da Merda Grande, arremata.

Aristarco ameaça se levantar para ir embora. Silêncio de novo. Ele olha para os amigos de jeito incerto e senta novamente, até o pé de oliveira do Beco do Oitavo entendeu que mais uma e ele sai sem volta hoje.
 
Enfim, para encurtar o relato, importa é que se decidiram a começar bem a semana, só de tirar o Maluf - sócio do Lula e do PT, os seus inimigos fascistas, a Veja, os políticos em geral, do pensamento, já é um senhor refresco. Disto os empinantes não trataram, nós aqui é que, embaralhados com a vida, nos metemos a traduzir os pensamentos dos outros, afinal quem mora na aldeia conhece os bugres, ou deveria.
 
Leilinha Ferro se compadeceu dos coroas (para ela, pelo menos, 30 já é coroa) e admitiu três obras dos artistas do traço e do pensamento.

Amorim, em seu sítio.

 
 

Mário, no Tribuna de Minas (Belô, MG).

 


Cazo, do Comércio do Jahu (Jaú, SP). Desnecessário dizer que todos lamentaram a queda do grande Palmeiras de tantas glórias (o pai do Lúcio Peregrino conheceu pessoalmente Tupãzinho e Ademir da Guia), tanto que passaram a discutir as regras. Na Argentina é diferente, apenas um mau campeonato, uma fase ruim, não derruba, também levam em conta os anos anteriores, disse Lorildo de Guajuviras.




Leilinha Ferro, que é colorada mas está nem aí, solidarizou-se com os boêmios, mas de lado, e ficou com o grande cearense Newton Silva (em seu blog).



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)

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