martes, 16 de octubre de 2012

Publicitários e talibãs, n'A Charge do Dias

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... acho que ganharam o troféu por antecipação.

Assim falava Nicolau Gaiola, o ator e teatrólogo, quando entrei no Botequim. Nicolau anda agitado, quando pensa que vai estrear a sua famosa peça Sarney Nu, surge um novo empecilho, até parece que os deuses conspiram, como deu de desabafar tristonho, quase resignado. Clóvis Baixo diz que sabe quem são os deuses. 

Depois dos cumprimentos, sentei-me com os camaradas e me inteirei do assunto. Referia-se, o único artista, depois do Lobão, que ousa desafiar o poder, ao grupo Talibã e ao troféu Tiro no Pé.  É o seguinte: ao final do ano os boêmios elegem os fatos marcantes, como já se falou aqui, distribuindo prêmios, como o fazem os jornais e revistas conservadores, y ladrones, pués si. Uma espécie de Framboesa de Ouro, só que muito mais cortante, áspero. Aí temos Guampa de Aço, em contraposição ao Homem do Aço deles, e mais Gato Gordo (em 2011 vencido por Antonio Palocci, deste eu lembro sem consultar os alfarrábios), Cu na Estaca, Chupa Pus (Palocci não venceu mas entrou em segundo)  e etecetera e tal, são doze. Conforme argumentou o aturdido beberante: se o Talibã tinha lá alguma razão em algo, a perdeu irremediavelmente, ora atirar numa menina... O que menos importa é se é paquistanesa ou se defende o direito à educação. É uma criança, pombas, isso ninguém tolera, nem aqui, nem em lugar algum do mundo, menos ainda em outros grupos armados, em penitenciárias de alta segurança, em lugar algum!, se exalta.

Assim, eu soube  que os talibãs já ganharam o troféu Tiro no Pé, e concorrem a outro que não guardei.

Como não concordar com isso?

Se eu pego um cara desses, diz o Contralouco. Pela cara dos amigos, o Contra dizia isso pela décima vez.

O único a se manter cético foi Mr. Hyde, o médico da turma. Ar desconfiado, externou docemente os sentimentos com a sua voz de trovão: Não sei, não, Nico. Sempre pode ficar pior, até o fim do ano tudo pode acontecer, não duvido de mais nada, de repente numa linda noite de sábado uma bomba atômica da Judéia (como chama Israel) me mata quinhentas mil crianças persas...

Como não concordar com isso?

Se eu pego um judeu desses, diz o Contralouco.

Mr. Hyde é meio judeu, mas no bar ninguém liga para isso.

Vamos aguardar até o fim do ano, encerrou Aristarco de Serraria, o filósofo.

Entram Jezebel, Moscão e Jussara. Abraços e tal.

Lúcio Peregrino repassa as notícias pelo notibuc. Peço uma cerveja ao Terguino. Eu queria dar um abraço no Portuga, mas me dizem que hoje é a sua folga.

Lúcio:

- União Geral dos Trabalhadores (UGT) lança hoje uma campanha nacional pela redução das taxas de juros dos cartões de créditos, denunciando o assalto praticado com juros de 240%  ao ano.

Pode pular essa, agora é que os tetéios descobriram, há mil anos é assim. E cartão de crédito quem tem é a mãe desses  pelegos, eu não tenho, diz Lorildo do Guajuviras, que agora trabalha no cais.

Os demais concordam. Jezebel: é muita coragem... e o quilo de arroz ou guisado? Os trabalhadores dessa União devem ser os diferenciados das estatais.

Se eu pego um cara desses, diz o Contralouco.

- A internet e as redes sociais têm democratizado o processo de notícias como nunca antes e vão liderar a mídia do futuro. A opinião é de Milton Coleman, editor sênior do jornal “The Washington Post” e presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que desde o dia 12 e até o dia 17 realiza em São Paulo a sua 68ª Assembleia Geral.

Peço a palavra, diz Alex Sociológico, um dos rapazes da faculdade: já sei, estão todos lá, Globo, RBS, Abril, Estadão, Folha, FHC, Alan Garcia, a nata dos reacionários  da América. Vou definir o que disse o americano quando falou a palavra futuro, se depender deles, em cinco letras: NUNCA.

Todos exclamam Pula, pula, pula!

Se eu pego um cara desses, diz o Contralouco.

- Leilão da virgindade da catarinense Catarina Migliorini, 20 anos, é adiado até o dia 24. Ela está filmando na Indonésia. Um norte-americano já ofereceu 520 mil reais.

O americano vai tirar o cabaço do ouvido, se muito, diz o Contralouco.

Pula, pula, pula!

- Na Ilha do Corvo, nos Açores, um monárquico é eleito deputado com 86 votos...

Se eu pego um cara desses, diz o Clóvis Baixo.

O Contralouco se surpreende e o olha vivamente. O Clóvis ri: me antecipei no lance, mano!. O Contra é obrigado a rir também. Abraçam-se.

Lúcio começa a explicar que a Ilha do Corvo tem só 430 habitantes, quando Leilinha Ferro interrompe: depois vocês continuam, não é porque o blogueiro está aqui é que vamos mudar os procedimentos, já passa da hora, preciso das charges do dia para enviar ao blog.

Ordens são ordens. Mal sonhava, este modesto blogador, que depois falariam do Duda Mendonça por duas horas, com nojo e insultos mis a ele e aos que o contratam, referências que se estenderam a todos os ditos "publicitários", uma corja sem  fígado, safados, ladrões de dinheiros, de ilusões, maus brasileiros... esgotaram o dicionário em aleivosias. Prudentemente aqui narramos até as charges, pois se o espanto é grande, o espaço é curto e o estômago é fraco.

Ficaram (ficamos, votei também, ainda que voto vencido) com o mestre Aroeira, de O Dia (Rio de Janeiro, RJ).




E com o Sinfrônio, do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE).





Leilinha se diverte muito com seu pai, o Terguino. Pela manhã ele havia comentado que tinha jogo da seleção caça-níquel, mas que não assistiria nem se o pagassem.  Aí ela topou com  a obra do Amorim. Vai pra ti, ó Terguino.




E eu fui contemplado com uma escolha a solas. Uma honra, grato, irmãos. Fiquei com o Nani. É como dizia meu mano Pato Bolé: se falta no meu - e falta, que sou sério e trabalhador, no bolso de algum bandido estará.






(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)






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