domingo, 28 de octubre de 2012

A duras penas, para Mauro Santayana

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Com respeito.

O pensador Mauro Santayana, que tanto admiramos, já soltamos muito foguete em seu louvor aqui neste blog, e seguiremos soltando, um gaúcho-mineiro, cidadão do mundo, que orgulha aos homens de bem do Brasil, outro dia terminou um texto com o seguinte párrafo:

"Depois de penas tão duras contra os réus da Ação 470, será um ato estapafúrdio se a Justiça não reabrir o caso da Operação Satiagraha, que o STJ, em decisão escandalosa, decidiu trancar. Afinal, Marcos Valério é apenas um menino de recados, diante de quem obteve seguidos  e estranhos habeas corpus, do próprio STF,  e sempre foi amigo e comensal das mais altas autoridades da República, em tempos recentes — o banqueiro Daniel Dantas".

O parágrafo é perfeito, irretocável. A não ser pelo "duras", seu Mauro. Eu (e com este eu, misturo primeira pessoa com a terceira do início) entendi, duras quando a gente escreve com criminosos maiores rondando o cérebro. Na comparação.

Porque dura a pena não é. Só um teve a medida da pena até agora, salvo se o senhor acha que não deveriam ser condenados, pois ao menino de recados era óbvio que seria em torno de 35 a 45 anos. É a Lei: muitos crimes, muitas penalizações, creio que foi o ministro Fux quem advertiu, como quem diz não vem que não tem, a Lei não fomos nós que fizemos, mas somos obrigados a cumpri-la, e vamos.

Coloco o meu corpo para defender as leis, Ministro. Essas desgraçadas leis, que foram feitas para ladrãozinhos, nunca para os "donos" das terras, para banqueiros, nunca para assaltantes grandes. Agora não admito que mudem así no más. 

Veja o cálculo do tempo de prisão a cumprir, um homem da sua cultura sabe, e veja no que vai dar. Temos a comutação automática, com base no limite dos 30 anos. 30 é o máximo. Depois, os recursos... Se se chegar a algum lugar, o que duvido, teremos as ridículas progressões, regressões de pena. Sei o que diz a Lei sobre as regressões, mas é inconstitucional, e agora isso se provará num átimo. Vai valer sobre os 30.

O José Dirceu deverá pegar entre 90 e 103 anos. Posso me enganar, mas calculei levando em conta o Código Penal, uma média dos ministros, média alta, dada a gravidade, é o chefe da quadrilha, e considerando a mínima. Posso me enganar, perdi uma aula. O diabo é que tanto faz 50, 80, 91 ou 170.

Não vão ficar um mês, quiçá nem uma semana, na cadeia.

Tem o limite dos velhos, segundo a lei antiga, onde com 70 anos um homem é velho. Daqui a 4 anos o Sr. José Dirceu estará em casa, como o Lalau, na beira da piscina, comendo do bom e do melhor, cineastas amigos, escritores, políticos, todos acendendo charutos com notas de cem dólares. Isto se não possuir quadra de tênis e uma selva nos fundos da propriedade, uma cachoeira talvez, consultoria em sei-lá-o-quê enriquece, pués si, e insuflando pessoas, os fanáticos, ou fãs, todos os dias indo lhe aplaudir, esses lá na rua, para não sujarem o tapete persa de 100 mil. O rei sai à janela e acena.

O senhor acha que os advogados desse criminoso, por mais incompetentes que sejam, e o são, não empurrarão os recursos à condenação por meros 4 anos?

Quanto à aparente dureza da pena aos engravatados, o senhor deveria ter visto como se comportavam esses cidadãos, roncando grosso com Deus e todo mundo, nadando em dinheiro, covarde é assim, o dinheiro os encoraja, podem tudo, para isso serve a polícia, tal como concebida em nosso País, para proteger bandidos.

Menino de recados... um larápio sujo, arrogante, embora de terceiro escalão. Agora não mais, agora docinho.

Claro, na comparação com os grandes banqueiros, é mesmo um nada. Esse Marcos Valério e mais um bando de facínoras, um sem-número, - a maioria sumiu quando o desenho entortou - , quando uma carta do castelo soçobrou, são nada. Muitos sequer foram processados, alguns seguem dando lições de ética pelos seus blogs e revistas. Eu lembro deles, dos que vi, de cada um, sei os nomes, eu não morri.

Não morri, mas quase. Com um olhar afastei-os, repugnado, aos deslumbrados, com um olhar de raiva, mais que censura, ora eu, hein. Paguei o preço de esmurrar ponta-de-faca, por resistir, um preço alto, pago até hoje, quase passei fome, para não falar do mal interior, este sim insuportável. O degredo em sua cidade, seu estado, seu País. O esquecimento. Pagaria de novo, sempre foi assim, a turma da Arena era pior. Arena a que hoje esses irresponsáveis se associaram, se servir aos seus devaneios de poder a qualquer preço, ou enfiar a mão no cofre.

Se errei? Claro que sim. Errei feio, ao não pensar em mim. Quanto me toquei que eu, por errar, por crer em assaltantes de estradas, vagabundos, fui ruim com minhas filhas, quase enlouqueci., e, principalmente, ao reclamar em voz alta. E tudo foi piorando.

E o senhor vem me falar em dureza da pena? Ainda bem que interpretei melhor, depois de algumas horas, as suas palavras. Na comparação com os donos do mundo inteiro, do sistema, a verve do pensador que escreve estava mais longe, muito correto. 

Mas o começo tem de ser pela nossa rua, pelo nosso bairro, pela nossa cidade.

Sou homem de esquerda, desde que supondo uma esquerda que não comete assassínios. E como qualquer homem, esquerda ou direita, eu penso, me equivoco, acerto, mas nunca quis ser o dono da razão, os livros me livraram de ser tão imbecil. O sujeito para pretender querer ser o dono de algo, terras, almas, é doido. No máximo, "está" de posse, havida vá se saber como. Da razão nunca será ou estará, é loucura completa, a história da civilização, se é que podemos chamá-la assim, é plena de exemplos.

Eles entraram nessa de serem donos, o abismo da ganância, de poder, dinheiro ou o que seja. Da burrice, no fundo, gente bruta. O Maluf não é pianista? É, toca mal, mas é. Por quê? Porque teve professores desde menino. Eu nunca vi um piano de cauda, e daí? Mas não sou um ladrão, tive mais que um piano, tive uma mãe que acreditava nas mentiras de uma igreja, de que todos somos iguais, e o marcante exemplo de Jesus, que, lenda ou não, é o melhor legado que temos dos antigos, sei que o senhor concorda com isso. E sempre assoviei muito bem, virtuose.

Vingança pela derrota aos gorilas na mocidade? Trauma? Pode ser, mas não é assim que a gente se vinga, não venham empurrar nos outros, no povo simples, as suas revoltas, por mi parte já as tenho demais. Queremos é melhorar, seguir em frente, métodos corretos. Queremos meter os verdadeiros bandidos na cadeia, lá não está nenhum deles, que não os infelizes dos noticiários sensacionalistas que mostram vítímas matando umas às outras.

Estranhei muito o caso do Sr. Genoíno. Como os juízes também estranharam, se doeram talvez, mas, convenhamos, um homem com mais de 50 anos, ex-guerrilheiro, experimentado na politicagem, presidente daquele antro, não tem o direito de "não ver". Eu li toda a peça de acusação, é um dedo gigante apontando, eu assisti o julgamento. Ele viu, sim. Errou. Foi leviano, no mínimo. E não se pode ser leviano nem com o vizinho, imagine com um país. Com um cargo de presidente dos que haviam restado. Errou sabendo. Deveria ter pensado antes no nome manchado, agora pode gritar para a plateia, mente. Talvez seus descendentes creiam, precisam.

Cada vez que vejo um Valdemar Costa Neto discursando na tevê, e são muitos, centenas, cúmplices, como o são os donos das tevês roubadas, rádios roubados, dá vontade de fazer uma besteira, Mauro, de pegar em armas. A maioria dos bandidos do Brasil detém altos cargos no governo.

Tadinho do Sr. Genoíno, penso logo, um cara muito melhor que o lixo atual-antigo, e é verdade, o considero melhor. Mas não pode ser assim, não podemos nos igualar aos animais. Lula, Dirceu, os que restaram após a saída dos homens sérios do PT, sabiam disso, e se igualaram. O que está faltando é todos os malvados começarem a ver o sol nascer quadrado, em pouco tempo muitas fortunas vão se esfumar, na parte que não mandaram para o exterior, os "patriotas" sanguinários de seu povo. O mundo é prenhe de gentalha assim.

O atorzinho da Globo dizia que não tem como lidar com cacaca sem sujar as mãos. Um otário ao cubo, semi-analfabeto, mas empolgado por ter encarnado o Lamarca num filminho, ajudando o Dirceu a fazer a cabeça da meninadinha. Aí é que discordo de todos eles, dos otários e dos metidos a intelectuais. Tem, sim senhor.

Há meios de não nos sujarmos. Morrer é um, mas não seria preciso, os bandidos, a elite cafifa, restos humanos, estavam caindo de maduros quando o PT aceitou a Carta de Recife, até onde sei redigida pelo Delfim Netto com a colaboração de um ladraozinho vulgar, do PT. Só restaram ladrões no PT, seu Mauro, enriqueceram.

E agora? Não queira saber o que fizeram e fazem nas estatais. Certo, antes não era muito diferente, mas a gente queria mudar justamente isso!

As pessoas que tinham moral e ética, se não saíram foram expulsas do PT. Eu saí em 1998. Vou colocar em livro o que vi, embora saiba que de nada vai adiantar. Levamos vinte anos com um projeto, eu dei a eles, eu e muitos, muitos e eu, 30% dos votos, gastando o que eu não tinha, discursando em paradas de ônibus ao amanhecer, construímos um partido. Vamos levar mais vinte para tirar da cabeça do povinho, por baixo. Posso escrever uma peça monumental, mesmo que ganhe um Prêmio Nobel... o povo não saberá. O povo está entretido. O povo não lê.

Sujaram-se. Roubaram, assaltaram. E a sujeira não sai nunca mais. Para citar apenas um fato histórico: quando os revolucionários russos atiraram em crianças postadas para um retratinho, intimidadas, meio sem jeito, a mando dos chefes, ali os chefes decretaram o seu fim. Tornou-se somente uma questão de tempo. Sei, a Rússia tem as máfias da violência e do dinheiro, como aqui e em todo lugar, um horror, mas agora está mais próxima de ser feliz. Agora repercute a prisão de meninas desaforadas, uma banda, o mundo pressiona. Antes matavam a sangue frio.

Da história do mundo o senhor sabe mais, muito mais culto, porém viemos de mundos diversos. Este de que falo agora é o meu. Conheci um sujeito, pobretão, tímido, sem piano de cauda, sozinho, abandonado pelas leis, salvo se suplicasse, se transformando em pedinte, o que ele não queria. Mas um dia, pela comida o humano se apavorou e roubou, mesmo odiando aquilo. Os casos são inúmeros, e vão presos por esse momento de irreflexão, por ver a menina precisando de remédios ou comida, arroz, sal, feijão, azeite, gás não precisa, para fazer fogo usamos a porta de dentro e o resto do madeirame da casa, quebro a casa! 

A gente sonha quando falta comida no terceiro dia, beber água adianta por dois, depois dói, em uma semana é atroz, mas o homem não diz, aguenta. Aí vai e assalta um posto de gasolina, com punhal, não dá certo, acaba levando porrada e ficando feliz por ter escapado. Vai numa farmácia e assalta, olhos esbugalhados de medo e terror. Na entrevista do patife da tevê dirão sobre um criminoso assustador e malvado. E drogado.

Esses das tevês, mancomunados com a polícia dos banqueiros, esta para protegê-los, a ambos, será que já viram uma criança morrer de fome, sem nada fazer para ajudá-la? Estão nem aí, tratam é de sugar o povinho.

Nunca viram, o importante é a grana, que Brasil nada, o luxo em casa, uma casona, um palacete, vou comprar uma caixa de vinho de 6 mil cada garrafa, depois um Zonda de alta velocidade, de 2 milhões ou está mais caro?

Pois eu digo a esses animais: a inanição tira a fala, a criança perde a fala. Grita com os olhos.

Grita muda!

Claro, aquele meu conhecido logo vai preso, jogado em camburão com violência, a chutes, sem que ninguém se importe com os seus sentimentos.

Jogaram a chave da masmorra fora. O senhor não queira saber o que temos de gente presa com a pena vencida há mais de dez anos, por crimezinho, uma facada, e estão lá trancados ainda, quem se lembra? Nunca foram arrogantes, filhinhos de papai, nunca incendiaram índio em Brasília. Nunca atropelaram bicicleta a 150 por hora. 

Depende do berço em que se nasceu e dos "companheiros" que se tem?

O PT virou isso, um bando de comensais do meu, do nosso, vendidos aos que combatíamos, repito o óbvio.

Foi para isso que me bati tanto? Não, a ideia não era essa, continuar tudo igual. E eles subverteram a ideia, tornando-se iguais aos que combatíamos.

Alguma novidade até aqui? Nenhuma, mas gostaria que meus ex-companheiros, empoleirados em/por Brasília, esses covardes, lessem as novidades, pois esqueceram o que mentiam saber. Essa a primeira.

E quero que eles saibam que, por incrível que pareça, eu não morri.

A duras penas.

Com um abraço.

Salito

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