sábado, 22 de septiembre de 2012

Recuerdos com Juanito Diaz Matabanquero

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Pois é, 4 e picos da manhã e eu com visita no terraço da palafita. Em pessoa: Juanito Diaz Matabanquero, meu amigo, criador de chivos y propietario de comedor, y otras cositas más.

Juán veio de Ponta Porã, onde foi socorrer uma irmã do seu próprio marido, ou amasiado, foi com calma, levou até a família a passeio, o cunhado só era ruim, ela que errou. O sujeito bebia e brigava muito, judiava das crianças, batendo de soco em menino de cinco anos, de rasgar o rostinho, sangue do meu sangue espirrando, me disse, olhos dos meus olhos machucados. Juán estava a 20 Km da entrada daquela fogosa cidade e ela ficou viúva, enfim, por essas coincidências do destino, o malvado se enforcou. Juanito perdeu a viagem, mas só em parte, pois ajudou-a a reconstruir a vida.

Irmão é irmão.

Como Porto Alegre era caminho de volta, parou aqui. Metade dos seus homens chegaram três dias antes, como haviam feito em Ponta Porã, palas e ponchos pretos, respeitosos e cabisbaixos, chapéus feito calhas sob a chuva forte, um dilúvio que desabou sobre a cidade dias atrás.

O seu povo - mulher e crianças - agora dorme no primeiro andar do nosso refúgio; já seus companheiros, os que vieram e os que já estavam aqui, se somaram aos guardas da palafita, estão dobrados sob chapéus e palas, atenção redobrada, lá fora ninguém dorme mais. Torna a chover.

Juanito bebe, começando a segunda garrafa de uísque, sóbrio, meu companheiro é duro na queda. Não é todo dia que nos encontramos, ele diz no instante em que eu pensava nisso. Uma grande ocasião, para nossos modestos sentimentos.

Juán me conta coisas, outras, olhando-me daquele jeito de que é apenas para você saber, pode precisar um dia. As notícias urgentes contou logo na chegada, na primeira garrafa, depois que a sua família se alimentou e se recolheu. Eu conto outras, só para ele saber, vai que precise algum dia.

De repente sussurra que soube que João da Noite - Juanito de la Nochecita no seu dizer - querido, foi visto no cais de Montevideo, já com cinco mortes de atrevidos nas costas. Deve ser alguém parecido, respondi também sussurrando, João está nuns matos perdidos lá por Palmeira das Missões, com uma índia que é lenda.

Amanhã veremos, suas fontes eram fracas, salvo por um punhal de osso que o homem sem camisa puxou e usou para se defender. Senti um frio.

Ouvimos muitas músicas. Doze vezes Lembranças (Raul Sampaio o autor) em português. Está na quinta em espanhol. Pede para colocar no blog. Não me dá tempo de responder e saca um telefone.

Liga para o Uruguay pedindo para os camaradas amanhã entrarem no blog que ele estará oferecendo uma música, Recuerdos, mui vieja, más buena que vieja, com Miltinho, o t do Miltinho pronunciado mais leve, metade, em espanhol. O nho engolido daquele jeito de ene com til.

Termina a ligação e me mira, sorriso mole, pensativo, mil coisas, mas saio como ele, respondo ao seu olhar em voz alta: Já botei, tchê.

Olho para o céu fechado, fecho o casaco, me cubro com o chapéu, o frio está pegando, e faço o que sempre fiz desde piá com meus amigos, enganei-me com quase todos, e sei o que ele espera de mim, o que eu esperaria, digo: "Ainda é cedo, Juanito, cedo demais, vamos assar uma costela devagar e tomar todos os frascos que tenho aqui em casa?, não tomei tudo antes por falta de companheiro como tu".

Levanta-se e me abraça de esmagar. Eu levanto ao mesmo tempo e o esmago. Hermano mío, me diz. Meu irmão, consigo dizer. De quebra dou-lhe uns tapas e recebo alguns em troca, no peito, na nuca e nas costas.

A noite escura fica mais clara, a chuvinha pára, sinto o luzeiro da vida, nos holofotes lá debaixo e dentro do meu coração. O mundo não é tão ruim.

Ah, a música: de Juanito para sus hermanitos orientales, con amistad hasta morir.

Tintim.








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