viernes, 21 de septiembre de 2012

Os doadores da campanha eleitoral


O boêmio Lúcio Peregrino, que no expirar do século passado notabilizou-se no Brasil, ou ao menos em certos rincões deste imenso país, especialmente na zona - Brasília - por relacionar-se com centenas de "políticas" não muito felizes, isto é, mulheres vinculadas aos senhores políticos... Melhor esclarecer melhor isto: as más línguas colocam em primeiro plano as supostas esposas, depois as supostas assessoras - chamam-nas de asponas -  e as supostas amantes dos referidos, esse povinho não sossega, pura calúnia e difamação, pois o boêmio nega com veemência no que diz respeito às supostas esposas. Diz a lenda que o nosso Don Juan teria se aposentado aos 30 anos - até então trabalhava como auditor independente -, tantos e tão valiosos teriam sido os presentes que recebia daquelas supostas senhoras ricas, ao ponto de faturar no amor um suposto "cofre do Ademar". Bem, continuando: o recatado moço chegou no botequim ao anoitecer, com ar de quem não está no seu dinheiro.

Isso de não muito felizes é coisa da Jezebel do Cpers, sempre cautelosa lá do alto dos seus 76 anos. Longe de ser hipocrisia da veneranda mestra, não, jamais: é que ela prima pelo respeito à intimidade alheia. "Aprendi com a vida, meninos, não se brinca com os sentimentos nem com o sofrimento dos outros, é bumerangue", diz.

A professora comunista Jussara do Moscão - nada a ver com as comunistas atuais, esta não tem preço - já diz  diferente: "Aquelas mal-amadas sustentadas com o dinheiro do povo".

Silvana Maresia, também mestra, esta um tantinho mais raivosa: "Aquelas chupadeiras hipócritas!".

Tigran Gdansk: "Pombas, pessoal, a Jeze acabou de falar em bumerangue e vocês... Ora, não julguemos, compreendamos".

Contralouco: "Uiuiui, doeu meu pezinho de loira burra, aiai compreendamos... Compreendamos um cu, alguém me compreende? É porque não é no teu, sai dessa, Tigran, parece fresco".

O Contralouco é um caso à parte. O famoso e perspicaz cruzaltense se compraz em ferir os ouvidos das educadoras, é cair no assunto e ele dispara, como hoje:

"Aquelas putiangas são é mal-fodidas mesmo, bem feito para as vagabas, quem mandou casar sabendo que esses caras são broxas, bem que o Lúcio fez em atolar em tudo o que é buraco e lhes tomar a grana. Agora os maridão devem estar passando hipoglós no rabo delas, foi o pastel com pimenta que a coitadinha comeu".

(O Contralouco disse "tomar a grana delas", mas aqui tentamos dar uma ajeitadinha para não terminar com delas aquilo que começou com aquelas, nada a ver com as regras, que burlamos para manter o clima mundano, da academia de letras dos nossos admiráveis intelectuais, à frente o Sr. Sarney, que chegou lá  com o suor do próprio rosto. Nos demais erros não houve jeito, porque erros não são)

Bem, de certo mesmo é que volta e meia o Lúcio atende o celular com um "Oi, há quanto tempo... sim, podemos conversar..., claro... também sinto saudades... amanhã não, já tenho compromisso...", etc. Depois murmura, admirado: "Putz, há cinco anos não falava com essa mulher, vou ter que arranjar um furinho na agenda".

"Peregrino" é por conta das milhares de camas por onde peregrinou, pois aqui ninguém é pirado para dar o seu sobrenome verdadeiro.

Bem... onde andávamos... Ah, Lúcio Peregrino estava chegando no bar, notibuc na sacola às costas, com ar de quem não está satisfeito. Mas sorri com prazer ao ver os amigos, bar lotado, cumprimenta um por um, afagos e tudo, abraça o Portuga, acena para a cozinheira.

Sentou-se, pediu uma dupla de fada verde ao Portuga e disse: "Pessoal, conforme o prometido, pesquisei sobre os doadores, digo, investidores de campanha dos nossos candidatos a prefeito de Porto Alegre. Suspeito que o resultado não será muito diferente, no mérito, nas demais capitais, essa racinha é igual em todos os quadrantes, vou ler em seguida". Os empinantes arrastam mesas e cadeiras, concentrando-se no centro do bar. Dez mesas em retângulo, quatro por quatro de frente e uma em cada ponta. Alguém chama o pessoal que joga Vida nas mesas de sinuca dos fundos. Mais duas mesas.

"Antes de mais nada, amigos, devo dizer que o Carlinhos (Carlinhos Adeva, o advogado da turma, ausente) tinha razão, infelizmente (os argumentos de Carlinhos estão AQUI). Há muitos investimentos encobertos, constam como recebidos do próprio Partido, uma lástima".

Mr. Hyde, o médico da confraria, solta o seu riso de monstro e diz: "Eles sempre dão um jeitinho!".

"Pois é. Tem mais: durante a pesquisa, perscrutando a legislação e tal, eu soube de algo tão ruim quanto isso: os candidatos contraem dívidas desde o início da campanha, mas podem postergar o recebimento das doações, para tanto basta acertar com os credores para efetuar o pagamento após 31 de agosto, data-base da última prestação de contas parcial, a 2ª, antes das eleições.

Entendido até aqui? Gustavo, sacou? Ta, vamos em frente.

Passado 31 de agosto é que entra o grosso da grana e é onde ocorrem os pagamentos das dívidas.  Desse modo os doadores, droga, é vício de linguagem, digo, os investidores, não aparecem na segunda prestação de contas parcial, ficam ocultos. O quanto os candidatos receberam e de quem receberam só vai aparecer na prestação de contas final, depois das eleições, isto é, quando inês já é morta".

Com enfado, Clóvis Baixo diz: "Então nem adianta ler a relação até aqui... Ah, Lúcio, me lembrei das pesquisas, essa gente que faz tem interesse por dentro e por fora, as grandes redes fazem de graça pra encaminhar a eleição para os caras que não vão incomodar,  eu... chega, vamos jogar sinuca?"




(aqui só narramos, mas essa do Baixo não deu para aguentar calado, de modo que  o blog inseriu a charge do cearense Newton Silva, de 20/8/2012, ilustrando a fala do boêmio gozador, hoje mais sério que um capincho)


Nicolau Gaiola, o ator e teatrólogo, que odeia falar de política: "Isso vai ao encontro do que querem os chamados doadores, eles gostam de entregar em setembro, já com as pesquisas de favoritos em mãos. O cara que está mal no ibope sifu. Antes dão a desculpa de que o fluxo de caixa da empresa está horrível, um ano atípico...".

Jezebel do Cpers: "Mas será que os nossos candidatos a prefeito compactuariam com uma tramoia dessas? Duvido".

Mr. Hyde explode em outra gargalhada de monstro, depois passa a mão na cabeça da Jezebel, contristado.

Lúcio retoma: "Gente, perdi um tempão no site do Tribunal Regional Eleitoral, agora vai assim mesmo, vou ler: ...".

Nesse instante passa um carro de som em altíssimo volume, dissonância de quebradeira, com um negão aos berros esganiçados assassinando o samba: "Explode coração, na maior felicidade... é o Villa...", machuca os ouvidos de todos, o Contralouco pega uma garrafa e sai disparado para a frente do bar, corre e alcança a fubica e quebra a garrafa no pára-brisa, manda os caras descerem para brigar, braço em banana. Os caras baixam a bola e não descem.

O doidivanas volta para dentro, olhos em fogo, e diz: "Esse era do Villaverde, mas hoje já peguei um da Manoela e outro do Fortunati".

Jezebel: "Contrinha, os caras não tem culpa, estão apenas ganhando um dinheirinho extra". O Contra nem a ouve, desfiando um rosário de impropérios.

A turma pede ao Portuga a renovação das bebidas, e Lúcio Peregrino, já ansioso para se desincumbir da tarefa, lê as informações que trouxe:

"Érico Corrêa (PSTU), Carlos Robaina (PSOL), Wambert Di Lorenzo (PSDB) e Jocelin Azambuja (PSL) nem vale a pena comentar. Uma merreca, quem arrecadou mais foi o Wambert, só 36 mil reais, entre os doadores/investidores sequer constam os figurões do seu partido. Os demais é covardia, neca de pitibiriba.

A coisa começa a mudar de figura com o Adão Villaverde, do PT. Digo PT referindo ao partido cabeça-de-chapa, como farei com os demais, pois se for falar nas surubas das coligações entre inimigos não saio daqui hoje.
Até 31 de agosto o Adão arrecadou R$ 489.700,00. Muito pouco, para uma capital como Porto Alegre num partido que tem o governo do estado e a presidência da república, muito estranho, algo deve ter acontecido.
Os seus principais investidores são:
- Instâncias do próprio partido (PT)            237.000,00
- Distribuidor de Coca Cola (Vonpar)            50.000,00  
- Uma pessoa física                                     50.000,00
- Uma construtora (Toniolo Busnelo)            40.000,00
- Uma fábrica de carrocerias (Marcopolo)     30.000,00

Dá uma melhoradinha com o José Fortunati (PDT), com a tripa de culigados, etc. Declarou ter recebido o total de R$ 1.232.574,66. tudo de um único doador/investidor, o Comitê Financeiro Municipal.
Fui a esse Comitê Financeiro Municipal, que repassou a citada soma: declarou ter recebido R$ 1.494.635,00, e teve como principais doadores/investidores os seguintes:
- Construtora OAS                                      500.000,00
- Engenharia (Arcoenge Ltda)                     250.000,00
- Uma fábrica de armas (Taurus)                 100.000,00
- Um banco (Banco Alvorada S/A)               100.000,00
- Outras construtoras somadas                     93.000,00
- Construtora Toniolo Busnello                      33.000,00       
- Do próprio candidato Fortunati, p. física    100.000,00

Por fim, quem recebeu mais: Manoela D'Ávila (PCdoB), sim, a namorida de ministro, a artista maravilha, meus amigos, com R$ 1.521.900,00.
Os principais doadores:
- Direção Nacional do PCdoB                   1.000.000,00
- Instâncias partidárias municipais               296.000,00
- Distribuidor Coca Cola (Vonpar)                100.000,00
- Fábrica de armas (Taurus)                          50.000,00
- Fábrica carrocerias (Marcopolo)                  50.000,00
- Sinergy Novas Mídias Ltda.                         25.000,00

Aqui desisti. Eu já comecei mal, ao saber das chuvas de setembro, chuvas de dinheiro, onde aparecerá o grosso que não veremos, e já na miséria só restam interrogações, e mais Construtoras - o horror dos horrores do Brasil, e mais fábrica de armas para quem defende o desarmamento, e de carrocerias do transporte estadual e municipal, mais outros cobiçativos, até instituição agiotária oficial, até aqui é correto, embora eu não  goste, mas mostram a cara, dão alguns empregos, sei lá, ao  menos não se escondem, poderemos discutir essa relação a qualquer momento, se não fugirem, e aí me aparece esse milhaozão e trezentos da Manoela, que nunca saberei de onde saiu!"

Tigran Gdansk: "Lúcio! Melhorou um pouquinho, Lúcio, antes era por fora, agora eles têm medo de dar por fora!, taí o Joaquim Barbosa, cá estamos nós...".

"Quem diz que têm medo?, vá lá que agora não joguem como custo do produto vendido, mas e  as fronteiras mal vigiadas, e os 620 bilhões de dólares de brasileiros em paraísos fiscais, são teus? São teus, Tigran!?

Que vão todos para a tonga da mironga, Tigran. Não direi que é pura tapeação, a lei que eles fizeram permite e se me processarem minha única defesa será uma arma, levo dez mas me matam, eles tem mil desgraçados que podem pagar para isso, como pagam os carros de som arrebenta-ouvidos, como pagam coitados esfaimados para entregar papeizinhos de santos do cu, mas fiquei encucado, pois quando ela se elegeu para deputada federal foi um ricaço que segurou sozinho, a meninada simplesmente não existiu, a não ser como palhaços coloridos encantadinhos, o nosso futuro são esses filhinhos de papi?! Esse milhão e trezentos vem de onde mesmo?! Quanto mais as chuvas de setembro nos mostrará em novembro?!

E... são todos iguais, eu..., fim, meus amigos, era isso. Fim, chega!".


Gritou. O bar ficou silente, Lúcio não é disso, não é mau de bebida, e tomou um gole da losninha somente, desde que chegou, está sóbrio, isso se sabe pelas curvas do corpo, do rosto. Ora, está limpinho. 

Levantou-se com os olhos encharcados, rubros, o corpo todo tremendo, saiu se segurando nas guardas das cadeiras, tonto, até que equilibrou-se e foi rápido ao banheiro dos fundos, depois da sinuca. De lá se ouvia o choro abafado, os gritos sufocados. Cinco socos no espelho, o som é inconfundível, alma se cortando.

Jussara, olhos arregalados: "Psiu, Contra, vê se baixa a bola, ele tá nervoso, não viu!".

Contra, sussurrando: "Eu? Psit vocês, que não conhecem o Lúcio. Se mandarem matar ele vão ter que mandar bastante, nem sonham o perigo, tem corpo fechado de contrato, por causa das mulheres dos políticos".

Leilinha Ferro chega hesitante e sem querer quebra o gelo, voz sumida: timidamente lembra aos boêmios que mais tarde precisará das charges, com o tio Lúcio junto nas escolhas, acentuou. (Eta menina porreta)

Meia hora depois ele voltou, caminhando devagar, mão direita no bolso, assoviando, em voz baixa elogiando o cabelo diferente da Leilinha, a bobinha corou, ela que estava no caixa, o Terguino dormia na cama do quarto dos fundos. Não se fala mais nisso, todo seu semblante dizia.

A velha Jezebel, sempre ela nessas horas: "Meu Lucinho. Bonitão à moda dos americanos tu nunca será, aquela falsidade, mas tu é o homem mais bonito que vi na minha vida, por dentro e por fora".

Contralouco, se voltando para os amigos da esquerda:

"Pronto, agora ela vai querer adoçar macho..." Depois acrescenta, acariciando os cabelos pintados da doutora em ciências sociais: "Amada Jezebelzinha, véia dos meus sonhos, o Lúcio não precisa de consolo, eu entendo ele. Tá, meu amor? Vai passar, tudo passa. Português!, pega aquela que botei no congelador pro Lúcio".

Mas tinha o filósofo Aristarco de Serraria - eta droga que sempre tem algo, nunca tem fim - que chegou a tempo de ouvir os números. Tomou a palavra:

"Nobre amigo Lúcio. Creio que posso falar em nome de todos, sem entrar no mérito de nada...".

Contralouco saltou: "Em meu nome ninguém fala, olha o que vai dizer, Ari".

Aristarco: "Bem..., tá, em meu nome só. O seguinte: Ficamos frustrados, é certo, a nossa legislação é propositadamente falha. Mas agradecemos o teu esforço. Se alguém quiser mais detalhes, pode acessar o site do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, a quem acabaste de ajudar, posto que o Tribunal anseia por transparência. Essa maldita transparência que a maioria dos políticos tanto fala, exalta e mente, naquela do faça o que eu digo mas não faça o que eu faço, como se todos fôssemos interditos e...".

Contralouco: "Transparência pras negas deles, é puro 171!".

Lúcio está postado em pé em frente à janela do bar que dá para a rua, de lado para as mesas no centro.

Aristarco: "Ahn... eu... Portuga, traz a cerveja do congelador... e peço uma salva de palmas ao Lúcio".

Todo o bar aplaude, o Portuga enfim traz a gelada, enquanto Lúcio sai lá para a frente do bar, com o pretexto, gestual de corpo, de ter visto um conhecido passar no outro lado da rua.

(O que resta a nosotros, aqui do blog, é indicar o site onde estão essas minuciosas informações sobre os investidores de campanha dos candidatos a ser o comandante da nossa querida cidade, uma decisão que caberá, em esmagadora maioria, aos humildes que não leram e nunca lerão esta postagem: AQUI!





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