viernes, 24 de agosto de 2012

Fortunati, Manoela e suas fubicas, na Charge do Dias

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Porto Alegre, 33º graus no inverno, o  dia mais quente desta época nos últimos cem anos.  Deve ser mil anos, mas só se tem registro confiável dos últimos cem. Superando Fortaleza, no Ceará, a caliente e bela amada do Newton Silva. A turma desde cedo carregou  nas cervas com trigo velho, poucos ficaram nos lisos de absinto caseiro, este o trago predileto da maioria.

Mr. Hyde apareceu no Botequim todo pimpão: acertou em cheio nas suas previsões mensaleiras. Na verdade, como ele mesmo disse, tinha informações privilegiadas, pois havia consultado Mãe Dinádegas. Pediu uma losninha - mantendo-se fiel à Dyabla Verde, a bebida da casa - e explicou que a sacerdotisa porto-alegrense, famosa por ver o futuro no traseiro das pessoas, não havia lido a bunda do ministro:

"Na verdade Mãe Dinádegas não viu o rebolado do vossa excelência, desta vez baseou-se apenas no tarô e na numerologia, onde diz ter desvendado muito ciúme e agressividade".

Tigran Gdansk: "Bah, ontem teve uma hora em que me apavorei, tchê, o Ricardo Complicowski teve um acesso e começou absolvendo o Caim, passou para o Barrabás e o Judas, quando o pessoal se deu conta o Al Capone e o Pablo Escobar já estavam inocentados. Se não seguram o homem dali a pouco soltaria o Fernandinho Beira-Mar. Fiquei com medo, se o cara me vê aqui do outro lado da tela iria perceber minha discordância, aí já viu, me fritava em azeite e me fincava na cadeia".

Jezebel do Cpers, martini à frente e gato no colo: "Você ainda brinca com coisa séria, hein, Tigran... Até o Gatolino aqui sabia que o cara iria complicar. Nunca se viu uma coisa dessas no mundo, o sujeito, mero revisor, antecipadamente prometer contraponto ao relator do processo. Quando condenou o Pizaiolo do Bando do Brasil percebeu-se a moleza, nada de ênfase, não havia a ânsia que se viu ontem, ao absolver os marginais".

Carlinhos Adeva: "Conheço o Ricardão desde pequeninho, ele tem um bom coração, condenar lhe dói, absolver o realiza". E desata a rir.

Jezebel: "Não dá pra conversar com vocês, só dizem besteira".

O Contralouco leva um lero paralelo com o fisósofo Aristarco de Serraria, que o ouve atentamente. A turma presta atenção:

"... quando cheguei no local já era 3 da matina. A fubica tava estacionada nos fundos. Pulei a cerca e fui lá, pé ante pé, e coloquei os cinco molotovs na camionete, deixei um molotov na rua junto à cerca. Depois espiei de novo se não vinha ninguém, pulei a cerca de volta, devagarinho, naquele silêncio, por dentro o coração disparado tum-tum-tum, e abaixado lá na rua, com o isqueiro taquei fogo na mecha e joguei o bom para dentro. Foi um estrondo atrás do outro, a fubica virou uma bola em chamas, dando pulos, igual filme dos americanos putos, e...".

Mr. Hyde interrompe com o seu vozeirão: "Peraí, começa de novo, perdemos o começo...".

Aristarco: "Nada, o Contra apenas sonhou que tinha incendiado uma das camionetas sonoras dos candidatos a prefeito, que estão tirando a paz da Cidade Baixa, o dia inteiro, desde cedo, aos berros pelo bairro".

Lúcio Peregrino: "Mas tu não bate bem mesmo, Contra...".

Contralouco: "Ué, será que agora até sonhar é proibido? Eu  é que sou a vítima. Acordei ensopado, tremendo, nervoso, achando que tinha feito aquilo mesmo. Filhos da puta, não aguento mais...".

Jezebel: "É, deveriam proibir essa horrível poluição sonora, dói os tímpanos de qualquer vivente. Eu ando com tapa-ouvidos em casa".

Tigran Gdansk: "Ora, proibir... o prefeito é o primeiro a dar o mau exemplo".

Jezebel: "Deixa estar, no dia da eleição eles vão receber o troco...".

Clóvis Baixo, recém-chegado: "Eu tenho como gente boa o Miudinho Fortunati, antigo companheiro do PT, quando existia PT".

Mr. Hyde: "Pode até ser, mas as suas culigações, sai da frente...".

Leilinha Ferro se apresenta para receber as charges do dia.

Os boêmios ficaram com o Frank, de A Notícia (Joinville, SC),




e com o Paixão, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).




Leilinha Ferro abraçou a obra do Marco Aurélio, de Zero Hora (Porto Alegre, RS). Os empinantes se animaram: o Marco foi buscar um clássico do Roberto Cantoral, a turma seguiu cantarolando.





Em solidariedade ao sofrimento dos amigos, o pessoal aqui da palafita decidiu reproduzir uma obra de 20/7/2012, do Sinfrônio.






(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.)





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