domingo, 22 de julio de 2012

Chupando picolé com amor, ou Meu Blog

.
O título original da postagem era, até agora (21/dez/2012), Meu blog, uma vitória muito legal

Ninguém leu (o blog mostra número de acessos e de onde vieram). Ninguém, de lugar algum. Certo, sei que qualquer coisa que se escreva aqui leva um ano, pois não pago Mr. Gugle.

João da Noite, chegado do Espinilho há poucos dias, me disse: Salito, coloque um palavrão, a gente mora em meio a bichos, acredite, essa gentalha é analfabeta de alma, todos.

Não creio. Mas fiz o que João sugeriu. Ele disse para botar "Lula gosta de dar o cu". Disso não sou capaz, respeito as opções sexuais alheias, meus amigos gays não iriam gostar. "Vou matar o Sarney ladrão asqueroso" também não aceitei. Ora, o que é isso, calúnia, não, eu não.

Preferi falar em picolé. João diz que vai seguir igual, ninguém vê. Pode ser.

Em março de 2013 verei a contagem. Juro: espero que ninguém entre.


Meu blog, uma vitória muito legal

 
É um fracasso o meu blog, visto pelo olhar dos predadores. Para nosotros, uma vitória formidável.

No próximo dia 30 de julho completaremos dois anos no ar. Dois anos contados da abertura, pois acessos começaram  a surgir dez meses depois. É tempo de uma breve reflexão sobre a experiência de se ter um espaço como este, hoje com média de 8 mil acessos/mês.

Um nada, para os donos do sistema. Para nós, tudo.

O público, como era de se esperar, é brasileiro em esmagadora maioria. Depois vêm Estados Unidos, Rússia, Portugal e Alemanha, por vezes inverte, a Rússia ou Alemanha em primeiro, o que nos surpreendeu, uma vez que postamos muita música em língua espanhola. Gostamos de música de todo o mundo, mas a raiz é espanhola.

Neste breve relato ora usamos a primeira pessoa, singular, em seguida a terceira, quando lembro da ajuda de alguns amigos. Relevem.

O começo foi incipiente, uma grande dificuldade em manusear os instrumentos do "blogger". Sobrevivente da era da máquina de escrever, não fosse a ajuda de alguns amigos estaria até hoje apanhando para postar uma foto. Assunto nunca foi problema, aliás, foi e é, de tanto assunto disponível é difícil a decisão sobre o que postar.

Não há números confiáveis, mas alguns estimam que existem 200 milhões de blogs no mundo, ativos algo entre 5 e 10%. O que é "ativo"? Uma postagem por semana, pelo menos, para uns; uma por mês, para outros. No Brasil o número gira em torno de 2,5 milhões.

De modo que o espaço da gente é nada nesse universo.

Os blogs mais acessados no Brasil e no mundo, além dos pertencentes a notáveis (?) artistas com seus fãs-clubes, são, naturalmente, os dependentes, ou seja, aqueles geridos por pessoas vinculadas aos meios de comunicação: jornais, rádios e tevês. Isto pela propaganda maciça que recebem de seus chefes, além da primazia na divulgação de notícias obtidas pelos patrôes, que as compram da "Central Única" hipocritamente chamada de "agências internacionais". Essa Central Única é a responsável pela divulgação das notícias que interessam aos donos do mundo e de mundinhos locais, ou de distorcê-las quando convém. Contribuem na divulgação desses espaços as referências em outros espaços também subordinados às redes. Enfim, o velho círculo de amizades por interesse. La mentira.

Então é comum que um imbecil da Globo ou assemelhada tenha milhões de acessos lá no seu blog, onde humanos clicam para ler uma abobrinha não raro copiada do único livro que o cara leu. Se a gente pensar nisso faz como o Maluco Beleza, se mata, pare o mundo que eu quero descer. Não, não queremos descer.

Obviamente que esses blogs jamais criticam quem os subvenciona, como não o fazem os demais empregados desses veículos de comunicação. Para o leitor mais atento, não passam de cartas fora do  baralho à vista do interesse público ou mesmo de boa diversão, mas são os "bombados" pelo rebanho.

Felizmente a rede não é como a platéia do ratinho ou do faustão. Nela há espaço para todos os gostos, todos os temas do conhecimento humano, dos mais simples aos mais profundos. Não existe isso de um blog "explodir" em acessos, salvo modismo passageiro, como ocorre com os artistas da criançada no facebook. Para submeter a massa ignara aos seus anseios por dinheiro, agora deram até de inventar que a pessoa que não tem facebook passou a ser mal vista na sociedade, com dificuldade até para arranjar emprego.

Para qualquer mensagem ou representação visual que se deixe no blog, o sujeito deve se colocar como alguém que escreve um livro. Se escrever o livro pensando em quantos exemplares vai vender, melhor mudar de ramo, salvo se for livro de auto-ajuda, isto é, de ajudar-se tomando a grana da plebe.

Ainda não sabemos exatamente, em detalhes, como funcionam as fábricas de dinheiro que são o Google, Youtube, Facebook, etc. Sabemos que é um negócio de assustadores bilhões, deve se mover como se movem os bancos e as empreiteiras, mas por enquanto o admitimos como bom, na medida em que permite a expressão de todas as correntes de pensamento, para quem se dispõe a procurar, recusando pratos feitos. Não é como o pobre homem do povo ser idiotizado pelo Jornal Nacional ou pelo Boris Casoy.

No Youtube chega a ser triste. Você procura a gravação de uma Sinfonia qualquer gravada lá em 1940, ou de um samba do Noel cantado pela Aracy de Almeida em 1935, postados por alguém que arcou com todos os custos para divulgar a obra, desejando somente manter viva a memória do povo, e não raro surge ao usuário uma estúpida propaganda, obrigatória, absolutamente fora do contexto do objeto procurado, para que adquira um automóvel ou uma boneca inflável, antes que possa ouvir a peça e assistir as imagens. Mas a obra está lá, ao alcance de todos, do povo para o povo.

Obviamente, alguns sites e blogs são mais queridos que outros. Quem pagar leva. Assim, por exemplo, se o cara tem um site chamado JB, mas há outro chamado JBS, e este paga mais, se o usuário digitar na busca do Google JB, sem aspas, imediatamente surge a sugestão de JBS. E assim com qualquer procura. Faz sentido...

Em nosso blog o que observamos é que, ainda que alguém digite na busca o título exato da postagem, esta só vai aparecer se já estiver madura, algo como um ano de idade, e olha lá, um pequeno milagre. Isto é: o sujeito que não paga escreve hoje para a remota possibilidade de que alguém leia daqui a um ano. Salvo se a máquina do usuário já estiver "viciada" naquele site ou blog.

Fala-se em técnicas de chamar leitores através das palavras certas nos títulos. Não acreditamos. Funciona raramente. Outro dia fizemos uma experiência: diante da notícia de que um ricaço brasileiro havia caído para o 27º lugar no ranking mundial dos babacas endinheirados, postamos o seguinte título: "A falência do Eike Batista". Uma boa piada, sobre um cidadão por alguma razão idolatrado pelos seus amigos das tais redes de comunicação, mas os acessos foram de meia-dúzia de gatos pingados.

O que funciona mesmo é a grana que Mr. Google deseja.

Ou, um ano depois, se você escreveu um texto realmente sincero. Aqui escrevemos direto no blog, sem revisão nem nada. Os poucos textos em que vamos com a alma, noite aberta, dando arrumadinha depois de mais um copo de vinho, enfim, textos que você amou escrever, sonhou, se preocupou, para ti é muito sério, vive cada palavra, acima de tudo escreve com o coração, aqueles em que você chorou... mesmo que com humildes palavras, ah, esses estão ali embaixo, a maioria, entre os mais vistos, apesar da demora em serem descobertos. Não me perguntem como as pessoas adivinham, não sei. O povo da rede não é trouxa. As pessoas têm alma e coração, não encontro palavras para definir, não sei mesmo. Viva!

Uma que outra postagem escapa e dispara. Em nossa experiência, o disparo sempre vem de onde não se espera, se fôssemos esperar.

Tempos atrás andamos refletindo sobre o que leva uma pessoa a criar um blog. O que nos levou? Parece simples: o enjôo de ler as bobagens dos outros. Nos jornais e jornaleiros, então, parece que a visão curta tomou moradia, um bando de comerciantes, quando não semi-analfabetos da vida, lá dizendo suas verdades de mentira. Como no Cântico Negro, não vamos por ali, preferimos errar ou acertar o caminho pelas nossas próprias pernas.   

Vamos levando. Certeza temos é de que o que não se pode fazer é subestimar o leitor, erro que por vezes cometemos, alguns pela pressa e outros por bobo mesmo.

Abaixo, das 1.300 postagens, as mais acessadas, a partir de maio de 2011, quando o blog começou a ser visto.



*


No hay comentarios.:

Publicar un comentario