sábado, 30 de junio de 2012

Intelectuais e déspotas

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O violento ataque cometido por Paulo Rosenbaum (JB, 28/6/2012) no texto abaixo tem direção certa, cremos saber a que tribo se refere. Mas o nobre (...) pensador poderia ter dado nomes aos bois, pois muitos de nós, mesmo querendo participar do processo, não temos tempo nem dinheiro para enviar espiões judeus a orações de tão importantes personalidades. Por outro lado, não ficou claro se o escriba discorda de Ahmadinejad quando este em seu discurso acusou os chamados "países desenvolvidos", isto é, os Estados Unidos, de impor padrões de consumo e comportamento às outras nações. "Isso tem a ver com uma ordem injusta imposta por nações que pretendem manter a hegemonia sobre o mundo", disse, para depois acrescentar que “O Conselho de Segurança da ONU, a Organização Mundial do Trabalho, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial fazem parte desse conjunto de dominação estratégica".

Desta vez parece que ele não falou da matança de palestinos.

Gostaríamos de saber quem é o atual dono do falido Jornal do Brasil, JB, que dá voz a esse judeu extremista, quase tão culto como mengele, doido para trazer sangue para dentro de nossas fronteiras. 

Não senhor, aqui não, não gostamos do presidente do Irão e menos ainda dos seus brutais inimigos, invasores.

Vinte e quatro horas por dia estudando e escrevendo? Não precisa trabalhar para comer, ó filho de jóias?

Intelectuais e déspotas

Por Paulo Rosenbaum



Não foi um caso isolado da Rio+20. Às cotoveladas, sessenta intelectuais (sempre bom recorrer à etimologia para saber se a atribuição ainda bate com o significado: intelecto - ação de compreender) se apertaram para assistir à explanação do ditador iraniano. Uma possível compreensão, nesse caso legítima, seria que os doutores tivessem ido até lá para saciar a curiosidade frente a um homem deselegante, que já negou o Holocausto, considera mulheres seres de terceira categoria, persegue minorias como Bahai e Sufis e prega a reforma “por bem ou por mal” dos homossexuais. Sem contar os criminosos atos contra os protestos da oposição nas comprovadas fraudes eleitorais que o levaram à reeleição. Eleição é modo de dizer, sufrágio indireto, que só se concretiza com aval do líder supremo.

Ninguém duvida que é sempre interessante ter a oportunidade de ver uma “criminal mind” ao vivo, tudo para tentar entender como funciona a mente onipotente, como raciocina o fanático, a astúcia do mitômano. Mas parece que não é isso que tem levado intelectuais do mundo a aderirem ao pensamento monológico e ao culto dos déspotas que proliferam pelo mundo. Talvez, cansados da anomia e do fracasso crônico das experiências com os projetos sociais pelos quais se batem, só encontrem recompensa naqueles que prometem implantar a justiça plena na Terra. Com o fim das doutrinas e a morte dos heróis, só um ungido pode saciar os intelectuais de nossos tempos.

A perplexidade máxima aflora quando se identificam na plateia herdeiros de tradições ideológicas consistentes, a maior parte daquela vertente que um dia convencionou-se chamar de esquerda. A adesão se dá basicamente por uma única afinidade: a postura antiamericana. Ficou fácil conclamar fiéis, bastando para isso desfraldar a bandeira “morte à América”. No caso de professores e gente esclarecida e com tanto currículo na bagagem, que espontaneamente escolheu ir ao encontro, o fato nos deixa à deriva. Melhor dizendo, à lona! O fenômeno transcende a razão, e, como evitamos a parapsicologia, precisamos nos contentar com a velha psicopatologia. Alguém pode explicar como o carisma agressivo e non-sense entorpeceu tantas cabeças a ponto de asfixiar a região onde se aloja a capacidade critica?

Pode ser que seja inevitável que chefes de partidos ou figuras do executivo tenham que ciceronear ditadores e gente que, para conquistar o poder, deixou rastro de cadáveres. Costuma-se aturar isso dignamente com a ajuda de autocontrole, respiração iogue e banhos frios. O fenômeno leva o nome de pragmatismo selvagem, o que conduz inevitavelmente a uma espécie de esquizofrenia política. Basta um exemplo: sabe-se que o regime teocrático do Irã apoia abertamente o regime sírio de Assad e sua atual política genocida. Pois, decerto alguns dos bem pensantes que sentaram nas cadeiras da frente assinaram petições, ao menos devem ter pensando nisso, contra o massacre do povo sírio. Pois, é o que a selvageria política faz com as pessoas: produz incoerências seriadas. Ninguém tem compromisso com a coerência nem com a lucidez, mas há uma ambivalência ética que é capaz de dissolver o caráter.

Esta fusão de ideologia tosca com pragmatismo já foi o estuário de desastres políticos importantes em outros continentes. A adesão de extensas camadas da população universitária na Alemanha nazista — o maior apoio vinha dos profissionais liberais com 50% dos médicos alemães dando endosso à ideologia ariana do Fuhrer.

E não é que persiste a maldição dos “formadores de opinião”? As massas finalmente aderiram, e produziu-se um consenso perto do absoluto, a favor do expansionismo belicista germânico. O mesmo apoio das camadas intelectualmente mais esclarecidas marcou nos primórdios a Revolução Soviética. Até que testemunhando o desvirtuamento e a implantação de um regime tão sanguinário e opressor quanto o de seus antecessores, os intelectuais mais críticos começaram a ser internados em hospitais com o ajuda de um sistema nosológico criado sob encomenda aos psiquiatras comunistas. Dissidentes começaram a ser diagnosticados como insanos: refusiniks. Para um regime totalitário, só um doente mental pode recusar o sistema perfeito.

Foi Hanna Arendt quem escreveu que, quando “termina a autoridade, começa o autoritarismo”. Agora que a autoridade natural no Brasil está no início do declínio, já que sua sustentação depende da bonança econômica, e a inadimplência chegou a um patamar perigoso, o desespero já começou: alianças desastradas, chantagens e ameaças institucionais chegando ao destempero com promessas de mordidas. Nossa sorte é que hoje o homem comum no Brasil deixou de ser bobo e já sabe como deve sair de casa: discreto, sem lenço, cheque ou documento e, se possível, com caneleiras à prova de predadores.
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