jueves, 15 de marzo de 2012

Um tango brasileiro em Paris

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Aqui João da Noite. Com Salito viajando, o som noturno irá direto da fonte que nos inspira: o buteco. Folheando as páginas da rede, em mesas juntas para doze no Botequim, cercado de amigos, encontrei de aniversário o artista brasileiro Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, RJ, 15/3/1830 - 12/7/1906).

Comentei com os boêmios: "Puxa, lá se vão 182 anos do nascimento do Henrique Batuqueiro".

Todos quiseram saber: quem é? Onde? Batuca o quê?

Disse que era brincadeira e fui lendo em voz alta os dados que ia encontrando: 

Henrique Alves de Mesquita foi compositor, regente, organista e trompetista, além de professor e comerciante de instrumentos musicais.

Andou aperfeiçoando seus estudos na França, lá conheceu o inventor do saxofone, o belga Adolph Sax, e isso fez com que se tornasse o introdutor do instrumento no Brasil. Lá pela segunda metade do século 19, ninguém aguentava mais copiar músicas estrangeiras, só se ouvia polca, valsa, quadrilha, e Henrique, como Chiquinha Gonzaga, Joaquim Callado e Ernesto Nazaré, também andava às voltas para criar uma música que pudesse ser chamada de brasileira, parece que daí nasceu o choro.

Nessa mesma época, influenciado pela habanera, Henrique tinha inventado o que chamou de "Tango brasileiro". No meio de tudo, os batuques dos negros.

Mas tudo isto ocorreu na sua volta da França. O Dicionário Cravo Albin resume os dez anos que ficou na Europa.

Em julho de 1857 seguiu no vapor "Petrópolis" para a França e matriculou-se no Conservatório de Paris. Lá estudou harmonia com François-Emmanuel-Joseph Bazin (1816- 1878), sendo muito elogiado por seus trabalhos acadêmicos. Na capital francesa fez encenar sua opereta "La nuit au chateau", com libreto de Paul de Koch, obtendo sucesso com a quadrilha "Soirée brésilienne" ("Noite brasileira"). Sua abertura sinfônica "L'étoile du Brésil" e a romança "Confissão e desengano" conquistaram também grande popularidade em Paris. Da capital francesa, Mesquita enviou obras suas para serem tocadas no Brasil: uma "Missa", apresentada em 26 de agosto de 1860 na Igreja da Cruz dos Militares, sob regência de Francisco Manuel da Silva, e a já citada abertura "L'étoile du Brésil", apresentada em 1861 na festa de entrega de prêmios do Conservatório de Música, no Rio de Janeiro. Em 24 de outubro de 1863, sua ópera "O vagabundo" ou "A Infidelidade, sedução e vaidade punidas" foi encenada no Teatro Lírico pela empresa da Ópera Nacional, com libreto traduzido do italiano por Luís Vicente de Simoni.

E então a surpresa, quando me dei por conta tinha narrado:

Sua permanência em Paris foi abalada por um episódio não esclarecido completamente. Parece que se envolveu em uma aventura amorosa que lhe trouxe graves conseqüências: foi preso, expulso do Conservatório de Paris e perdeu definitivamente o apoio do Imperador D. Pedro II, que havia intercedido a seu favor na época de sua ida à capital francesa. Voltou ao Brasil em julho de 1866.

Pronto. Confusão estabelecida. Por alguma razão o Cravo Albin não quis contar toda a história.

Gustavo Moscão exclamou: Bah, era viado!

Lúcio Peregrino sorriu e disse: que nada, boêmio puro, Mosca, naquele tempo era diferente, músico era tudo espada, cantora gostava de homem, eram todos da antiga como a gente. Acho que ele começou a dar uma geral nas francesas em Montmartre e quando viu tava papando a mulher do Napoleão Terceiro.

E o que o otário do Dom Pedro tinha a ver com isso - rugiu Mr. Hyde, acaso era irmã dele?

Marquito Açafrão: Deveria ser prima, esses nobres de araque eram todos parentes, devido a politicagem, na época já não se sabia quem era espanhol, francês, português, alemão ou italiano. Tive uma francesa, aliás, mais fria que penosa no congelador, que...

Gustavo Moscão corta abruptamente: Deve ter embarrigado umas cem, pra acabar na cadeia!

Quando encontrei uma foto os amigos se amontoaram atrás do nóti.

Carlinhos Adeva: Hummm... pela cara um baita formigão.

Clóvis Baixo: E empinante. Nesse tempo os boêmios entornavam absinto com láudano, o Henrique deveria beber a dar com um pau, aí já viu, láudano... firmava a adaga e saía sangrando todas.

Nicolau Gaiola lembrou que o artista também era homem de teatro, daí que tinha uma explicação para dar. Não conseguiu, todos queriam emitir a sua opinião, um mais maldoso que o outro, virou algazarra.   

Antes de continuarmos tão fascinante assunto, propus e decidimos renovar os copos e  ouvir uma composição do amado compositor. Lindíssima! Digna de um varão "dos nossos": musical, cantinero e mulherengo. Boêmio!
Jezebel saiu dançando com Walter Schiru.

Ao Henrique! Tintim!










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