martes, 3 de enero de 2012

Pixinguinha e Benedito, para os ingênuos

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Carlito Dulcemano acorda numa ressaca de dois dias. Miquirina Segundo me avisa que ele está descendo meio trôpego para o subsolo da palafita, logo o vejo quando o elevador se abre: garrafa de mineral na mão, cabelos desgrenhados, chapéu e roupas amarrotados de anteontem. A cara que é um perau.

Anda alguns passos e exclama: Salito, eu sou é um ingênuo!

Fico quieto, ele sabe que nunca respondo a quem diz algo certo. Calando consinto.

Num átimo lembro de um choro lindo, do seu Pixinguinha e do seu Benedito Lacerda.

Levanto e vou ao toca-discos. Enquanto remexo nas fileiras de elepês ouço a mineral caindo no cesto do lixo, Carlito já bebeu água demais. Ruído de pedrinhas de gelo. Marulhar. Atacou o uísque.

Neste silêncio da madrugada, não vai querer sair e incendiar nada. Hoje vai conversar comigo. Foi o que lhe disseram quando o mandaram aqui para baixo ao acordar.

Para começar, rodo Ingênuo.





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