miércoles, 31 de agosto de 2011

Reflexos do baile

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A pedido insistente dos boêmios Gustavo Moscão, Mr. Hyde, Clóvis Baixo, Marquito Açafrão, João da Noite, Tigran Gdanski e Wilson Schu.

A deusa paraguaya, Seudy Villasanti, dançando com o também estupendo Armando Benitez, na finalíssima da categoria Escenario, no Luna Park, ontem.




Comentário no youtube do espanhol F. Lopez Amo, sobre o que vimos:

Hacía más de 20 años que no veía a nadie bailar "Mi amigo Cholo", el maravilloso tema de Atilio Stampone (en concreto desde que lo interpretaron Nélida Rodríguez y Nelson en el film "Tango, baile nuestro"). Lo de esta pareja paraguaya me ha parecido sencillamente extraordinario, bellísimo. De una dulzura y sensualidad maravillosas. Desde España, donde me cabe dirigir un importante festival de tango, les mando mi más cordial enhorabuena.



Mãos para cima!, n'A Charge do Dias

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Como falamos na semana passada, lá por quarta ou quinta-feira os artistas brasileiros estão recuperados da ressaca. Isso dura até sábado. De domingo à terça é a tontura que se sabe.

Não deu outra, hoje os bons de lápis vieram a mil.

Os boêmios do Botequim do Terguino somente abriram os trabalhos lá pelas 3 da tarde. Os do Beco do Oitavo às 4. Todos ainda meio que bailando, a cuca mergulhada em tangos. Gustavo Moscão chegou cumprimentando: Buenas, carisimos tangueros, adianto que minha escolha recai sobre a paraguaya indicada por Salito.

Adolfo Dias Savchenko reapareceu, sem a Joana Furacão. Mentiu que estava em Buenos Aires, no Mundial de Tango. Foi presenteado pelo Terguino com uma guampa de cachaça especial, com o rótulo da Amansa Corno nordestina.

A divisão só poderia ter-se acentuado. Como ninguém tinha muita disposição para brigas, simplesmente se ignoraram. Vieram com três.

O Adolfo calçou pé no Sinovaldo, do Jornal NH (RS).



A turma do Botequim do Terguino veio de Cláudio, do Agora S. Paulo.



O povo do Beco escolheu a do Simanca, de A Tarde (BA).



Escenario

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No Mundial de Escenario (Palco), só deu Argentina! Imbatíveis. Viva!

A ilustração é novamente da espetacular artista argentina Patricia Vidour, rosarigasina de amor, temos mais sorte que juízo, uma honra, a senhora permite que o blog Ainda Espantado use de graça as suas telas. Puxa, Patrícia, se eu pudesse compraria todos os quadros, mais os que virão das sua sensíveis mãos.

Deu Argentina. En show de tango: los mejores del mundo, siempre.

Se os argentinos não são os donos dos corações calientes, nem os cubanos o são, porque sentimentos e corações são de todos, todos os temos, rios de lágrimas inundando este mundo, este planeta injusto, eles são sim, os mestres do tango. Os reis do tango.

Deu empate. Entre argentinos, pués si. Todas as posições.

Aguardamos o vídeo oficial.

Unanimidade aqui na palafita apenas as mulheres. Não fossem elas aqueles bugios não serviriam para nada. Como dizia a Ângela Maria: homem só tem uma serventia. Discordamos da D. Ângela, mas ela deve saber o que diz, afinal andou com somente e tantos vagabundos. Então admite-se que tem razão, em parte.

Salito votou firme na paraguaya Seudy Villasanti. 

Carlito, chegado meio que aos pedaços de viagem, fechou com a argentina, diz ele, Joahanna Elizabeth, ele estava ainda bêbedo, pelo nome deve ser alemã, ou inglesa.

Deu Solange Acosta, de Argentina. Linda.

Solange tem o espírito portenho. Nessa área de tango portenho, show, há de ter alma da terra. É algo quase que indefinível, até se pode tentar dizer, mas é mais fácil sentir. E para sentir igual você precisa ser portenho. Ela tem isso, com fervor, com amor, ao natural. Não é acrobático, com a rudeza desta palavra. É teatral. A vida fluindo. Hesitações e medos que nos consomem. E a coragem.

É pura arte, do âmago bom da existência.

Os argentinos Campeões do Mundo no tango-show (Escenario), são dois fantásticos bailarinos, que honram a tradição dos queridos hermanos.


Vivam Solange Acosta e Max Van der Voorde.

Vivam todos que acorreram a Buenos Aires, a bailar.

Ninguém perdeu.

Salito precisa aprender a perder, já ia dizer que o guapo homem é dinamarquês.

Pero no. Viva, Max, chega de bulliying, você mereceu. Maravilhoso.

Os jornais online, blogs, de Jacarta, de Mumbai, de Santiago, Lima, Bruxelas, Bogotá, Londres, Havana, Belgrado, Pequim, La Paz, Paris, Luanda, Bagdad, Riga, Berlim, Porto Alegre, de todos os recantos do mundo exaltam na capa o feito da Solange e teu.

O mundo está cansado de guerras tolas, de mentiras de malvados. Vamos acabar com isso. Ansiamos por mesa posta com comida e dignidade para todos.

Queremos dançar.










Nada

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Ao entrar o vídeo da finalíssima do Mundial de Tango de Salón, da postagem anterior, eu bem feliz, quando senti o golpe, golpe feio, para mais que dejavu. Dejavu li que os senhores medicinos, estudantes de... ah, Onan, se tanto, afirmam que surge por um defeito na cabeça das pessoas. As deles é que são boas.

O golpe veio no primeiro tango para os dançantes. Não sabia o que fazer, não recordava letra, título, nada, séculos que não ouvia, se é que alguma vez ouvi. Se foi surpresa para mim, imaginei a surpresa dos competidores, que no Salón vão para a dança no escuro, sem saber qual será a partitura e a emoção que os moverá.

Para mim foi outro tipo de surpresa. A voz do cantor, no meu computador-geringonça, é quase inaudível, então não dava para ouvir a letra, nada. Nervoso, perdi a concentração dos bailantes.

Mas ouvia a melodia, enchendo o meu covil e a noite de Porto Alegre, impressão de que tomava toda a noite, aqui e em todos os algures e nenhures. O lamento, a queixa do animal ferido mas ainda com raiva.

Segui acompanhando a festa, mui digna, que Diego Julián e Natasha ajudaram a concluir com grandeza de alma. Li notícias sobre a alegria e festejos nos países de origem, deles e dos demais quatro pares, pela internet. Os primeiros cinco. Revi duas vezes o vídeo principal.

Como João da Noite - que conhece rengo sentado e doida no pátio - passei a conhecer os bailarinos por dentro, pelo jeito de dar o passo, pela demora ou rapidez do passo, pelo armar o passo, pelo tempo da respiração. Deixei para lá o antigo tango que abriu o baile de concurso, me deliciei com os outros dois.

Três da matina acordo de supetão, suando, com ímpeto sentado na cama, será que morri? Olho para os lados, luz acesa, copo de uísque aguado e quente. Não, não morri. ainda tonto, uma frase na cabeça: "Nada, nada queda en tu casa natal...".

Levantei atordoado, joguei fora o copo com tudo, peguei outro de vidro, uma nova pedrinha de gelo e derramei o quarto de garrafa que restava. Um golão, um cigarro. Ao voltar para terminar a bebida e a insônia no quarto a memória oculta acordou de vez, caí de joelhos sem sentir, lá se foi o copo, e desandei a chorar. Lembrei de tudo.

Ficou fácil depois.

O tango se llama Nada, autoria de Jose Damés ((28/10/1907 - 7/8/1994), natural de Rosário, Província de Santa Fe, que compôs somente 3 tangos conhecidos, mas 3 para derrubar, conterrâneo da amiga Patricia Vidour, que ilustra estas noturnas ausências com a sua obra El Farolito, e de Horacio Sanguinetti (19/3/1914 - 19/12/1957), de quem quase nada se sabe, salvo a extensa obra e que morreu em Montevideo.

Desta vez não foi dejavu, só desta vez, senhores medicinos. O tango estava cravado em mim desde menino. Só estava apagado, mesmo um guri do mundo não guarda tudo. E a memória dos humanos é fina, forte demais, tanto para lembrar quanto para esconder.

Vai para Dolores.

O cantante é Juan Rafael Pacifico Darthés (São Paulo, 28/10/64), que só nasceu no Brasil. Com respeito ao Juan, gran cantante, iríamos con el "viejo"  Julio Sosa, al tratar cosas viejas del corazón, pero el sonido es mui malo (acá nada, por lo que supongo...). Buenissima interpretación, Juan, Bravo.


NADA 

He llegado hasta tu casa...  
¡Yo no sé cómo he podido!
Si me han dicho que no estás,
que ya nunca volverás...


¡Si me han dicho que te has ido!
¡Cuánta nieve hay en mi alma!
¡Qué silencio hay en tu puerta!
Al llegar hasta el umbral,
un candado de dolor
me detuvo el corazón.


Nada, nada queda en tu casa natal...
Sólo telarañas que teje el yuyal.
El rosal tampoco existe
y es seguro que se ha muerto al irte tú...
¡Todo es una cruz!
Nada, nada más que tristeza y quietud.
Nadie que me diga si vives aún...
¿Dónde estás, para decirte
que hoy he vuelto arrepentido a buscar tu amor?


Ya me alejo de tu casa
y me voy ya ni sé donde...
Sin querer te digo adiós
y hasta el eco de tu voz
de la nada me responde.
En la cruz de tu candado
por tu pena yo he rezado
y ha rodado en tu portón
una lágrima hecha flor
de mi pobre corazón.

martes, 30 de agosto de 2011

El Tango

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A capital em estado de graça, luminosa, corações batendo de amor e paixão. Buenos Aires em Agosto é linda, como é linda sempre. Na Corrientes uma turma de meio bêbedos apertava o passo para não perder o início do espetáculo, todos com o ingresso esquentando no bolso. De graça, o ingresso, mas aquela imensa fila às duas da tarde, só de lembrar, só bebendo mesmo. No bar, a maioria apostou nos argentinos, dois ou três no japoneses.

Quando Carlos Dulcemano Yanés sai do buteco da Sarmiento, com idêntico destino, no bar do lado uma mulher declama a letra infernal:  "Mira lo que se avecina a la vuelta de la esquina, viene Carlito rumbeando. Con la luna en las pupilas y en su traje agua marina van restos de contrabando...". Carlito não pára, nem olha. Sueña en bailar un dulce tango, pecados hoy no más.

Hoje o jornal Clarín trará poucas notícias, é a elite solamente branca, a Globo deles, mas o povo jamais esquecerá este dia. Hay los periodicos de los pueblos.

Que dia. Que noite. Noche del alma.

Foi preciso uma sensacional ronda de desempate para que a dupla colombiana Natasha Agudelo Arboleda e Diego Julián Benavídez vencesse o Campeonato Mundial de Tango de Salão 2011, na final disputada ontem, segunda-feira, no Luna Park, em Buenos Aires.

Pois é: o Festival Mundial de Tango da Argentina foi ganho por um par da Colômbia. Aliás, os cinco primeiros lugares foram para a Colômbia, Venezuela, Estados Unidos, Itália e Japão, sem a presença dos 18 casais argentinos que participaram do torneio.

Para o festival compareceram 490 bailarinos de todo o planeta, além de dezenas de milhares de turistas. O número de pessoas presentes é estimado em 2 milhões na semana.

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, o Tango é de todos, o Tango é... do mundo.

Natasha e Julián receberam cinco mil euros e uma viagem a Paris. Vão dançar aos pés da Torre Eiffel, em grande estilo, leves, sem a tensão da disputa, para delírio dos parisienses que os aguardam ansiosos.

Pela primeira vez na história do Mundial de Tango houve empate, entre o par vencedor e a dupla venezuelana formada por John Erban e Clarissa Sánchez, que terminaram na segunda posição.

Não é como uma Copa do Mundo de Fútbol. Não há roubalheira e mentira, ídolos de barro, nem humanos se socando a matar em octógnos de desespero, vulgares. 

É mano a mano, gente como a gente, sem traiçoeiros jogos de luzes e arrumamentos no corpo. Ao fim: ela e eu conseguimos, a mais ninguém devemos.

"O tango não são os passos, mas sim o amor com o qual você dança. Este amor aparece nos abraços. O tango é um abraço", disse Diego Julián.

Lo qué decir? Arrabalero, milonguero! Al bailao.




O Mundial de Tango teve início há uma semana, dividido em duas categorias: Tango de Salão, ao estilo tradicional (ah, viejo milonguero), sem que os participantes saibam sequer qual o tango que será tocado para a apresentação, e Tango de Palco (Escenario), mais acrobático, um show.

A final de Tango de Palco ocorrerá nesta terça-feira.

Ilustração: El club de mis amores, Tinta e acuarela, da artista plástica rosarigasina Patricia Vidour.

Sombrinha

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Montgomery Ferreira Nunis (30/8/1959 - São Vicente, SP). Cantor, compositor, cavaquinista, banjoista e violonista.

A Charge do Dias

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É do Newton Silva, do Jangadeiro Online (CE).



lunes, 29 de agosto de 2011

Nervos de aço

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Nossa irmãzinha Negra da Boca do Monte vem de lembrar Lucipínio Rodrigues (Porto Alegre, 16/9/1914 - 27/8/1974). No dia 27 se cumpriram 37 anos da sua partida física. Por alguma razão, a palafita se calou nesse dia.

A seguir, Lupicínio lidando com coisa muito séria, como poucos ousaram.

Salve!, seu Lupi.

A Charge do Dias

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Adolfo Dias Savchenko segue desaparecido, supõe-se no encalço da Joana Furacão, que sumiu antes.
Enquanto isso, as turmas do Beco do Oitavo e do Botequim do Terguino seguem se desentendendo. Hoje novamente com duas, primeiro a do Beco, com o Zope golpeando o fígado.



A seguir a do Botequim, com o Jarbas, do Diário de Pernambuco.

domingo, 28 de agosto de 2011

Yo-Yo Ma e Rosa Passos

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Show em Taipei (Taiwan) em 2003.

Yo-Yo Ma (Paris, 7/10/1955) e Rosa Maria Farias Passos (Salvador, BA, 13/4/1952) talvez sejam os mais famosos, pelo menos no Brasil. Mas a turma toda é da pesada: Irmãos Assad, Paquito de Rivera, Cyro Batista, Nilson Matta e Kathryn Stott.

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Capa em 28/8/2011: A primeira ronda da Copa do Mundo transcorreu com poucas surpresas. Talvez a maior tenha sido o brasileiro Alexandr Hilario Takeda dos Santos Fier, que venceu ao chinês Wang Yue, detentor de rating muito superior. Wang é o número 2 em seu país e 35° do mundo. Veja no tabuleiro, um gambito de dama recusado, eslava. Difícil precisar onde Wang começou a perder, mas Fier conduziu seus bispos com rara maestria. Amanhã tem a volta, com o chinês de brancas e na obrigação de vencer.

Nada pessoal, é só negócio, n'A Charge do Dias

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É com Pater, de A Tribuna (ES).

sábado, 27 de agosto de 2011

Palavras, palavras

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O nome de nascimento da cantante é  Anna Maria Mazzini, conhecida como Mina, que adquiriu e foi perdendo sobrenomes a cada casório. Nascida em Busto Arsizio, Lombardia, província de Varese, em 25/5/1940. Uma vida muito compartida. Almodóvar neste momento tenta realizar um filme sobre essa vida, com Marisa Paredes no papel principal, baseado na sua história contada no livro  "Bugiardo Incosciente" (título de uma de suas mais famosas gravações).

Diva de Itália, maravilhosa.

A canção é de Gianni Ferrio, Leo Chiosso e Giancarlo Del Re.
Lindos. A ver onde andam.

Vão dois vídeos. No primeiro, Mina tomou o mundo todo. Ajudada por Alberto Lupo, fez o que os compositores disseram: olha, meu, vai contar história para outra, nessa não caio mais. Cansei de ganhar doces, não quero mais. 
Coisas de amor, coisa  muito séria:



Depois, gostou de rir, a vida é mesmo uma curta passagem, uma brincadeira que se esvai, e riu com o talento de Adriano Celentano, desta vez ela ajudando, novamente com Paroles, Paroles...

Caramelle non ne voglio piú, com jeito para os amigos do blog, que tenham todos um belo fim-de-semana.




A Charge do Dias - De Aroeira

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Como é sábado, a discussão se feriu na palafita, pela primeira vez.

Regados a pinga uruguaia, batizada de flor, os convidados hesitaram, tímidos, lugar estranho, monte de nego armado.

Miravam as charges espalhadas nas mesas, nas telas dos computadores pelas paredes, mantendo a serenidade, compenetrados. Oh, sim, como está boa esta do Nani. Ui, esta do Duke...

Ei, diz o Açafrão, esta aqui do Cazo...

Mr. Hyde mirava a do Paixão, a do Xalberto, do Pater, e imitava a voz do Aldir Blanc cantando: Aos que me gozam no bar...

E percorriam o térreo da palafita, os malandros. Gustavo Moscão parou na do Paixão, umas crianças avoando, sei lá, e terminou a frase do Aldir Blanc, digo, de Mr. Hyde: Dizendo que eu sou o recreio das meninas... reszpondo, andurinhas fazem ninho... em ruínas...

Só não veio o Sponholz, uma pena, mas não dá. Alguma coisa sempre se aprende, com quem gosta de rumba uruguaia.

O sobrinho do Miquirina Segundo largou 18 copos e 6 garrafas de pinga boa na mesa. E ficou de prontidão, na adega tem mais cem, y cervezas. Mais a comida, que veio de Bujumbura, com a negra mais linda, ela mesmo deitou a mesa, com compostura, digna e muito séria, como é de seu jaez.

Juanito Diaz Matabanquero, como eu pronto para sair, deixou o chimarrão quentinho.

Às 10 da manhã perdi a paciência ao telefone. Desci as escadas, disse bom dia, abracei e beijei cada um, já volto meus irmãos, e saí. Saio com o bolero do Aldir na cabeça.  A melodia e a voz do Moacir Luz se perdendo, neste momento dizendo peguei meu remédio mas as mãos tremiam e o vidro caiu... Do Moacir e do Aldir temos retratos nas paredes.

Cá na rua, fecho cantando junto: Aos que me gozam no bar, dizendo que eu sou, o Recreio das Meninas, respondo andorinhas fazem ninho, nas ruínas...".

A saída foi a senha.

Quase se quebraram a pau.

Ao voltarmos, nos deparamos com montes de garrafas vazias, o som de rancheiras gaúchas, os viados de sorriso mole, arriadinhos, dizendo "como vocês demoraram"...

Mas tinham um resultado justo para a maioria, impensável aos perdedores. Todos sem voz, pero más o menitos inteiros. Moscão apagou.
João da Noite, olhos verdes agora em jeito de vidro, anuncia.

Deu...

AROEIRA, de O Dia (RJ).

Carlito Dulcemano Yanés, que chegou junto (fomos buscá-lo) correu a vomitar, o tema muito forte, e muitos dias de sofrimento, estava fraco. Uma beleza ver Carlito assim, o bobo, um lado do chapéu com um buraco de um entrevero com os bandidos de Mr. F. Febraban. Precisava comer e dormir.

Esse Aroeira... mas Juanito Diaz e eu aguentamos firmes. Uma canha aqui pra gente, Miquirina serviu, cada deu um tapa e pedimos outra sem precisar falar. Comida nem pensar por enquanto. Seu Aroeira, a benção.



Café História

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Um dos melhores blogs do Brasil, o Café História, pegou Salito no contrapé. Publicou algo que havíamos deixado para os advogados. Foi o tempo de escrever aqui, o diretor de lá por acaso pegou, nós tiramos depois, mas já era.

Não era nada demais. Era de menos. No dia em que tiramos pensávamos em fritar a pimenta, e naquele dia não passava na cabeça apenas cozinhar.

Como hoje não passa. Naquele dia, disse que o deputado ganhou Kafil, Miquirina, etc. Sim, ganhou: para inimigos. Mal sabe pegar num copo. Mas sabe mentir? Sim, como os bispos da universal, para pessoas... deixa pra lá.

Então vai hoje, tudo. De menos. O Sr. Pimenta e sua turma, ai deus meu... Ainda os verei na cadeia. Estelionatários. Pronto. Hoje, não. Mas um dia vou ver.

Ao Café: aceito não receber o crédito, nada, um passarinho escreveu. Mas, como dizia Paulinho da Viola, não me alterem o samba tanto assim.

E saiba, Café - para o Café amigos cliquem AQUI -  (grato, Schumacher, pelo endereço), me sinto muito honrado: vocês foram os únicos que lembraram de mim, ao me transcrever. Aí mora muita coisa boa, sincera, de coração. Muito obrigado, sério. Altaneiros, para usar uma palavra fora de moda.

E:


"Para que não paire dúvidas, Señor Pimenta, explico o 'não desce', começando pelos erros meus. Desde já, confesso que as ruins não conto, nem as bem boas. O que vai é uma tentativa de entender certos seres humanos, que não entendo.

Ainda menino, numa miséria dos diabos, quando arranjei algum, trabalhando feito condenado, um dia bebi demais e já-já me vi no meio do frége, na rua Ernesto Alves, na calçada, às nove da manhã na frente do puteirinho, com a cafetina no colo, tirando retrato.

Cansado de morar em pensão, de não ter dinheiro... Cansado de ensopar travesseiro no escuro, que vergonha. Depois 69, viramos. Eu no colo da pobre velha perdida. As duas moças dela ao lado, grudadas. Um companheiro, que nunca vi, ajudando. Ele tinha mais grana, eu tinha menos quase nada e uma adaga nas costas, de pegar por cima. Mas fui eu que botei a octogenária no colo para a foto, morto de medo - aquele não era meu mundo - e sorri sem jeito para o fotógrafo, não me pergunte de onde ele saiu. O que me sustentava era a música que vinha de dentro, Eydie Gormé y Los Panchos. "Aunque viva, prisionero, en mi soledad, mi alma te dirá, te quiero...".

Flores Negras, soube 15 anos depois. Um fugido do mato de 20 anos acabou ouvindo um tal de Orlando Silva ao meio-dia no quarto da velha, coisa mais antiga... mas me senti o Número Um na voz do antigo e célebre cantor, ela em pé mudando os vinis com sofreguidão, eu enleado com as duas morenas de 19, pelados na cama, a velha gostava de ver, incentivava as moças, mas ia e voltava para o Número Um.

Descobriram que eu era apenas mais um quando reviraram meus bolsos. Um começo comum. Depois cresci, melhorei. Nunca menti ou roubei, mas fiz horrores de melhor, melhor de pior. Menino... mais filhas que dedos no corpo. Não matei, mas tive vontade, naqueles momentos em que dá mesmo vontade, sanguínea, ao ver tanta miséria, tanta criança penando, tanta mentira, tanta... meu Deus. Isto assim, contado rapidamente, pulando cenas e lágrimas, é apenas para dizer que assumo a foto, seu. Esse sou eu. Se errei, errei, mas fui eu, sozinho. Ninguém me manda, ninguém. A Dilma sabe do que falo. O desmoralizado do Lula é problema teu, sabão de uso pessoal. Guardei cartas.

Venho vivendo sem um centavo. Houve momentos em que pensei em pegar em armas. Só por dar as costas à nomenklatura fedida.

Pero jamais dei ouvidos e assuntos para pessoas falsas, nem para ladrão. Para ladrões e criminosos, vítimas, eu dava palestras em presídios, a convite deles, as "otoridades" jamais me convidariam, mas os presos se revezavam, um deles abria mão de um familiar a cada vez, e sentado no meio do horror, sobretudo, terno e gravata de escravo pelas crianças (já na época sonhava em surrar um banqueiro), no meio do presídio Central onde guarda não era doido de entrar, as galerias pululando de meninos solitários, presos por roubar galinha, por matar patrunfos, por vender droga, todos misturados, eu tomava a pinga deles, firmava a voz e iniciava a la seu Jaime Caetano, grave: meus irmãos de território, é o payador das Missões, que despontou dos fogões, seu bárbaro repertório, que chega prum ajutório.., aquele silêncio sem fim de 1.000 homens onde cabiam 150, e Salito falando sério para não chorar, ouvindo soluços enrouquecidos e outros suaves, marulhar de lágrimas dentro daquilo, mas dizendo que a gente precisa ter fé... palestrava enquanto alguns aqui fora brincavam de bonecas ou iludiam o povo com Sim, te compreendo, querida... Os verdadeiros brutos, aprendi, estão aqui fora, como eu suspeitava desde que nasci, seu moço. Comece olhando para o chefe do seu partido. Se olhar para os dos outros, desmaia.

Nunca andei de sussurros em ouvidos feito coitadas putas da guerra do Paraguay, brincando de fazer bandos contra os... Ara, contra quem, meu.

Num dia em que entrei nervoso em Charqueadas, vi o perigo. Ao me verem nervoso queriam saber quem foi, olhinhos brilhando, pedintes, diz, horas a fio, diz, diz... Enfureci, calem a boca, me respeitem.

Ao mentir, não dizer, salvei a vida de um canalha. Menti então, contrariando o que disse lá em cima, mas esta não vale.

Morri direto dez anos de fome e aguentei. Um nada, nem recordo. Um ovo por dia para comer, se tanto. Acha que acho bonito? E um dia uma mulher me sentou na caixa de ovos que era para um mês. Comi grama. Sopa de grama, já ouviu falar disso?

Fui injusto, por muito moço, falta de pai e de colégio, falta de dentista, falta de tudo, de namorada, de xoxota, de amor, por recalcado (eu não sabia que isso era virtude, eles, os amigos de tipos como os ministros de 1.983 e de agora, diziam que era feio), deixei de valorizar quem me amava e eu amava também. A raiva dos horríveis lá fora me cegava. Hoje sigo sendo injusto, mas muito menos.

Mas, peraí, nunca desci para o escurinho de estacionamento do cabaré de Brasília acompanhado de velhacos sujos como o Marcos Valério Mensalão, levando lero para sei lá o quê, que sei muito bem. Se falei alguma vez com o cara-cortada em cera do José Dirceu foi para chama-lo de covarde em aeroporto, eu desarmado e ele com gorilas. Teve sorte, o filho da puta (nada a ver com mamãe, respeito a minha tanto quanto a do Hitler), não me tocaram, se tivessem tocado ele estaria fora do processo dos 40 ladrões.

Ou 400, sei lá, perdi a conta e a cada dia aumenta mais. A Folha de S. Paulo, e tu, não teriam um colunista amigo e sem vértebras, não teriam esse falso López Rega dos pobres de paris, um ladraozinho.

Se o senhor me disser por que eu faria ou não faria uma bobagem dessas, eu publico aqui no blog. Com a foto do senhor juntinho do Marcos Valério, num escurinho de estacionamento, publico a foto de um menino no colo de uma velha prostituta, com o chapéu, único bem valioso, puxado para cima, lua cheia de ontem na menina dos olhos castanhos.
Ou negue, com o preço mui caro de a ver.

Estou voltando, mais lúcido, mais forte, e com a paciência no fim para moleques que vierem pedir auxílio para a campanha, para "mudar o Brasil". Para arranjarem emprego, se sentirem importantes, seus cacacas.

No entre aspas, serve para o "senhor" deputado, mas é apenas um gancho. Releve no que não lhe servir, do que duvidamos. O senhor não passa de um gancho enferrujado. Ah, sim, quando tenho algum dinheiro, todo mundo tem. Quando não tenho... não tenho. Tenho dó, e desprezo, lamento, gente como o Eike hijito de pápi Maravilha, miss Embraer verde-oliva, o pobre, um bosta que exala... dinheiro. Para quê, cara-pálida, para ver crianças morrendo de fome? Vai levar algum quando a carcaça torrar na queda do jatinho? Sem nenhum, eu já... deixa assim, cada um com as suas impotências. Quase chamo o broxa de impotente."


(Essas as palavras, em original, Salito meio alto. Ruim é quando ficamos com raiva sóbrios, Mr. Café, aí não dá).

E acho que sou nada. Perdi meu amor (para mim mesmo), perdi o 477 do Menino Deus e tudo, não adiantou o sacrifício, melhor seria morrer numa cruz.

E não me arrependo.

Restam as meninas...

Até segunda-feira.



La mentira, o bolero

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Oigalê. Mais uma na mesa 8.

Javier Solís (Gabriel Siria Levario), que nasció salito, dije malito, en 1º setiembre de 1931, mui malito, no hospital de Chimalpopoca - um milagre ter sobrevivido. Se murió num 20 de abril de 1966, eso que es uno de los cantantes más famosos de la historia en México. Creció en el barrio Tacubaya. Alcanzó a terminar sus estudios de primaria, mas no pudo continuar debido a la muerte de su madre adoptiva, situación que lo obligó a trabajar para conseguir el sustento.
Nasceu morto, condenado. Mas... viveu de verdade, sem fingimentos.

Entre los boleros rancheros, la canción más conocida y aclamada es "Payaso", mientras que en el género de las rancheras se destaca por "Renunciacion".

Se han recogido 4 diferentes versiones para su muerte, sin que se tenga por válida ninguna de ellas.


Álvaro Carrillo Alarcón fue un compositor mexicano de música popular nacido en San Juan Cacahuatepec, Oaxaca, el 2 de diciembre de 1921, y muerto en un accidente automovilístico el 3 de abril de 1969. Es autor de más de 300 canciones, entre otras: Amor mío, Sabor a mí, Como se lleva un lunar, El andariego, Luz de luna, Sabrá Dios, Seguiré mi viaje y La mentira.


Aqui na palafita, vamos de mentiras. Deus, como pode?



jueves, 25 de agosto de 2011

Meu loiro, n'A Charge do Dias

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Hoje foi encrencado.

Também, quem manda os loucos (os chargistas) todos virem a mil. Já tinha notado que gostam das quintas: ressaca de domingo à quarta. Tudo bem, hoje que saíram da toca, nós todos nos emborrachamos. Azar do Valdemar.

Pelo bares Botequim do Terguino e Beco do Oitavo, a festiva escolha foi EDRA do Diário de Caratinga (MG). Reconciliaram-se. Adolfo Dias não compareceu, sofrerá desconto em seus polpudos honorários.




miércoles, 24 de agosto de 2011

Falha de São Paulo, ou Na planície

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Há mais de 300 dias (328 hoje, segundo o ábaco da palafita), o blog satírico Falha de São Paulo está sob censura. Liberdade de expressão dobrada a ferro e influência, sem contemplações. Do Juiz que deferiu a liminar imaginamos a cara, e o resto, sentimos vergonha.

O homenageado, o jornal paulista FOLHA DE S. PAULO, conseguiu na justiça dos graúdos o democrático feito, a pretexto de evitar "confusão" entre os nomes.

Entendemos... pessoas que gastam todo dia mais do que o preço de um quilo de arroz para adquirir o bruto jornalão, referência no Brasil, no exterior e na galáxia de Andrômeda, iriam confundi-lo com o bloguezinho. Muito bem. Um quilo de arroz sustenta um esfaimado por 20 dias, se o barão de aves e peixes não sabe.

Hipócritas.

Pior: os rapazes estão sendo forçados a gastar o que não têm para defender-se no processo movido pelos barões hijitos de pápi. Rapazes por demais talentosos, talvez aí o ferimento no coração de alguém.

Às incontáveis manifestações de repulsa mundo afora, somou-se a de Julian Assange, do WikiLeaks, até agora o favorito ao título de Espantado do Ano aqui do blog, e a de Homem do Ano em outras publicações igualmente sérias, que classificou o ato de "grande escândalo".

Particularmente admira-nos o silêncio de gente como Janio de Freitas, Clóvis Rossi, Carlos Heitor Cony, Eliane Cantanhede e por aí vai. Mais os "oponentes" Dorucha Kramer, Beatriz Fagundes, Augusto Nunes, ... todos. Sempre tão democráticos. Se abriram a boca não vimos. Abriram? Estariam de acordo com o chefão da Folha? Ou são pagos somente para meter o bedelho nos negócios dos outros?

Entenda-se "outros" como qualquer vivente de fora desse círculo vicioso da imprensa nacional, propriedade de patrunfos viscosos que toleram sarneys desde sempre, fingindo amaldiçoá-los. Iguais.

O impoluto, único, perfeito, Juremir Machado da Silva abriu a boca, no RGS, vá lá que só uma abridinha, furtiva, e vá lá que não era contra os estelionatários da Universal, que o pagam. Abriu onde ninguém abre. (Para nós, Juremil, tu e nada é a mesma coisa, siga falando dos outros, teu salário, tuas palestras, você merece, correr pra onde, né, a Universal é tri).

Mas abriu.

Pois eis que agora o deputado Paulo Pimenta, do PT-RS (pela foto ganhou Kafil, Miquirina e os outros 23 moradores fixos da palafita), vem de requerer Audiência Pública na Câmara dos Deputados. Quer que o chefão Otávio Fritas Filho, o Otavião, e mais alguns escravos da FOLHA DE S. PAULO compareçam e se expliquem - como se estupidez pudesse ser explicada -, inclusive abordando as razões do sepulcral silêncio de toda a mídia diante do vergonhoso embargo. Mídia que todos os dias ataca, com nomes e articulistas, tiroteando às cegas, querendo enganar a quem? Falam, escrevem todos os dias, baixando o pau em corporativismo na política, na medicina, nas classes armadas (aqui se cuidam, dobram a língua), e em outros segmentos. Sobre o possível emprego na firma do "inimigo", amanhã ou depois... Neca pau, nem uma palavra. Nada.

De novo: hipócritas.

Finalmente, deu uma dentro, Sr. Pimenta. Não desces na goela de Salito, o 26º habitante, pero este sabe reconhecer. Abaixo irão um monte de letrinhas entre aspas, um acerto de contas, digamos, mudando o tempo e  o verbo, com autorização de todos na palafita, (letrinhas suspensas, por ora, era pólvora em chimango, segundos os advogados) que a estas horas somam 30, mas que em nada pretende deslustrar, nem poderia, o que neste parágrafo se diz, com sinceridade: um lance mui digno o senhor cometeu, xeque ao Rei, inolvidable. Parabéns mesmo.


Constrangeu-nos sobremaneira ter de escrever estas mal-traçadas, mesmo pegando leve. A Folha, como instituição, os seus profissionais, os seus leitores, todos ávidos por mudar o Brasil para melhor, precisava melhorar, como sempre é preciso. Daí a sátira que engrandece o satirizado. Ninguém merecia tamanha exposição ao ridículo, culpa de mentes que perderam o ônibus 477 para o bairro Armênia, lejos dos fabricantes do insultuoso boneco Lulalelé, mais longe ainda dos escravagistas, bois guampudos de arado, da Avenida Paulista, longe de tudo, não captaram o que vem... está vindo, ondas pequenas, aumentando... gigantes daqui a pouco, irrefreáveis como a morte e o esquecimento. Preferem esconder-se na quimera que se esfuma, como a brancura da espuma, que se desmancha na areia (salve, seu Ary Barroso).

Repense, Otávio Frias (o Fritas era sátira, caro barão herdeiro, ora...): perderam feio para os meninos. A briga e a dança. A razão. Agora a cena e o cenário estão piores do que quando o Collor mandou a polícia invadir a Folha, motivo do libelo de capa com a sua assinatura, defensor do Brasil, ou dos cacos de ouro herdados. Na briguinha de riquinhos despeitados, saímos, povinho fodido, à rua pela Folha.

Agora o dinheiro pode ser menor, do lado de cá, flagrantemente, mas a causa é a mesma: a liberdade, que não tem preço. O envoltório que deste a essa lambança, seu moço, cheira muito mal. A dinamite você plantou, jogou em rostos limpos a pólvora. O fio nós e outros estenderemos, com paciência. E aqui nos referimos ao descontentamento da blogosfera independente, armada tão-somente de espírito.

Não espere a faísca.

Pero el dia vendrá en que seas, para mi no más, no más.

Repense, e pare já com isso.


Y así pasan los dias. Na planície.



A Charge do Dias

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Clayton, de O Povo (CE).



martes, 23 de agosto de 2011

A Polícia Federal

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Estávamos de viagem até o Burundi por aqueles dias (alguns aeroportos e companhias aéreas no exterior até parecem brasileiros, de tão ruins), então deixamos escapar a Nota abaixo. Falha nossa. Um belo e sincero cala-boca na politicalha.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal vem a público esclarecer que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar.

A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas.

Milhões de reais – dinheiro pertencente ao povo - são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem “ estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal”. Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro.

A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. Agora, a tática volta ao cenário.

Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos.

De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal.

A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.

É uma pena que aqueles que se dizem “estarrecidos” com a “violência pelo uso de algemas” não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte.

No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada.

Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende.

Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa.

A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: “a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos”.

Brasília, 12 de agosto de 2011

Bolivar Steinmetz

Vice-presidente, no exercício da presidência

A Charge do Dias

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Hoje foi rápido, em dez minutos (cinco deles para o Gustavo Moscão entender a charge) a turma optou pelo Nani.


Noite cheia de estrelas

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O tango-canção é de 1932, de autoria de Cândido das Neves (Rio, 24/7/1899 - 14/11/1934). O cantor (tenor) é o célebre Vicente Celestino (Rio, 12/9/1894 - São Paulo, 23/8/1968).

Onde anda você

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Hay momentos em certas madrugadas em que as paredes da palafita parecem apertar, espremer...

lunes, 22 de agosto de 2011

O ateu, o "profeta" e a TV brasileira

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Todos sabemos que não convém se discutir religião, futebol e política. Tudo bem. Mas isso também não pode virar tabu, quando se tornam temas perigosos, certas torcidas organizadas não nos deixam mentir, afinal são coisas que estão no nosso dia a dia.

Quanto a religião, a nossa Constituição Federal consagra a liberdade de credo, e com isso estamos todos felizes. Tem gente que tem até o Corinthians como religião, nada demais, e assim vamos convivendo pacificamente.

Em antiga definição (Mattos Lopes),  religião é a "crença na (ou sentimento de) dependência em relação a um ser superior que influi no nosso ser, ou ainda, a instituição social de uma comunidade unida pela crença e pelos ritos".

Também é notório que "o que para um homem é religião, pode ser considerado por outro como uma superstição primitiva, imoralidade, ou até mesmo crime, não havendo possibilidade de uma definição judicial (ou legal) do que venha a ser uma religião", no dizer de Konvitz.

José Afonso da Silva fala da liberdade de crença: "... a liberdade de escolha da religião, a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo. Mas não compreende a liberdade de embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença...".

Agora um tempinho para examinar a atuação do elemento que se diz "profeta", abaixo.


Não demora o..., o... (dizer o que, do pobre homem, que quer tomar o dinheiro dos irmãos apenas?) estará apertando a cabeça dos "crentes", pressionando a testa e berrando: "Desaloja, Satanás, desaloja!", sem despregar o olho do bolso da vítima.

Neste caso, deu na Folha (18/8/2011) que o Ministério Público Federal entrou com uma ação contra a RedeTV! (ex-Manchete, arrematada por um empresário patrunfo, com a aprovação do Congresso Nacional, poucos dias antes que fosse decretada a sua extinção) e a Igreja Internacional da Graça de Deus sob acusação de terem ofendido os ateus.

Na ação, a Procuradoria reclama de frase dita pelo pastor João Batista no programa "O Profeta da Nação", exibido no dia 10 de março.

"Quem não acredita em Deus pode ir para bem longe de mim, porque a pessoa chega para esse lado, a pessoa que não acredita em Deus, ela é perigosa. Ela mata, rouba e destrói. O ser humano que não acredita em Deus atrapalha qualquer um", disse o pastor, como vimos.

O Ministério Público pede na Justiça que a emissora e a igreja exibam uma retratação durante o programa e uma explicação sobre a diversidade religiosa. As mensagens devem ter, no mínimo, o dobro do tempo da crítica do pastor.

Muito bem, parabéns ao Ministério Público. Mas a ofensa aos ateus é apenas a ponta do iceberg.

E o estelionato? (Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento). 

Observemos os circunstantes. Todos de aparência simples, não? Gente crédula. De doer. Pois é dali que eles tiram 25 milhões de reais por mês para alugar a tevê do Sílvio Santos pela madrugada, empestando ainda mais uma programação que sem essas barbaridades já é puro lixo. O povo da palafita é agnóstico. Podemos pregar o agnosticismo, firmes na Constituição Federal. Agora, podemos difundi-lo usando da coisa pública, em flagrante ofensa aos outros donos - todos os brasileiros - dessa coisa?

A televisão é concessão estatal, lembremos. O Estado permite que a Band, o SBT, Rede TV, etc., explorem o que é nosso, inclusive dos ateus, e em nome da livre concorrência temos que desligar a tevê, para não vermos interesses individuais (na verdade, achamos que isto tem outro nome) se sobrepondo ao interesse e ao bem comum. Que contratos de concessão são esses que o governo assinou com esses patriotas?

A Constituição diz:

Art. 221 - A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:


I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.


Onde enquadramos, na Lei Maior, toda a picaretagem que vemos? Se deixarmos por eles, os concessionários, cara Dilminha, caros Ministros, já viram, não é? A sanha pelo maldito dinheiro não tem limites, são todos bandidos incultos, suas almas rudes não respeitam nada, a única coisa que importa é mais dinheiros, e mais, e mais. E esperar o que do Congresso Nacional, lotado exatamente de lalaus de almas rudes, muitos deles "pastores" ou mandaletes de pastores? Ora, pastor. Pastor é Juanito Diaz Matabanquero, que tem lá sua criação de cabras.

Resta-nos somente o Ministério Público, pois o Executivo, preso a acertos políticos e aos votos do povão, está de mãos amarradas. Se nada pode ser feito para impedir o estelionato dos simples, em ambiente particular que cada um escolheu, será que ao menos não se pode evitar a invasão dos lares, verdadeiro estupro de mentes, de um mau-gosto exorbitante, via concessões de tevês do Brasil? Vejam aí, pessoal, não haveria um jeito de se pedir em juízo o cancelamento das concessões, pelo desvirtuamento do objetivo?


Copa do Mundo de Xadrez

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Neste 27 de agosto terá início a Copa do Mundo de Xadrez, em Khanty Mansiysk, na Rússia. Os 128 melhores cérebros de 46 países, num terrível mata-mata, inteligências de foice no escuro. 

Já imaginamos o estardalhaço que a Rede Globo e suas congêneres irão fazer em horário nobre: cobertura com 25 repórteres, 50 câmeras, entrevistas com especialistas, a começar pelo nosso Sultan Khan, etc.

Ironias à parte, entendam os amigos que, por alguma estranha razão, virou compulsão aqui no blog de vez em quando dar um bico nas canelas dos débeis mentais da cleptomaníaca tevê nacional, eles nada sentem mesmo.

O vencedor estará qualificado para o próximo torneio de Candidatos ao título mundial, no ano que vem. Neste ano, como sabemos, o vencedor do Candidatos foi Boris Gelfand, que será o desafiante do campeão mundial  Vishy Anand.

Em Khanty Mansiysk estarão todos os cobras, à exceção do campeão do mundo, por razões óbvias, e das feras Magnus Carlsen, Vladimir Kramnik, Levon Aronian e Veselin Topalov, que acreditamos já qualificados para o Candidatos.

Defendendo as cores do Brasil, solitários, quase que abandonados pelo seu país, teremos os nossos bambas Alexandr Fier, Diego Rafael Di Berardino e Darcy Lima. Com sério risco de sairem fora já no primeiro dia: no sorteio, pegaram as pedreiras Yue Wang (35º do mundo), Gata Kamsky (15º) e Peter Svidler (16º), pela ordem. Darcy, então, o rei do peso: foi premiado com o sujeito (Svidler) que além de ser o 16º do mundo, tem o melhor desempenho do planeta em 2011 e acaba de vencer o fantástico Superfinal da Rússia.


A abertura do torneio se dará no salão de concertos do Ugra Classic Theater, com a exibição do filme "Ugra - a capital do xadrez", ao som de Mozart e Vivaldi.

Além dos brasileiros, a palafita torcerá, como sempre, para os cubanos e para Baadur Jobava, da Geórgia. Se Jobava estiver naqueles seus dias de alucinação... mamma mia! Tomara.

As emoções serão AQUI. Mais a cobertura de uma dezena de sites mundiais e das tevês de outras plagas.


(Fotos: Galina Popova)















Se beber, não dirija

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Este comercial australiano está com quase 13 milhões de acessos no Youtube.

É pouco.

Um tango para os 40 do Lula

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Conforme se disse na postagem anterior, Adolfo Dias Savchenko e as turmas do Botequim do Terguino e do Beco do Oitavo resolveram homenagear o Lula. Sutis como só: uma caravana de elefantes andando sobre os cristais do Palácio do Planalto.

Hesitaram, pensaram em Las cuarenta, mas desistiram, não diz o que querem dizer, os 40 do Lula é outro papo, no Abre, ó Simsim, é conto, nada tem a ver com gíria. Ficaram mesmo com o célebre tango de Enrique Santos Discépolo

Menção ao autor e dados sobre o cantante estão lá na postagem de 17/9/2010, clicando em Cambalache.

Aí está, pessoal, con El Varón del Tango, Julio Sosa.



A Charge do Dias

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Nos primeiros aperitivos do dia, acompanhados de chimarrão, às nove da manhã, nova guerra entre Adolfo e seu pessoal, iniciada no Botequim do Terguino. Já no segundo tempo, no Beco do Oitavo, a cizânia ficou incontornável: bate-boca, desaforos... O Gustavo Moscão quis sair no braço com Mr. Hyde. Até Churumel, o encantador de serpentes, sempre tão calmo, deu um soco na mesa que fez voar todos os copos. Todos menos o de João da Noite, aqui ó que alguém derrama seu merengue.

Por algum tempo desviaram do assunto: decidiram oferecer um tango para o Lula, aqui pelo blog, e passaram a discutir qual seria. Em cinco minutos houve unanimidade, e nos encaminharam o requerimento por correio eletrônico: "Ilustre amigo Salito, por meio destas humildes mal-traçadas...". Ora, gente, para que tanta frescura? Está deferido. Já tocamos o tango aqui, mas por uma causa assim tão nobre repetiremos.

Os boêmios acabaram ficando com uma, Adolfo com outra. Não entendemos essa teimosia, parecem crianças. Somente recebemos o resultado às duas da tarde, quando todos estavam almoçados e bebendo cerveja, amigavelmente, cheios de mesuras uns para os outros. A trégua vai até amanhã de manhã.

O pessoal ficou com Humberto, do Jornal do Commercio (PE).



Adolfo não arredou pé do Simanca, de A Tarde (BA).