jueves, 31 de marzo de 2011

Carlos Eugênio Paz é o cara

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Pra gente que há 30 anos vem ouvindo, de um lado os defensores dos criminosos (mataram, torturaram, se locupletaram e precisam defender...), de outro os patifes futuros mensaleiros e cuequeiros, é um bálsamo a entrevista realizada por Ana Helena Tavares (pinçamos do Outras Palavras). Parabéns, Ana.

Diferentemente de alguns idiotas que se julgam "o cara" mas vivem lambendo as botas e chorando a morte de empresários ladrões, Carlos Eugênio Paz não se acha o cara. Mas é.
Abraço!, Paz.



Um escritório próximo à Cinelândia, a pouquíssimos metros do teatro que foi palco do discurso oco de Barack Obama, tem sido o local das reuniões de pauta do jornal online Rede Democrática. Na noite de sexta-feira, 25 de Março, tive a felicidade de participar dessa reunião e, em seguida, entrevistar um de seus membros: Carlos Eugênio Paz.

Podem chamá-lo de comandante “Clemente”. Entrou para a Ação Libertadora Nacional (ALN), quando esta organização política ainda era o chamado “Grupo Marighela” do Partido Comunista. Era um jovem de 16 anos. Naquele ano, 1966, a ditadura brasileira estava no “olho do furacão”, como definiu, dizendo que talvez isso tenha contribuído para sua sobrevivência, além de, principalmente, a lealdade de seus companheiros.

Minha intenção era entrevistá-lo sobre a Lei de Anistia, mas a conversa, saborosamente informal, e acompanhada por outros quatro integrantes da “Rede”, todos ex-guerrilheiros, aos quais dei a liberdade de intervir no papo, durou mais de uma hora. Mesmo porque ele não tem o menor problema em falar sobre seu passado. Ao contrário, acha isso importantíssimo. Tanto que já escreveu dois livros sobre o assunto: Viagem à luta armada e Nas trilhas da ALN. Tem um terceiro, pronto pra ser publicado.

“Se é revanchismo prestar contas com a história, sou revanchista”, diz com ironia Carlos Eugênio. Na verdade, ele se considera um “humanista”, que fala do Brasil como “um país a ser reconstruído”. A pauta não poderia ser mais variada. Conseguimos ir das reformas de Jango ao “erotismo de açougue” do BBB. Dos desaparecidos políticos ao estupro como “método de governo”. Da medalha jogada por “Clemente” num bueiro em Copacabana à jurisprudência dos “crimes conexos”, gerada por sua deserção do exército. Da ausência de nomes, como Apolônio de Carvalho, nos livros de história, à onipresença do STF na interpretação das leis de hoje. De Médici como atual patrono de novos oficiais das Forças Armadas à tradição militar de não queimar arquivos… Das mentes desperdiçadas pelo golpe ao “pacto de conciliação” que inexistiu – “Onde eu assinei?”, perguntou ele. Dos mais perversos métodos de tortura, como a “malfadada coroa de Cristo”, à importância da erradicação da fome. De Karl Marx, com a mais-valia, a Jean Paul Sartre, com “o inferno são os outros”. Da ditadura entendida como “opção golpista da direita brasileira” à “democracia domesticada” pelas… “antenas de TV”.

Saí com a conclusão de que a palavra “herói” está completamente desmoralizada e de que existe uma “democracia post-mortem” para aqueles que foram tiranos em vida. Entrevista altamente aconselhável para quem ainda acha que luta armada, contra um regime de exceção, é terrorismo. “Eu tenho um profundo orgulho de ter participado dessa luta. Olha, eu vou morrer orgulhoso. Sou um nordestino orgulhoso. Meu pai dizia: “Orgulho besta!” E eu dizia: pois eu sou besta, pai.”, confessou “Clemente”.

Ana Helena: Você foi o comandante mais jovem da ALN e o único que não foi preso nem torturado pela ditadura. Quais os fatores decisivos pra isso?


Carlos Eugênio: É difícil definir. Acho que duas ou três coisas contribuíram pra eu ter sobrevivido. Digo ter sobrevivido, porque, se eu tivesse sido preso, eu já estava condenado à morte, tanto formal quanto informalmente. Porque tinha pena de morte no Brasil durante a ditadura. E eu fui uma das quatro penas de morte pedidas.

Quanto a minha sobrevivência, acho que se deve primeiro ao fato de eu ter entrado cedo. Tive mais tempo de aprender e tinha características individuais próprias pra um guerreiro. Tinha um físico avantajado, dirigia muito bem, atirava bem e tinha um fôlego muito grande. Era praticamente incansável. Ou seja, eu tinha algumas facilidades para a guerrilha urbana. Da rural, nunca participei.

Tem um pessoal que fica meio chocado com esse negócio de idade… Eu queria perguntar: qual foi a guerra travada por velhos? As guerras são dirigidas por homens velhos, devido à sua sabedoria. É o caso do general Giap, que dirigiu a guerra do Vietnã. Agora, o combatente tem que ser jovem. No Vietnã mesmo, você via garotos de 14, 15 anos, lutando na frente de libertação deles.

O “olho do furacão”

Outro fator que creio ter contribuído pra minha sobrevivência é, por incrível que pareça, o fato de eu ter entrado no “olho do furacão”. Você sabe que quando o furacão passa, o momento de calmaria é justamente quando você tá no olho. Quer dizer, você tá ali no meio, o vento fica rodando em volta e você nem se despenteia. Quando eu entrei na organização, com 16 anos, eu já estava sendo apresentado ao Marighela e eu acho que isso tem a ver, porque eu mergulhei aí. Por orientação dele, em vez de ir pra Cuba naquela época, fui pro exército brasileiro pra treinar e aprender a ser um militar.

Os companheiros

Há todas essas razões, tem o acaso, tem tudo, mas a razão mais importante são os meus companheiros. Apesar de eu ter sido por muitos anos a pessoa mais procurada da Ação Libertadora Nacional, eu fui umas das menos abertas. Não no sentido de ninguém dizer “ah, ele fez isso, fez aquilo”, mas me preservaram no sentido de não abrirem meus pontos de encontro. Fui agraciado pela valentia, pela dignidade dos companheiros que foram torturados pra dizerem onde eu estava – e muitas vezes eles sabiam – mas não disseram. Minha sobrevivência eu dedico a eles.

Ana Helena: Como foi uma história de que você ganhou uma medalha do exército e a jogou fora num bueiro em Copacabana?

Carlos Eugênio: Bom, eu fui condecorado com a medalha de melhor soldado do Forte de Copacabana. Era simples ganhar essa medalha. Por que? Porque eu era o único soldado que estava treinando realmente. Os outros soldados todinhos estavam danados da vida de estar lá. Estavam putos, a palavra certa é essa. Ninguém queria servir o exército. Era um atraso de vida. Se o cara era de classe média, estava prejudicando os estudos. Um ou outro queria até estar na instituição, mas não tinham vontade de treinar. Eram caras pobres, que moravam em favelas e o exército para eles era uma certa proteção. Tinham ali o soldo, que era pequenininho, mas almoçavam, comiam e tinham a roupa lavada. Era uma fonte de sobrevivência, mas não queria dizer que estivessem a fim de se esforçar no treinamento. Eu estava.

“Pra comandar, tem que obedecer”

Fui lá com uma tarefa de aprender a ser um bom militar. Então, me dediquei muito, muito. “Ah, vamos fazer uma corrida…” Opa, já ia eu lá… O Marighela dizia: “Pra comandar, tem que aprender a obedecer”. Lá fui eu obedecendo… (risos) E ele dizia mais: “Você tem que aprender o pensamento de um militar. Porque nós vamos precisar de quadros militares”… Eu ficava observando os militares, como eles pensavam, e tentando me transformar num deles… Foi realmente o que aconteceu.
Em Outubro de 1969, eu ganhei a medalha. Levei pra casa, só que houve um problema. Logo em seguida, minha irmã foi presa e torturada, barbaramente, pelo mesmo exército que havia me condecorado. Então, peguei essa medalha e joguei num bueiro na Av. Princesa Isabel, perto do túnel novo. Estava junto com dois companheiros que, infelizmente, não podem estar aqui pra contar história: Luiz Afonso Miranda Rodrigues, o “Girafa” (da ALN); e o Aldo de Sá Brito, meus amigos de infância, de começarmos a vida juntos.

Ana Helena: O Aldo de Sá Brito teve uma morte perversa. Queria que você comentasse como foi isso.

[“Um dos melhores quadros da esquerda”, diz um dos presentes]


Carlos Eugênio: O Aldo era sobrinho-neto do cardeal do Rio de Janeiro. Foi preso numa ação de uma expropriação de um banco em Belo Horizonte. A polícia chegou no final do assalto e eles foram tiroteando com a polícia. Ele entrou num prédio de apartamentos, tentou pular da janela do segundo andar pra ir pra outro prédio, caiu e quebrou um osso da bacia. Não conseguiu fugir. Foi preso e torturado até a morte com a famosa “coroa de Cristo”.

A “coroa de Cristo”

Ele é um dos casos comprovados do uso da malfadada coroa de Cristo. Trata-se de um aro de metal, colocado em volta da cabeça, com parafusos do lado de dentro do aro. Daí eles iam regulando e comprimindo o crânio até arrebentá-lo. Outra companheira que morreu assim foi Aurora Maria Nascimento Furtado.

Ana Helena: Sobre a Lei de Anistia, como é que você vê a decisão do STF, que reafirmou a impunidade dos torturadores?

Carlos Eugênio: Primeiro, eu acho um absurdo o STF tratar disso. Segundo, o problema da Lei de Anistia não começa com o STF, mas com a própria Lei de Anistia. Essa lei foi parte do processo de passagem dos governos militares para os civis. Não houve uma vitória de um lado. Eu costumo dizer que, no Brasil, a ditadura não caiu, ela se transformou.

A “democracia domesticada”

E, ao mesmo tempo em que se transformava, ela foi criando um novo sistema político que é esse no qual nós vivemos hoje. Chamo de “democracia domesticada”. A expressão é do meu amigo Luiz Felipe Miguel, que tem um texto com este título. Porque ainda estamos muito distantes de uma democracia popular e mais distantes ainda de uma democracia direta, que é a forma para a qual, eu acho, a humanidade tem que caminhar pra ela. Primeiro a popular, depois a direta.

A lei de anistia

Chegou um momento em que a ditadura não conseguia mais se sustentar. Os militares estavam muito desgastados. Não conseguiam mais controlar a economia do país, não conseguiam mais se manter no poder enquanto ditadura, aquela que de cinco em cinco anos trocava de ditador. Ressurgiu um movimento popular. Primeiro, a campanha da anistia tornou-se um clamor crescente na sociedade civil. Até que os militares foram obrigados a fazer uma lei.
Só que ela foi sendo reformada. Na primeira versão, votada em 1979, quem participou dos chamados "crimes de sangue" - ações onde morreu alguém - não estava anistiado. Eu, por exemplo, que participei, estava fora. Naquele ano, quem saiu da cadeia, não foi pela anistia, foi por indulto de Natal. A famosa anistia "Ampla, geral e irrestrita" não aconteceu no Brasil.
["inicialmente, permaneceram restrições políticas", lembra um dos presentes]. Além disso, anistiava-se tanto quem lutou pela liberdade como aqueles que solaparam a liberdade.

A jurisprudência dos “crimes conexos”

Quando voltei ao Brasil, dois anos depois da Lei de Anistia, eu ainda não estava anistiado. Tive que travar uma batalha jurídica clandestina. Em Março de 1982, entrei na embaixada francesa em Brasília e recorri ao STF. Lá é que eu acabei sendo anistiado, em 6 de Maio de 1982, sendo que a lei é de 79. Quase três anos depois. Foi através de um artigo para o qual  eu, infelizmente, criei jurisprudência, que é o dos crimes conexos.  

Eu desertei do exército. E eles diziam: “é crime militar, não é crime político”. Aleguei, então, que desertei, porque militava na ALN e lutava contra a ditadura. E a jurisprudência é que os torturadores foram incluídos justamente nesse artigo. De que maneira? Tortura não é crime político, é crime contra a humanidade. Mas foi cometido por motivações políticas. Foi esse o entendimento do parecer emitido pelo STF.

Humanistas, socialistas, comunistas e democratas

No Brasil, os dois lados estão anistiados. Através de uma lei surgida de um acordo, que foi o possível de se fazer na época. Não é que se diga: “Ah, não devíamos ter aceito aquele acordo”… Essas coisas em história não existem. Você faz o que tem força pra fazer. Se a gente tivesse mais força, a gente tinha tomado o poder, instalado uma democracia popular e punido todos esses torturadores com penas de prisão. Jamais a de tortura. Porque nós nunca torturamos, nem torturaríamos. Somos humanistas.

O julgamento histórico é o principal

Sinceramente, eu acho que o julgamento histórico é o mais importante de todos. Primeiro porque muitos dos torturadores já morreram. Segundo porque havia uma “cadeia de comando” nisso tudo. O cara que ia torturar era o último da “cadeia alimentar”. Estava imediatamente antes do prisioneiro, era quem o tocava. Imagine se general Médici alguma vez tocou em algum prisioneiro… Ou Costa e Silva, ou Castello Branco… No entanto, partiu deles a instauração de um regime cuja manutenção do poder baseava-se na censura, na tortura, no assassinato, no sequestro de militantes políticos opositores, etc…
Esses é que devem ser primeiramente julgados. E a eles, infelizmente, só vai caber o julgamento da história. Agora, como a gente pode viver num país em que o Médici é tratado como presidente? É só pegar o seu livro de história… [“Nós vamos voltar pra casa atravessando a ponte Presidente Costa e Silva”, lembrou um dos presentes referindo-se à Rio-Niterói]. Como é que pode?

O exemplo francês

Estou chegando da França. Fui passar um tempinho lá na casa de amigos. Em cada canto de Paris, você encontra uma placa: “aqui morreu um combatente da liberdade assassinado pelas forças de ocupação nazista”. E as pessoas que colaboraram para o regime nazista são todas conhecidas. Inclusive, algumas tiveram a coragem política de escrever livros e assumir essa colaboração com o regime de Vichy. E há gente a favor deles.

Uma opção da direita brasileira

Como aqui, é evidente que muita gente colaborou com os militares. Não tivemos uma ditadura militar com um bando de generais de opereta que resolveram dar um golpe de Estado. Foi a direita brasileira que optou pelo caminho golpista e usou as forças armadas como ponta de lança.

Apolônio de Carvalho X Duque de Caxias

Temos o privilégio de sermos a pátria de nascimento de um herói de três países. Sabe lá o que é isso? E até hoje nós não o chamamos de herói… E eu vivo dizendo isso por aí: para mim, Apolônio de Carvalho deveria ser o patrono do exército brasileiro. Ele foi resistente da guerra da Espanha, herói da resistência espanhola, coronel e herói da resistência francesa, ganhando a mais alta condecoração que é a Legião D’Honeur… Você chega em Toulouse, na França, e todos sabem quem foi Apoloniô de Carvalhô…

Porque foi ele quem dirigiu as tropas da resistência que libertaram Toulouse… Eu fui agora e há uma placa em homenagem a ele. No Brasil, até hoje a história não o fez justiça. Enquanto o general Duque de Caxias, um homem que era assassino de negros e dos irmãos paraguaios, é o patrono do exército… [“Ainda passaremos pela rua Moreira César”, completou um dos presentes, referindo-se ao algoz de Canudos].

E assim caminha o nosso exército…

Recentemente, a Academia Militar das Agulhas Negras escolheu Emílio Garrastazu Médici como patrono de uma turma de novos oficiais. Olha só isso… Nossos jovens oficiais sendo educados dentro do pensamento do general golpista. Um general que mandou matar e torturar milhares de brasileiros [“o pior governo militar”, definiu um dos presentes]. A gente fica pensando… “E a punição aos torturadores?”… Tudo bem, quanto aos que ainda estão vivos, se a gente conseguir julgá-los e levá-los a tribunal dentro das normas vigentes no país. Tudo bem, vamos lá… Mas mais importante que tudo isso é o julgamento da história. E é disso que a gente tem que correr atrás…

O Brasil não abre arquivos, mas o exército não os queima…

Porque, por exemplo, os arquivos da guerra do Paraguai… Tente você, como jornalista, acessá-los pra ver se você consegue… Não, porque nesse país há uma tradição de não se abrir arquivos. Ficamos nessa discussão sobre a abertura dos arquivos militares e se eles existem. Existem! Se tem uma coisa que militar faz é arquivo. E se tem uma coisa que militar não faz é queimar arquivo. Ele finge que queima. Ele queima uma parte que não tem importância, mas a parte principal tá lá.

Cadê, onde, como?

E nós queremos saber… Por exemplo, onde está Paulo de Tarso Celestino? Onde está Virgílio Gomes da Silva? Onde está Heleni Telles Guariba? Onde estão todos esses companheiros que desapareceram, sumiram, as famílias não conseguem encontrá-los nem enterrá-los, simplesmente pra ir lá no dia em que quiserem e colocar uma flor no túmulo? Onde estão esses corpos? Como eles morreram? Por ordem de quem? Em que circunstâncias? Como é que a coisa aconteceu? Essas pessoas vão viver o resto da vida, gerações e gerações, e vai ter um elo que nunca vai se fechar… Nunca? Onde está Stuart? Como mataram a mãe de Stuart?

Caminhar pra frente

“Ah, mas vamos deixar isso pra lá pra gente caminhar daqui pra frente…” Isso não é caminhar pra frente. Caminhar pra frente é exatamente você limpar o terreno — e se alguém tem que ser punido, que seja… Ficam falando sobre a “Comissão Nacional da Verdade”… Que tem que olhar os dois lados… Mas o nosso lado já foi julgado, condenado e cumpriu pena. Quem não foi julgado e condenado foi o lado de lá. E estupro e tortura são crimes hediondos, inafiançáveis e imprescritíveis. O mundo inteiro reconhece isso. [“Poucas das mulheres que foram presas tiveram a sorte de não ser estupradas e isso era liberado pelos generais”, lembrou um dos presentes]. O estupro não era feito por torturadorezinhos tarados. Isso era uma política, era um método de governo.

Ana Helena: Voltando à Lei de Anistia, você comentou que acha um absurdo essa discussão ter ido parar no STF. A tarefa é de quem, então? Do Congresso?
Carlos Eugênio: As leis, segundo a nossa Constituição, são tarefa do Congresso. Mas agora virou mania… É o STF que interpreta a lei. Quando eles simplesmente tinham que ajudar a aplicar a lei. Eles não podem ficar dizendo: “Isso aqui é assim e não pode mudar”. Que história é essa? E, se a gente conseguir uma maioria no Congresso e resolver mudar a Lei de Anistia, não pode porque o STF diz que não pode? [“Ainda tem uma coisa... no Congresso, as pessoas são eleitas e têm mandatos por tempo determinado... no STF, não são eleitos e são vitalícios... isso é uma aberração”, frisou um dos presentes ]. O sujeito comete um crime, como aquele juiz “Lalau”, e a grande punição dele é ir pra uma aposentadoria compulsória, recebendo o mesmo valor de que se ele não tivesse cometido o crime. Não vai trabalhar mais e vai poder ganhar dinheiro… Vai poder jogar na bolsa, vai ter tranquilidade…

Ana Helena: Quanto à punição aos torturadores, você comentou e todos sabemos que muitos já morreram. Ainda cabe aos vivos uma punição de prisão?

Carlos Eugênio: Primeiro, eles têm que passar pra história pela porta que entraram: a lixeira. Porque alguém que comete um atentado contra a democracia, que derruba um governo eleito pelas regras democráticas – parte de uma das Constituições mais democráticas que o Brasil já teve, a de 1946 – que era legítimo e representativo, alguém que arrebenta as portas da legalidade, instaurando um governo ditatorial, tem que passar à história como isso: como ditadores, inimigos da democracia e torturadores. Agora, há uma coisa, que não é questão moral: a Comissão Nacional da Verdade, aprovada ainda no governo Lula. Nós já falamos a verdade…

(segue AQUI)


















lunes, 28 de marzo de 2011

Razão para Viver

A pedido de Dolores. E ao pessoal de Bagé, valiosos demais.

Ele, Frejat, que cada vez que ouço morro de saudades do Cazuza. Viva!, Frejat.

domingo, 27 de marzo de 2011

Bastião

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Quando João me saiu com essa, eu era pouco mais que um menino. Calças curtas.

Depois, de chapéu e muitas mulheres, passada firme pelas ruas da Cidade Baixa, ensopei todos os travesseiros do cabaré onde morava de favor. Florestas de arruda fêmea me descendo pelas costas, da orelha até o meio das costas, sequei pelo calor da arma que me aquecia o lado esquerdo do paletó, sobre meu coração.  Batizei dezenas de meninas, palestrei em presídios (como convidado dos encarcerados, jamais pelas " otoridades"), levei batom para as loucas que os filhos esquecem, uma festa aos domingos no Padre Cacique e na Lopo Gonçalves.

Sempre lembrando da incompreensão que tive com meu pobre pai, que teve uma vida muito pior que a minha.

Sei que me perdoou, bem antes de morrer, que sozinho ficou torcendo por mim, quieto, engolindo desaforos. Sei que foi meu nome que chamou antes de partir.

Perdoou-me, mas recordo um samba que diz quer perdão é feito pra gente pedir.

Fiz tudo errado, mas me corrigi, meu pai. Aos 33 anos decidi que nunca mais mentiria. Quase me custou a vida, mas sobrevivi. Não minto e desprezo dinheiros, Escrevo. Estou bem, pai.

Hoje reúno coragem e peço de  público, Sr. Sebastião: onde quer que esteja, por favor me perdoe. Sempre estiveste nos meus pensamentos, todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos, como de resto a mãe e as meninas.

Sempre estará. A benção.



sábado, 26 de marzo de 2011

César Costa Filho

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César Costa Filho. Um moço de 9 de maio de 1944.

Alô Estácio! Abraço e churrasco. Sambemos, irmãos sentimentais, que a vida é boa.

Bom te saber bem vivo e amado, César! Abraço rodado, apertado, quente deste teu irmão.


(Valeu, alma, Paulo Maurício Campos)

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Locas ellas. Locos nosotros, los niños

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Chego em casa meio maringalino, e nem merengueado. Encontro uma carta de Juarez Lucas, auditor que sabe tudo sem perder a calma e o coração.
Notícias do Brasil. Lucas quase em lágrimas de raiva pela impotência diante do inimaginável. Eu chegava com outras, de Buenos Ayres. Sabemos quem patrocina. Juntaram 200, com banqueiros, donos de tevês e.
Ainda são muitos.

Valeu, Lucas.
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No Brasil, Ku Klux Klan, Opus Dei, até nazistas rasteiros fazem a festa (ei Jobim, seu broxa hijito de papi, pára, eu teria pena de ti, não fosse o sangue.
Lula, Dilma, amor, fui eu quem colocou vocês aí, como muitos companheiros, e se venderam ao inimigo, já não precisavam mais da gente... como se a gente quisesse algo, um carro, uma casa, objetos... Sei que não se lembram. Os delúbios e jobins, cuecas, todos os de hoje foram vocês. Ah..., seus deslumbrados nojentos, almas baixas, vão para o inferno, broxas, o desdentado da vila vale mais, deixem o mundo rodar):

25/03/2011 - 18h45
Clube Militar celebra golpe com críticas à Comissão da Verdade

RODRIGO RÖTZSCH

DO RIO

O Clube Militar realizou na tarde desta sexta-feira o painel "A Revolução de 31 de Março de 1964 - Com os Olhos no Futuro", com a participação do general da reserva Sergio de Avellar Coutinho (dizer o que?), do advogado Ives Gandra Martins (Opus e KKK) e da ex-deputada Sandra Cavalcanti (KKK), com a mediação do economista Rodrigo Constantino (rasteiro).


(parênteses de Salito)


No debate, acompanhado por cerca de 200 pessoas, na sede do Clube Militar, do Centro do Rio, os participantes defenderam a necessidade do golpe em 1964 para frear o comunismo e criticaram a intenção de setores ligados ao governo federal de criar uma comissão da verdade sobre a ditadura militar.


Na Argentina:

 
Ya no bailan solas


Dos marchas se sucedieron para repudiar el último golpe militar y reclamar Verdad y Justicia. Cientos de miles de jóvenes nutrieron las columnas de manifestantes encabezadas por Madres y Abuelas.


Por Alejandra Dandan (Viva, Aleja)
Pagina 12 - Buenos Ayres




Un poeta callejero se paró a leer uno de los afiches que amanecieron estampados a lo largo de la Avenida de Mayo.

Las caras de los cómplices de la dictadura, las imágenes del poder subterráneo aparecieron descaradamente expuestas ante quienes avanzaron desde temprano hacia la Plaza de Mayo.

Estela Carlotto apareció en la esquina de Avenida de Mayo y la 9 de Julio, punto de encuentro del movimiento de derechos humanos, las organizaciones sociales y partidos políticos.

Mientras la presidenta de las Abuelas de Plaza de Mayo era arrebatada por los abrazos, las Madres se atenazaban metros atrás para abrirse paso entre la ahogante presencia de esa masa indimensionable que apareció convertida otra vez en un pueblo. “Le pedimos a la Presidenta que desclasifique los archivos que todavía quedan por desclasificar”, pidió Estela en el escenario después de enumerar uno a uno, como lo hacían aquellos afiches, los nombres de quienes dieron aliento a la dictadura: Los grupos económicos, los grandes medios, los jueces nombrados por la dictadura que archivaron los miles de hábeas corpus de los familiares de los desaparecidos. “Hoy estamos acá a 35 años del golpe de Estado –dijo Estela–, con 169 genocidas condenados y 856 procesados en juicios que se llevan a cabo a lo largo y ancho del país, con las garantías de la ley que les negaron a nuestros compañeros.”

A las cinco y media de la tarde estaba prevista la partida de la marcha de los organismos de derechos humanos hacia el centro de la Plaza de Mayo, pero a esa hora todavía seguían pasando las columnas de la marcha previa, organizada por agrupaciones de izquierda. En esa esquina de encuentro, varios pibes montaban fungiendo de bastoneros de la salida de las Madres.

Mauro Salerno era uno de los más jóvenes, de la Mesa de Salud de La Cámpora, un grupo de estudiantes y egresados de Medicina, pertrechados con camisas de seguridad sanitaria. Mauro, de 18 años, emigrado de Bahía Blanca, pasó por la Plaza el 24 del año pasado, desembarcó en la facultad, se encontró con un lugar “bastante gorila” y buscando buscando se topó con un trabajo social en los barrios. “Para mí el peronismo era lo que había estudiado en la escuela –dice–, no era algo popular.” Adelante, entre apretones, remeras con la cara de Cristina, niños, cochecitos, rastas y mates, sus compañeros saludaban con las manos en V a los últimos integrantes del Partido Obrero. En un picadito de cantos, el coro se tensó entre el “Ohh yo soy argentino/ohhhhh/ooohhhh/ Soy soldado del pingüino” y los otros que recordaban el número de los últimos muertos.

La bandera de los 30 mil desaparecidos no llegaba. El cielo se tapó de banderas de las organizaciones cercanas y aliadas al kirchnerismo. La CTA, la Tupac Amaru, cuyos integrantes se preparaban para escoltar el paso de las Madres; la FNPL, las banderas de la VIA Campesina enfundadas en una caña; la Juventud Peronista, el Movimiento Evita. Hijos, Kolina, Carta Abierta, el Encuentro Nacional y Popular, Frente Transversal, Nuevo Encuentro, la Corriente Nacional y Popular, Socialistas, Comunistas, Peronismo Militante, Cabildo Abierto, la Unión de Estudiantes Secundarios y variedad de centros de estudiantes secundarios y universitarios.

Las gigantografías de Rodolfo Walsh. Un grupo de la Juventud Armenia repartiendo volantes a quienes pasaban, explicando que ellos, que eran jóvenes, habían llegado al país porque sus abuelos fueron desterrados en otro genocidio. Entre las banderas, también estuvo la Juventud Sindical, los jóvenes de Facundo Moyano que el año pasado marcaron un corte simbólico con buena parte de la historia del movimiento sindical.

Olé/Olé/Olé, se oía ya. El “A donde vayan los iremos a buscar/ Olé Olé Olé/ Olaaá Olée Olée Olée Olaá”.


La cancha

La Tupac Amaru se convirtió en el cordón de escolta de la bandera que avanzaba ya por la Avenida de Mayo. Alrededor, hacia adentro, otro grupo rodeaba todavía más cerca la columna de las Madres. Entre ellos, agarrados de los brazos, andaban Judhit Said, de la Secretaría de Derechos Humanos de la Nación, pero también Adriana Taboada, de la Comisión Zona Norte de Campo de Mayo, y las caras de los que suelen sentarse todos los días en las salas de audiencia sosteniendo la escucha y el devenir de los juicios orales.
Estela sostenía la bandera en una punta. Taty Almeida en la otra. Nora Cortiñas iba detrás con un nieto. Haydeé García Buela, Carmen Lapacó y detrás de los anteojos Aída Sarti contaba con su cabeza de archivista la presencia de las que este año no están: “¿Viste qué pocas vamos quedando?”, dijo compartiendo la evidencia.

Sara estaba parada detrás de Fátima Cabrera, la viuda de Patricio Rice, sobreviviente del Garage Azopardo, sorprendida también por tanta familia. “La gente empieza a perder el miedo”, decía. “Costó tanto la participación y es en la medida que se avance con la Justicia que crece la democracia.”
Un grupo de catequistas de Berazategui levantaban las banderas de los curas y de los obispos que pelearon contra “la Iglesia que estaba aferrada al Poder y no al Evangelio”. Un pibe se deshacía los brazos sosteniendo con fuerza un globo naranja gigante del Segundo Bicentenario desde donde armaron una bandera de Memoria, Verdad y Justicia pero “Económica”. Una piba se sacó fotos con un muñeco rojo con una K. Una enorme cara de Néstor Kirchner inflable marcaba un puente entre los días del funeral, la imagen enorme del Eternauta y las concelebraciones del último estadio de Huracán donde ese mismo Néstor se mantuvo erguido y bien inflado hasta el final.

Estela Carlotto se puso a hablar en el escenario. “Cuando decimos que fue un golpe cívico-militar lo decimos porque sin el apoyo y participación de algunos sectores de la sociedad civil no hubiese sido posible: el plan económico instaurado, los detenidos-desaparecidos, los asesinados, los exiliados, los bebés apropiados y los cientos de centros clandestinos de detención tortura y extermino en todo el país.” Habló de medios, de la Sociedad Rural. “Las entidades patronales como la Sociedad Rural, que históricamente han impulsado golpes de Estado para defender sus privilegios de clase, y aún hoy se siguen oponiendo a una redistribución justa de la riqueza.” Del Poder Judicial que rechazó hábeas corpus. Mencionó a Luis Francisco Miret y a Alfredo Bisordi. “Son los mismos jueces que criminalizan las pobreza y las protestas sociales de hoy y mandan reprimir la movilización popular.” La Justicia no depurada, los juicios a las empresas, el poder económico: lo que queda.




jueves, 24 de marzo de 2011

Capricho

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Pelo interior do Paraná. Hoje em Maringá. Bela Maria, do Ingá, a cidade verde. Deu samba, a ver. Plana, ruas largas. Foi planejada, tem apenas sessenta e poucos anos. 

O centro  da cidade a esta hora parece um cemitério, ninguém na rua. A igreja em forma de foguete, sob chuva e luz artificial, parece que a qualquer momento vai arrancar em direção ao espaço. Povoação ainda sem sinais - cinturões - de miséria. Mas tristemente observo movimentos de alphaviles em construção. Eles vão conseguir.
O motorista de táxi oferece mulheres, novinhas, diz ele, vindas do interior. A profissão de caftaxi, um misto de cáften e taxista, disseminou-se pelo Brasil. O sujeito acha muito normal. Estamos bem arrumados: são tantas as exceções que daqui a pouco isso vira regra, como no caso dos políticos, banqueiros e policiais.

Outono. Chuva.

No quarto de hotel, desinteressado rodo os canais de tevê, gesto raro. O arrependimento vem rápido: de repente surge um camarada gesticulando e rindo, repugnante de tão vulgar. Uma baba escorre da sua boca, sinal do prazer que alguma grosseria lhe causou. O seu nome é um insulto ao bicho, sempre tão tímido: Ratinho. Apago. Deus meu. De nada adianta esquentar a cabeça com as concessões dos canais pelo governo, com o mal que fazem, um acinte ao artigo da Constituição que regula o tema, pois os animais, Sarney e todos os outros, jamais irão presos.

Preciso fugir.

O silêncio e a chuva, neste ambiente, sei lá por que, lembro Menuhin às voltas com Ravi Shankar.

Shankar virá outro dia.

Ouço-o interpretando uma das peças mais difíceis para violino solo, o Caprice 24 em Lá Menor, do Paganini.



Niccolò Paganini (Gênova, 27/10/1782 - Nice, 27/05/1840) foi um compositor e violinista que revolucionou a arte de tocar violino, e deixou a sua marca como um dos pilares da moderna técnica de violino. O seu Caprice em Lá menor, Op. 1 Nº 24 está entre suas composições mais conhecidas, e serve de inspiração para outros proeminentes artistas como Johannes Brahms e Sergei Rachmaninoff. (Fonte: Wikipédia).

Yehudi Menuhin, Barão Menuhin de Stoke d'Abernon, (Nova Iorque, 22/04/1916 – Berlim, 12/03/1999) foi um violinista e maestro que passou a maior parte de sua carreira no Reino Unido. Naturalizado suíço em 1970 e britânico em 1985. É considerado um dos maiores virtuoses do violino do século XX.

miércoles, 23 de marzo de 2011

Laura

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Em 1957, o grande Alcyr Pires Vermelho (Muriaé, MG, 08/01/1906 - Rio de Janeiro, 24/05/1994) compôs com Braguinha (João de Barro) o famoso samba, gravado originalmente pelo Jorge Goulart da Nora Ney.

Aqui com Luiz Melô, que sabe o que grava.


O vale em flor
A ponte, o rio cantando
O sol banhando a estrada
Frases de amor

Laura, um sorriso de criança
Laura, nos cabelos uma flor
Oh, Laura, como é linda a vida
Oh, Laura, como é grande o amor

Depois, o adeus, um lenço
A estrada, a distância
O asfalto, a noite, o bar
Taças de dor

Laura, que é da rosa dos cabelos
Laura, que é do vale sempre em flor
Oh, Laura, que é do teu sorriso
Oh, Laura, que é do nosso amor


domingo, 20 de marzo de 2011

Germano Mathias

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Falei em Osvaldo Barros... San Pablo. Esses paulistas. E Tito Madi não me sai da cabeça, nunca saiu, desde menino, todos os anos, todos os meses, todas as semanas, todos os dias, todos os minutos, todos os segundos.
E não pela celestial Gauchinha Bem Querer. Sim pela valsa Chove Lá Fora, inicialmente. Como pode um menino de onze anos entender as notas da valsa, a letra da valsa?

Só sei que amei todas as valsas vestidas de saia, valsas vestidas de mulher, olhar e salto pontiagudo, decentes, doces, calientes, e estou longe de terminar o serviço. Todas as valsas.

Mulher só uma. E nem disso estou certo.

Bem, ia falar do...?

 Ah, o querido Germânico!

Me (sei da academia dos trouxas, eles querem liga-me, mas não vou)  liga interessado um amigo paulistano do bairro Argélia, o Marcelo Araújo, querendo saber dele, Germano Mathias. Marcelo tem bom gosto.
Carlinhos lembra, bom gosto idem.

Outro dia falaremos da trajetória. Germano compõe, e sabe tudo de frigideira, cuíca, e é diferente.
Como tantos no Brasil, sabendo ou não, Germano foi sufocado pelo império.
Mas nem tanto.

São Paulo o reverencia, o Brasil também.

Quando os Estados Unidos invadiram o Brasil, que ainda é  colônia declarada daqueles animais (ainda ontem passamos pelo "emeci" Donaldo, lotado de nossas crianças, levadas por pessoas que... deixa pra lá), nos empurraram os seus artistas, muita grana, rádios e tevês corrompidas, como ainda são.

Pois bem ali, naquele momento, tínhamos rapazes que davam de dez a zero nos deles. Mathias era um muito especial. Mas não tínhamos governos, os que tínhamos era de covardes. Então... o lixo invadiu. Armas não, isso é só para eles, até o governo do pt quis desarmar o povo.

Me deu um nojo agora, lembrar dos dirceus e delúbios (não esqueço vocês de charuto de 100 dólares, de carro blindado, restaurante fino, gorilas em guarda espalda, vocês, uns mentirosos ignorantes, mamando jôs soares, banqueiros, sentindo-se o máximo por comer menininhas, usando a "autoridade" supostamente dada pelos abnegados como eu, vocês andando de  bunda feliz pelo dinheiro que era paras as crianças do Brasil, como resposta à minha boa fé, a minha, que morei onde jamais sobreviveriam sujos como vocês, não os esqueço, e vão me pagar).

Hummm, mais umas cusparadas na cara deles, não valem um tiro. O dano que causam, esses despreparados, para as crianças, vestindo-as de jeans, música alienígena e alienando-as, felizes elas, estupro da mente, é que dá vontade de...

Bem, fica pra outro dia a história toda.

Achei pouco na rede com o fantástico Germano Mathias. Som sem grandes frescuras, na raça.

Germano tem coisas, hay secretos. Além de grande cantor, é formidável... ator.
De cinema que nem Óliú aguentaria. Ao vivo então... sai da frente, como eu soube sem ver.

Aí vai uma, pra ti e para mim, para nosotros, ele dizendo um samba do Zé Kéti. Se Germano desce daquele banco (não estava no seu dia...) desmancha o mundo, sem jogo de luzes. Só não saiu do banco porque o tema do samba do Zé Kéti é terrível, pra desmoronar a classe média apoiadora dos...



E gosta de buteco. E se as redes têm "dominados" os rádio e tevês, em buteco não é bem assim... como se vê abaixo.
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Domingo com Oswaldinho da Cuíca

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Uma dificuldade encontrar na rede algo com som razoável, do sensacional Oswaldinho da Cuíca. Apelamos para o programa do Boldrin.

Bom, Osvaldo Barros (São Paulo, SP, ...1940) é cantor, compositor, cuiqueiro, ritmista, produtor e pesquisador musical. Um cara que ainda espero conseguir ver ao vivo, coisa que nunca pude com o Germano Mathias (São Paulo, SP, 02/06/1934), outra glória do samba paulista. Será que ainda o verei, Germano, onde estás, menino?, não te faz de velho, cuca não envelhece.

Fundador da Ala de Compositores da Vai Vai, Oswaldinho em 1999 gravou o disco "História do samba paulista", pelo selo CPC-UMES, lançado na Choperia do Sesc Pompéia, em São Paulo. Neste disco, contou com a participação de Thobias da Vai Vai, Germano Mathias e Aldo Bueno.

Mais detalhes na volta do almoço...

Voltei... mas para dizer o que mesmo? Que Osvaldo Barros é alma paulista, único no mundo, com samba de influência do candomblé e também do verdadeiro sertanejo, algo... especial.
Poucos ombream com ele na amada São Paulo e no amado Brasil, em Sampa é o caso de Adoniran, Germano e mais alguns, que também são universais. Musicais.

Voltei para dizer isso? Mas isso todo mundo já sabe.

Voltei somente para dizer: um abraço, Osvaldo!, ninguém te esquece, é impossível.

rica

sábado, 19 de marzo de 2011

Todos eles/, estão errados/, a Lua é/ dos namorados

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Astro dos loucos,
sol da demência,
Vaga, noctâmbula aparição!
Quantos, bebendo-te a refulgência,
Quantos por isso, sol da demência,
Lua dos loucos, loucos estão!




(Raimundo Correia)








Se algum dos milhares de terráqueos amigos deste bloguinho olhar para o céu, na noite deste sábado, verá a Lua, ó Lua, que no céu flutua. Deslumbrante, gigantesca, festejando a oportunidade de passar se esfregando na gente.

Dá o que refletir, amores e sortilégios, para nós que não mais pensamos em realidades (um segredo: as realidades são irreais, tudo mentira...).

Há quem diga da sua influência em plantações, cortes de cabelos, até em tragédias (uns otários já estão sugerindo que o terremoto no Japão...) e em muitas coisas.

Mas também há quem diga, e aqui decidimos que isso é verdade, que a Lua é um dos principais símbolos do princípio feminino, que biologicamente a mulher segue as fases lunares, que o  espelho prateado reflete sonhos, percepções, visões e fertiliza as sementes da criatividade incubadas durante a escuridão.

O primeiro dia deste perigeu lunar, o Plenilúnio, desta vez a trará mais majestosa do que em muitos anos anteriores. O Apogeu se dá quando a Lua está mais distante da Terra, o Perigeu quando mais próxima, vá entender, no apogeu estará pequenina... Pois hoje se dará o maior e melhor plenilúnio das últimas décadas.

Bem, deixando a ciência para lá,  importa que hoje é o dia para fugirmos para um local sem luz artificial, para melhor apreciar o fenômeno.

Os boêmios, tão cheios de sonhos, estes que muitas vezes são julgados uns lunáticos, têm muitas razões para admirar a formosa dama. Afinal, muito trago rolou em homenagem a essa mulher sempre tão fria conosco, tão longe...

Aos lunáticos: a superlua!
Aos boêmios: idem, é todinha nossa!










Plenilúnio


(Raimundo Correia)




Além nos ares, tremulamente,
Que visão branca das nuvens sai!
Luz entre as franças, fria e silente;
Assim nos ares, tremulamente,
Balão aceso subindo vai...


Há tantos olhos nela arroubados,
No magnetismo do seu fulgor!
Lua dos tristes e enamorados,
Golfão de cismas fascinador!


Astro dos loucos, sol da demência,


Vaga, noctâmbula aparição!
Quantos, bebendo-te a refulgência,
Quantos por isso, sol da demência,
Lua dos loucos, loucos estão!


Quantos à noite, de alva sereia
O falaz canto na febre a ouvir,
No argênteo fluxo da lua cheia,
Alucinados se deixam ir...


Também outrora, num mar de lua,
Voguei na esteira de um louco ideal;
Exposta aos euros a fronte nua,
Dei-me ao relento, num mar de lua,
Banhos de lua que fazem mal.


Ah! quantas vezes, absorto nela,
Por horas mortas postar-me vim
Cogitabundo, triste, à janela,
Tardas vigílias passando assim!


E assim, fitando-a noites inteiras,
Seu disco argênteo n'alma imprimi;
Olhos pisados, fundas olheiras,
Passei fitando-a noites inteiras,
Fitei-a tanto que enlouqueci!


Tantos serenos tão doentios,
Friagens tantas padeci eu;
Chuva de raios de prata frios
A fronte em brasa me arrefeceu!


Lunárias flores, ao feral lume,
Caçoilas de ópio, de embriaguez-
Evaporavam letal perfume...
E os lençóis d'água, do feral lume
Se amortalhavam na lividez...


Fúlgida névoa vem-me ofuscante
De um pesadelo de luz encher,
E a tudo em roda, desde esse instante,
Da cor da lua começo a ver.


E erguem por vias enluaradas
Minhas sandálias chispas a flux...
Há pó de estrelas pelas estradas...
E por estradas enluaradas
Eu sigo às tontas, cego de luz...


Um luar amplo me inunda, e eu ando
Em visionária luz a nadar.
Por toda parte louco arrastando
O largo manto do meu luar...


Raimundo Correia

viernes, 18 de marzo de 2011

Os Abutres do Norte

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Bahrain, encruzilhada árabe

Protestos recomeçam, espalham-se pela capital e são reprimidos com lei marcial. Cumplicidade do Pentágono com o despotismo torna-se mais clara

Por Antonio Martins e Daniela Frabasile
Pescado do site Outras Palavras


A área diminuta (717 km², metade do município de São Paulo) e a população exígua (1,3 milhões de habitantes, como Porto Alegre) não evitaram que o reino de Bahrain se convertesse de novo, nos últimos dias, em ponto nevrálgico da grande revolta árabe, prestes a completar três meses. Novas manifestações populares desafiaram o rei Hamad. Além da Rotatória Pérola [Pearl Roundabout], no centro da capital, espalharam-se pelo bairro periférico de Sitra. Ao mesmo tempo, surgiram evidências de que o Pentágono age para interromper a revolução, de preferência fornecendo ainda mais armamento pesado às tiranias.

Ontem (16/3), o monarca declarou lei marcial e autorizou as tropas – inclusive estrangeiras – a usarem “todos os meios possíveis” para reprimir os manifestantes. Com apoio dos militares, a polícia atacou a Rotatória Pérola com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. Havia cinco helicópteros circulando o local e ouviram-se tiros. Pelo menos dois manifestantes foram mortos e mais de 200 feridos. O governo afirma que também houve três vítimas fatais entre a polícia. Os militares foram encarregados de impor um toque de recolher das 16h às 4h da manhã.

A atual onda de protestos marca a reentrada do Bahrain na trilha do vendaval árabe. Em fevereiro, houve enormes manifestações pela democracia. A Rotatória Pérola transformou-se numa espécie de comuna popular, semelhante à da Praça Tahrir, no Cairo. Mas a mobilização foi interrompida em 18/2, quando, depois de promover uma jornada sangrenta de repressão, o governo acenou com negociações.

Quando ficou claro que o diálogo seria em vão, os protestos foram pouco a pouco retomados. Intensificaram-se no final da semana passada. Na semana passada, o rei Hamad avistou-se com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates. Em seguida, apelou para militares estrangeiros. No domingo, a pedido da realeza, mil soldados dos países que compõem o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, em inglês) penetraram no território do Bahrein, para tentar conter a onda de protestos, retomados no final da semana passada depois de um mês de interrupção. A tropa estrangeira é constituída majoritariamente por sauditas.

O GCC reúne as seis monarquias do Golfo Pérsico próximas de Washington: Arábia Saudita, Kuait, Emirados Árabes, Qatar e Omã, além do Bahrain. Sua intervenção militar, na sequência da visita do chefe do Pentágono, voltou a indicar que os EUA estão agindo de modo intenso para frustrar a revolução árabe. Num texto publicado hoje, em Outras Palavras, o historiador e jornalista norte-americano Nick Turse expõe os meandros desta interferência. Ela sugere que o Pentágono está aproveitando as hesitações da Casa Branca para promover uma espécie de política externa paralela, francamente favorável aos ditadores.

 

Os laços militares entre Washington e as monarquias petroleiras são um fenômeno antigo, lembra Turse. O minúsculo Bahrain adquiriu nos EUA, nos últimos anos, dezenas de tanques, helicópteros, armas ligeiras e munição de todos os tipos. Só o volume de projéteis de fuzil calibre “.50” adquiridos, ironiza o jornalista, seria suficiente para matar quatro vezes cada cidadão bahrainiano…

 

Mas esta relação assumiu características peculiares nos últimos seis meses. O Departamento de Defesa passou a ver nas monarquias árabes endinheiradas solução para um problema que o atormenta: a provável crise nas empresas de armamentos norte-americanas, quando a Casa Branca for obrigada a reduzir gastos militares.

 

Apesar de contornada até o momento, esta redução é considerada inevitável, por grande parte dos analistas políticos. Sobre-endividada após dispender fortunas no socorro aos grandes conglomerados financeiros, Washington fez, este ano, cortes profundos no orçamentos dos serviços públicos. Não será possível sustentá-los sem reduzir também os imensos gastos militares. Para impedir que a indústria bélica norte-americana seja duramente afetada, o Pentágono, adotou duas iniciativas complementares.

A primeira é uma política insistente de lobby, que procura convencer grandes investidores institucionais a direcionar uma parte maior de seus fundos para a empresas de armamentos. A segunda é um esforço para que aliados dos Estados Unidos, hoje em condições financeiras mais tranquilas, multipliquem suas encomendas de armas – substituindo as compras que as Forças Armadas norte-americanas podem não ser capazes de manter. Uma destas gestões resultou, há meses, num contrato multibilionário. A Arábia Saudita adquiriu, junto à Boeing, Lockheed e outras mega-empresas, 60 bilhões de dólares em armas de alta tecnologia.

Para tal projeto, destaca Nick, a substituição das tiranias árabes por um conjunto de democracias comprometidas com a paz seria trágica. É muito conveniente manter no poder os tiranos aliados. Por isso, o Pentágono teria conseguido neutralizar o discurso já hesitante do presidente Obama. É sintomático que a própria retórica da Casa Branca sobre o Oriente Médio tenha involuído, nas últimas semanas: ao invés de frisar a importância de fazer valer “vontade popular”, ela agora enfatiza a “estabilidade”.

Os interesses políticos e econômicos de Washingon na região são múltiplos. Bahrain é a base da Quinta Frota, que patrulha o Golfo Pérsico e o Oceano Índico. É também, uma das portas de entrada para a Arábia Saudita, aliado fiel e maior produtor mundial de petróleo. Mas o ensaio de Nick Turse revela algo espantoso: na relação com o Oriente Médio, o Pentágono está, pouco a pouco se revelando “mais poderoso que os ideais democráticos norte-americanos; e mais poderoso até mesmo que o presidente dos Estados Unidos”…















jueves, 17 de marzo de 2011

Canção da manhã feliz

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Há músicas que todos os boêmios e todos os bons músicos, e quase todas as demais almas sensíveis, elevadas, conhecem.
Conhecem e se comovem, revivem algo  guardado no peito ou sentem uma emoção nova a cada vez que as interpretam ou ouvem. Sabem, não é?, aquele sentimento meio indefinível... a depender das minúsculas particularidades que nos diferenciam.

Julgo que uma dessas é o clássico brasileiro "Canção da manhã feliz", de Haroldo Barbosa (Ary Vidal, Rio de Janeiro, 23/01/1915 - 05/09/1979) e Luis Reis (Luis Abdenago dos Reis, São Luiz, MA, 31/03/1926 - Rio de Janeiro, 09/02/1980).

Não é a única obra inesquecível de Haroldo Barbosa (letra) e Luis Reis (música), como ainda veremos neste espaço.

Muitos gravaram, mas aqui vai com o fantástico Miltinho (também voltaremos a falar dele aqui).
Feliz manhã a todos. 

martes, 15 de marzo de 2011

Terroristas e mentirosos

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Funcionário abandona mais de 30 anos de carreira, por discordar da “tortura sem contato” — cujo objetivo pode ser produzir “confissão”  incriminando Julian Assange



Por Ed Pilkington, no The Guardian
14 de março de 2011
Tradução: Vila Vudu
Pescado no Outras Palavras



PJ Crowley, porta-voz oficial do Departamento de Estado, tombou vítima da própria espada, ao dizer que o tratamento dado a Bradley Manning, acusado (ainda sem qualquer prova) de ser a fonte que entregou a WikiLeaks os arquivos de telegramas diplomáticos sigilosos, que continuam a ser divulgados, seria “contraproducente e estúpido”.

A renúncia vem logo depois de Crowley ter feito aquelas observações, em seminário realizado no Massachutets Intitute of Technology (MIT), sobre o tratamento que Manning está recebendo numa prisão militar dos EUA.

Crowley disse textualmente: “O que o Departamento da Defesa está fazendo a Bradley Manning é ridículo, contraproducente e estúpido”. A frase obrigou o presidente Obama a manifestar-se pela primeira vez sobre o modo como o soldado Manning está sendo tratado na prisão de Quantico, base da marinha, na Virginia. Obama defendeu a tortura de Manning. Disse que havia sido informado pelo Pentágono de que os procedimentos eram apropriados.

Na carta em que apresenta sua renúncia ao posto, Crowley diz que assume total responsabilidade pelo que disse. Disse que considera os vazamentos “crime grave, nos termos da lei dos EUA”, mas não desmentiu críticas anteriores ao Pentágono.

Em palavras que podem ainda causar novas dificuldades para Obama, Crowley escreveu que seus comentários “visavam a lançar luz sobre o impacto muito maior, impacto talvez estratégico, de ações clandestinas empreendidas como rotina por agências de segurança nacional dos EUA, na imagem e na liderança global dos EUA. O exercício do poder nos tempos desafiadores que vivemos, e o trabalho da mídia, têm de ser prudentes e consistentes com a lei e os valores norte-americanos.”

Quando Obama chegou à Casa Branca, disse que um dos objetivos chaves de seu governo seria recuperar a imagem global dos EUA. Denunciou, então, o tratamento degradante que o governo Bush dava aos prisioneiros, como ação contrária aos interesses nacionais dos EUA.

Em carta-resposta oficial, Hillary Clinton disse que aceitara “com tristeza” a partida de Crowley. “PJ serviu nossa nação com distinção por mais de trinta anos, em uniforme e como civil” – disse ela.

A renúncia do principal porta-voz significa que a indignação contra a tortura do soldado Manning já alcançou os círculos superiores do governo Obama.

Manning está preso em confinamento (“solitária”) há dez meses. Tem sido submetido a condições especiais, alegadamente para evitar que se suicide. Essas condições implicam permanecer 23 horas por dia na cela sob vigilância ininterrupta, e completamente despido à noite.

O regime de segurança máxima ao qual está submetido na prisão de Quantico já foi denunciado como forma de tortura por muitos, inclusive por Daniel Ellsberg, que vazou para a mídia os “Pentagon Papers” sobre a guerra do Vietnã (ver no Outras Palavras A Vergonhosa violência contra Bradley Manning). A ONU também está investigando.

Muitos analistas já chamaram a atenção para o critério ambíguo que se vê por trás da renúncia de Crowley. Glenn Greenwald, repórter da revista Salon, que luta na vanguarda da denúncia contra os maus tratos infligidos ao soldado Manning, disse, pelo Twitter, que “torturar prisioneiros pode; manifestar-se contra a tortura de prisioneiros, é proibido”.

Semana passada, o próprio Manning manifestou-se sobre como está sendo tratado. Disse que a tortura visa a castigá-lo, mesmo antes de qualquer acusação ou julgamento legal. Disse que, todas as noites, tiram-lhe todas as roupas, desde o dia em que fez um comentário sarcástico, ouvido por um dos guardas, sobre o absurdo do regime a que já estava condenado.

Manning foi acusado de vários crimes relacionados ao vazamento de milhares de telegramas diplomáticos sigilosos dos EUA, além de vídeos e imensos arquivos sobre o Afeganistão e o Iraque. Foi preso em maio de 2010, numa base militar dos EUA próxima de Bagdá, onde servia como especialista dos serviços de inteligência.

João da Noite: "Dá pra compreender Bill e Mônica Chupinsky. Essa Hilária eu não queria pra vizinha, ela morde...".


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Obs. do AE: a seguir, Manning antes e depois.

domingo, 13 de marzo de 2011

Domingo com Os Posteiros

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Um dos mais emblemáticos conjuntos musicais do Rio Grande do Sul, com o diferencial do bandoneón do grande Doly. Aqui no esconderijo temos, colocado em local de destaque na sala, um LP de vinil, com Doly interpretando tangos, uma preciosidade. Certa vez quis convida-lo para tocar num cemitério (quando perdemos o Pato), liguei para o seu telefone convencional, porém ele estava na praia, não muito legal de saúde, e a sua filha também lamentou a morte e a sua ausência naquele momento (não havia isso de celular), me assegurando que se estivesse na cidade ele iria com certeza. De certo modo, ele foi comigo.

Nelton Brasil (vocal), Doly Carlos da Costa (bandoneón), Miguel Castilhos (violão e vocal), Francisco Koller (violão e vocal) e Celso Campos (violão e vocal). A milonga é do poeta Luiz Coronel (letra) e de Marco Aurélio Vasconcelos.

Os patrunfos

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O chargista Nani tem razão: só a pau para sair algo que preste. Noves fora a massa ignara, que poderá até vir a ser levada de roldão apesar do PIG, será preciso que a OAB e demais grupos civis, estudantes a frente de todos, se lancem como um tsunami sobre essa corja.

É o de sempre: cabe a muitos, ainda na base da compra e venda de votos, eleger o entulho. A tarefa de lidar com ele, já que remover é impossível, cabe a poucos. À luta, companheiros, até que as nossas idéias sobre educação, único modo de mudar esse estado de coisas (Cristóvão Buarque é um dos poucos que emperra e bate pé a favor) sejam implementadas, um dia...  


viernes, 11 de marzo de 2011

Gorilas

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Ah, a criatividade dos chargistas do Brasil, um melhor que o outro, singulares.
Pela ordem: Dalcio, no Correio Popular; Benett, no Gazeta do Povo, e Solda, no O Estado do Paraná.








Vê. (Quem sabe na próxima Primavera)

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Fim de carnaval?
Creio que não, começaremos outro na segunda-feira. Agora com máscaras... verdadeiras.

Fomos felizes, ficando em casa, ou na praia apesar da confusão, ou saindo de braços abertos pela Rua do Perdão?

Não há como saber. A gente vive de acordo com o estágio da cuca. O estágio da minha cuca é de sair dançando na Rua do Perdão, mesmo sabendo que tem olhos que criticam... Pode? Criticam. Ora vão se catar. Se fui infeliz, foi na rua, com as tripas à mostra.

Cada um...

A cabeça de outros é ficar em casa assistindo pela Globo (monopólio, o tumor maligno da ditadura, mas vá lá) os desfiles das escolas. Pois que bom! Lindas as escolas, mas onde as comunidades se divertem mesmo, namoram, é nos ensaios, ui.

Mas, fomos felizes? O que andamos fazendo pela vida, esta vida que logo vai se acabar, se 20, 30, 40 anos não são nada, passam num upa?

O que é ser feliz? Momentos felizes seria a melhor resposta, vinda do início dos tempos? Talvez. E o que são momentos felizes? A gente sabe, não é, sente, mas isso muda de pessoa para pessoa. Alguns são felizes mentindo, traindo, com sorrisos. Nosotros... bem, temos lá os nossos defeitos.

Como nada sabemos aqui na palafita (e é sincera a declaração), mesmo quando esta se fantasia de covil, resta lembrar a imagem de Jesus, o moço que virou lenda, que desprezava dinheiros, que não aceitava irmão tomar de irmão, que rebelava-se contra reis, ele e Madalena cheia do seu sêmem de todas as noites, ele que mirava a todos com serenidade e amor, ele que ainda existe em nossas memórias, apesar do mau uso, das mentiras, dos homens maus, seus inimigos, padres profissionais.

Certo é que vamos seguir em frente. Melhores, meus amigos. Melhores, sim, favor a nós mesmos e ao desconhecido.

Abaixo, uma mulher cantando, a Til (quem souber nome completo e tudo me mande) em local que cada um pode imaginar a sua maneira, a marcha Estão Voltando as Flores (Paulo Soledade), acompanhada de deficientes visuais em todos os instrumentos naquela rua de bairro não sei onde, mas onde mora gente, como se vê.

Vê.