martes, 13 de diciembre de 2011

A Torpeza, n'A charge do Dias

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Ao final de cada ano os boêmios promovem duas palestras, uma espécie de bota-fora, lamentando os que ficaram pelo caminho e passando a limpo o ano que se vai.

Ontem à noite tivemos a primeira, no Beco do Oitavo, com Adolfo Dias Savchenko. A ala do Botequim do Terguino compareceu em peso. Nesta época surgem muitos desgarrados, contou-se quarenta almas presentes, bebendo em silêncio os seus tragos e as palavras do amigo. O mestre orou de improviso, como de hábito, apaixonadamente, sonhos e utopias bailando nos desvãos de sua prodigiosa mente, sem perder o fio da meada. Sobre a mesa um papelzinho com alguns rabiscos, como guia dos principais assuntos. Dele não precisou se valer. Após o cumprimento inicial de "Meus irmãos desta vida", passou a caminhar pelo ambiente, esquecendo o ajutório.

A estenógrafa Jezebel prometeu o texto completo de sua conferência para a semana que vem, leva tempo devido aos seus 76 anos de esplendorosas noites.

Muitos foram às lágrimas ao recordar os companheiros que morreram. De realidade veio a inquietude, o rubor da fúria, alguns choraram sem emitir um som, de raiva, impotência, quando Adolfo se estendeu num dos subtítulos da sua fala: a Torpeza. Indignidade e sordidez que temos presenciado. Atos ignóbeis reveladores de uma infinita pobreza de espírito. Só por dinheiro.

Adolfo viajou pela madrugada para a Argentina. Hoje pela manhã a sua figura e os pensamentos que transmitiu foram os assuntos dominantes em ambos os butecos.

Assim que, na ausência de Adolfo, eu escolhi a terceira obra.

O Beco do Oitavo por inteiro fechou com o Iotti, de Zero Hora (Porto Alegre, RS).


Os boêmios do Botequim do Terguino tiveram um gesto inusitado: resgataram uma charge da semana passada, do Thomate, de A Cidade (Ribeirão Preto, SP).


 Eu fecho com a obra do Nani, penso que Adolfo gostaria.




E assim passam os dias.
João.


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