jueves, 17 de noviembre de 2011

Tirou daqui: Juremir

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Inauguramos a seção "Tirou daqui", uma idéia de João da Noite para registrarmos manifestações que, por incompetência - especialmente -  ou falta de tempo, não pudemos expressar. Temos feito isso esporadicamente, mas sob títulos diversos. Por falar em idéia, é pensamento corrente na palafita que sem o acento agudo - ideia - torna-se uma idéia morna, quase uma péssima idéia, pois fica sem o relâmpago, o "tchan", a luz, súbita ou construída metodicamente da penumbra para o sol. Do mesmo modo estréia, essa primeira aparição sem o agudo carece de esplendor.

Bem, então, na estréia do "Tirou daqui", quem vem? Ele, tinha de ser ele, o único, o resplandecente Juremil (clique aqui para conhecê-lo melhor). 

O Juremil, como todos sabemos, é o alter-ego do afamado colunista, escritor, franco-atirador, comentarista esportivo, agrimensor, cientista atômico... (somem aí mais 9.835 especialidades, excetuando pastoragem, ou picaretagem, eletrônica, posto que religião é assunto desagradável ao guru, que não é doido ao ponto de se meter com o chefe) Juremir Machado da Silva.

Pois dito especialista há tempos vem batendo na Feirinha do Livro de Porto Alegre, aquela coisa que serve a meia-dúzia de gatos (opa) pingados. Pois tirou daqui, Juremir, dez a zero para ti. O texto vai abaixo. Antes, ponderamos o seguinte: por alguma razão o nobre pensador esqueceu de dizer que, para atochar alguns garranchos no distinto público, primeiro o sujeito precisa arranjar um emprego na imprensa de Porto Alegre, para poder fazer como os bandos da Rede Baita Sol e do periódico Letters of the People, grandes inimigos na ansiosa busca do vil metal, que só não é maior que o febril desejo do provinciano "status", uma vez que lecionar em instituições que não publicam suas demonstrações financeiras é pouco.  Em cada um desses ninhos, os colegas ficam desfiando loas uns aos outros, propaganda massiva, grátis, de intrincadas tramóias romanescas, algo como O Ivo Viu a Uva em prosa. Então, esquece de ensinar, o nosso Nobel em tudo, como o sujeito, que não faz parte do seleto grupo da Baita e da Letters, deve proceder se quiser aplicar em nossa culta população alguns rabiscos. Imprime por conta própria e sai vendendo a um pila pelos bares da cidade?

Enfim, aí vai. A palafita cumprimenta Juremil pela bela e destemida contribuição que dá, desinteressadamente, às letras gaúchas.

Balanço da Feira

Por Juremir Machado da Silva

Encontro um editor gaúcho que eu não via havia muito tempo. Pergunto como ele anda. Exclama: "Feliz. Eu adoro a Feira do Livro de Porto Alegre. Durante o ano todo, vendo livros para a Saraiva, a Cultura e outras grandes com até 80% de desconto sobre o preço de capa. Na Feira, vendo direto para o leitor com apenas 20% de desconto. Não é o paraíso?". É. Um paraíso que levará, cedo ou tarde, a Feira ao inferno. Tenho batido nesta tecla: na Feira, os editores dão menos desconto, não mais. Descontos que são dados pelas grandes livrarias durante o ano todo para quem tiver um "cartão fidelidade". Sem contar que tudo se acha na Internet com preços muito mais baixos. Entramos na era do comércio total do livro usado. A Feira de Porto Alegre continua achando que basta colocar os livros e os autores na Praça para atrair leitores loucos para comprar. Não é mais assim. Não.

A melhor maneira de fazer um livro funcionar é juntar talento, mídia e preço baixo. Em geral, faltam os três. Por que uma geladeira pode ser vendida depois do Natal com descontos de até 80% do preço original? Como é que funciona o Liquida Porto Alegre? Vou me dedicar a estudar esse fenômeno. A Feira do Livro é o contrário do que acontece numa liquidação. É quando os editores podem vender tirando a maior parte dos descontos. Um caminho seguro para o brejo. Imagino uma Feira do Livro de editoras. Cada uma lançando livros preparados expressamente para aquele momento. Um autor talentoso e com mídia teria livros a R$ 10. A tiragem seria de 10 mil exemplares. Tenho um orçamento em casa. Sai da gráfica a R$ 1,70 a unidade. Pode sair até por menos. Acrescentados os custos de editoração, revisão e capa, fica tudo por R$ 3 a unidade. O autor ganha seus míseros 10%. Ainda vão sobrar R$ 6 para a editora. Muito bom. Depois da Feira o Livro pode entrar no circuito comercial normal: distribuidor e livraria. Aí o preço, para que todos possam ganhar, pode ir para os tradicionais R$ 30 ou R$ 40. Fora disso, honestamente, a Feira é uma ficção.

O cartel formado por editoras, distribuidores e livrarias impede qualquer mexida nesse modelo de negócios. Quem vai acabar com ele é a Internet. Por enquanto, tem e-book, cujo custo de produção é mínimo, a preços de livro impresso e caro. Vai passar. Já tem editora preparando e-book a R$ 5. O atual modelo não traz grandes benefícios para os autores. Para mim, seria melhor pagar a editoração de um livro e mandar imprimi-lo numa gráfica qualquer para poder fixar um preço capaz de permitir vendagens expressivas. Detalhe: como eu faria para colocar o livro à venda na Feira? Para ter um estande, teria de ser associado e esperar dois anos. E aceitar a regra do jogo. Vou continuar sonhando e lutando por uma Feira do Livro Liquida Porto Alegre. Uma liquidação ao contrário. Primeiro, na Feira, o livro é vendido mais barato. Depois, fora dela, no circuito tradicional, fica mais caro. Aí haverá uma corrida para comprar na Feira. Utopia? Certamente. Só que as novas gerações não irão a feiras para comprar papel caro.








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