viernes, 4 de noviembre de 2011

Pela sete, os cachorros-loucos e um amor

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Na madrugada de 05 de novembro, isto é, daqui a pouco a partir da meia-noite, seremos homenageados em algum bar de Porto Alegre (RS). O local não pode ser divulgado, uma cautela reclamada com insistência por Carlos Yanés, para evitar que os lacaios de Mr. F. Febraban tentem estragar a festa. Soube-se que todos concordaram com o argumento de que a ocasião é muito importante (não mereço tanto, irmãos), ninguém quer que seja obscurecida por alguma perda de tempo, no auge dos folguedos.

O tempo de dar um corridão nos bandidos, não vale a pena, cansa... lá se vão mais algumas perdas humanas para as contas do Febraban. É só para manter as aparências, ele sabe que não pode matar Salito. Tem medo que o mundo caia, e as suas classes armadas nada podem fazer, só sabem matar. O que o incomoda é o contrato no Burundi, ramificado até onde se vê a Estrela da Manhã, Vênus, a Dalva, que no céu desponta.

Perdas dos seus mercenários, muitos, pois aqui na palafita até hoje "só" perdemos um, que a emoção deste momento nos impede de contar.  Sabemos que os homens a seu serviço de humanos só têm alguns traços, como o Astiz e o Shibata, o Bush, o Saddam... tantos, são retratos diminuídos dele, o banqueiro e traficante Mr. F. Febraban.

Mas esses são cães raivosos, assassinos, Salito!, gritava num fio de voz 21 de Lima ao ponto de desfalecer, com câncer sem a mentira do SUS nem tecnologia para ajudar, ouvindo seu conterrâneo na rádio da cidade bem antes da Hora do Brasil, e ciente da tortura em 1971, o rádio sentado na janela da casinha que lhe restou, os fios emaranhados lá dentro, a gente lá no pátio debaixo do abacateiro, imaginando aqueles óculos escuros ridículos, a boca torta babona, anão mental, feliz porque seus parentalhas bem nutridos estavam numa "boa"... Ah, como é bom tomar a vida dos outros mentindo, a arte da política... De tanto lamber as botas dos milicos, periga um dia virar presidente ou governador.

O Vinti sentado na cadeira de balanço da avó falecida, que lhe deixou a cadeira e o casebre, enrolado num grosso e antigo cobertor em pleno verão, ao lado a sua companheira que não fugiu e nada queria, nem ele tinha para dar, a herancinha era do pobre do pai dele, um sumido, e ela tentando acalmá-lo, ficou porque gostava do "louco", lhe dando na boca cachaça em colheirinha de chá, ele tomando gota a gota com dificuldade, tossindo. Um teatro vivo ruim de se ver.


Eu tive de matar o cão do pátio por piedade, a moça não conseguia. Ali cresci e morri muito mais. Ninguém a quem recorrer. No rádio, depois a voz da alta autoridade, mandalete e manipulador de milicos. Estranho como nada muda.


Queria lhe fazer sorrir, ao meu amigo sincero de tantas e tantas paradas, dizer que à tarde fiz um gol de cabeça que decidiu, nos caras do noturno do outro lado, os mais velhos. Engoli em seco, perturbado, sabia que não devia chorar. Tiro a camisa, são seis da tarde. Engoli de novo em seco, quase me  afoguei em areia, e de repente o esforço sobre-humano surtiu efeito, me senti com 26 anos, eu que já era um velho fiquei mais, e mais idoso que o Vinti, e consegui: "Não, Jesus, para mim são humanos doentes, devemos julgá-los e condená-los, só. Pena de morte? Sou contra. Mas para autoridades (representantes das gangues que mentem e matam, para dar objetos para seus filhinhos amados) que roubam o dinheirinho dos miseráveis desde sempre, quero perpétua". Hoje idem, mas depois da execração pública...


Recuerdos. 

Primeira vez que falei com ele usando seu nome verdadeiro, Jesus. Jesus Adelar de Lima, o 21, para o mim o Vinti. Morreu dias depois. Em represália, que bobagem, jamais namorei moças da minha cidade.

Eu falava da ditadura e das gangues de políticos de uma cidadezinha de nada. A festa com o dinheiro público da época, dos filhos dos pedreiros condenados à escuridão, eu hoje sei, pena que prescreveu, não é?

Misturei momentos e fatos. Mas uma coisa não misturei: tente tocar em mim hoje, Boca Torta, tente me matar, àquele menino, claro que consegue. Mas se fizer isso já imagino a sua cara quando toda a sua raça, sem rastro algum para contar, desaparecer da face da Terra em represália, quando você descobrir que agora que não tens os animais do DOPS para trucidar a minha família, vai saber o quanto me custou, menino sério e estudioso, 17 anos naquele mato onde nem se conseguia livros para ler, onde vocês eram donos de tudo, das vidas e destinos; vai saber o quanto me custou matar a um pobre cão enlouquecido, um bichinho que, na sua involuntária loucura, hoje sei, era muito menos nocivo do que vocês. Tente.

Se 21 de Lima estivesse vivo, agora que todos sabem da ladroagem, agora que as mentiras já não colam, que o que os move é só o maldito dinheiro, pegar em armas seria o mínimo que ele poderia fazer, para retomar as fortunas roubadas do povo. Filme antigo. Eu ando me achando um covarde.

Pero a solas con nuestro corazón decidimos que em algum momento daremos uma passada no Botequim do Terguino e no Beco do Oitavo.

Confirmaram presença, pelos butecos prediletos de Adolfo Dias Savchenko, o próprio Adolfo e os boêmios Gustavo Moscão, Mr. Hyde, Clóvis Baixo, Walter Schiru, Marquito Açafrão, Tigran Gdanski, Pedrinho da Cruzeiro, Wilson Schu, João da Noite e Lúcio Peregrino.

E a mulherada, que no se puede nominar porque nunca se sabe com quem os artistas vão aparecer. Percebe-se uma réstia de "machismo" na frase? Pois é, quem é que vai, quem é que gosta de lero de "gostei muito de ti, querida", vindo de aleijado mental que pensa (?) em... em, em... o quê mesmo? Até gatos e cães, salvo os escaldados, gostam de sexo, carinho, mentiroso ou não. Mas, somos gatos? Entendam-se.

Enquanto aquietam-se diante dos desfigurados e horrendos humanos que matam em levas de milhões, incluindo alguns vizinhos do morro ao lado, ameaçam abater a tiros pelas costas os fumantes.

E deram de capar metódica e sistematicamente gatos e cães ainda infantes, seres limpos que jamais mentiram na vida, sem consultá-los.

E acham tudo muito normal, abater fumantes a tiros e capar animais que são "seus", nem sonham com a águia da desgraça que os preparou e acabou lhes fazendo a cabeça, embora o Picapau siga incessante picotando o cérebro dos indefesos, na programação diurna dos vendidos.

Não lembram, ou mal lembram, em quem votaram, e porque votaram, o estado de coisas que se vê é culpa dos marcianos. Aqui falamos da classe mérdia, pois os coitados que entregam as misérias para os pastores eletrônicos não contam, infelizmente.

Sim, Alfredão (o cara mede 1,92, e ela está com dor de uma saidinha ontem com um vadio adoçante e covarde do Badoo), hoje é dia de levar o RC (Roberto Carlos, o gato israelense, origem egípcia. O nome do gatão alude a um detestável brasileiro a quem as cultas professoras, ressequidas de tesão, amam entregar os seus centavos, mas isso não vem ao caso) para o check-up mensal, desconfio que essa alcatra (R$ 30 o quilo) do Mercado Zaffurtari anda lhe causando vermes.

Sim, ameiga quereida, meu amor, que bom que tu lembrou, isso é urgente, vou correndo, o pobrezinho já anda mal da cabeça, e mês que vem devemos levar o Duque de Memé de Caixas (um canzarrão desobediente de 120 quilos) para novo exame geral, aquela médica paraguaia (a médica adorou o nome do cão, lembrou-se do Duque de Caxias, o cara que dizimou todas as crianças do seu país) diz que pode curá-lo da azia.

Enquanto Alfredão encaminha o assunto em santa paz (com a cabeça presa em duas changas do PP e uma do Badoo, e de onde tirar dinheiro para tanto, vai acabar esfolando um escravo da Vila Sangue), o avô vai saindo, equilibrando-se nas muletas, dói tudo, precisa de ajuda, e Alfredão pensa, sobre o vô: se derem remédio pra esse guaipeca parar de peidar já está bom. Mas o vô não conta: está sendo delicadamente expulso da casa para um asilo, a sua opinião não vale nem a expende em voz alta, comprometida diante dos autos da modernidade. Tomara que levem o Memé de Caixas para a doutora  paraguaia, ela entende de cães.

Alfredão e Lili estarão em Orlando no mês que vem. Pacote da CVC.

Que tal uma perpetuazinha dentro de uma biblioteca? Em solidariedade iremos juntos, quem sabe numa biblioteca de presídio encontremos a paz que não existe, lá perdida, esperando a gente chegar, e aos urros de revolta expelimos os jundiás da garganta, os leites dos poros, os elefantes do cérebro, e no fim quiçá enforquemos o maldito chefe da guarda e o diretor desse admirável recanto de recuperação, antes de tomarmos as ruas e enforcarmos os ideólogos e beneficiários do sistema.

Hay mujeres y mujeres, repete sempre Juanito Diaz Matabanquero, o óbvio desde o começo dos tempos. Juanito lembra do seu primeiro amor, quando ele tinha 22 anos: "Tinha os olhos muito corridos".

Grande Gustavo, que sorte, hein, meu.

Que mundo bem desgraçado, vil. Não queria mudar de assunto, e...

Acreditamos, yo y Dolores (por teléfono), que por trás da singela homenagem, que os emociona ao ponto de andarem confabulando às escondidas, pé do ouvido,  parecendo políticos ou assaltantes, dá na mesma, temos as instigantes figuras de João da Noite e Carlito Dulcemano Yanés. O primeiro há um mês anda muito estranho. Já Carlito teve um probleminha com alguns escravos da CIA e tem a sua chegada de Montevideo prevista para as duas da matina, acompanhado de meia-dúzia de orientales. A las tres llega Juanito Diaz Matabanquero com sua turma, y Los Locos, guitarristas y cantantes também oriundos do lado de ali.

A parte que não gostamos: receberemos um troféu. Putz.

Oba, neste momento conseguimos completar uma ligação para o Burundi, lá está de passagem alguém de quem falaremos ao final (foto ao lado), amor.

Ã, prosseguindo... investigações sigilosas, pura espionagem (na verdade apenas grampearam alguns telefones) levadas a cabo pelos guerreiros da palafita nos dão conta de que o troféu chama-se Beijo de Veludo, a pretexto de termos chegado a trigésima filha mulher sem que nenhum varão tenha brotado. Descobriram ainda, os valentes estrangeiros que protegem a palafita, que os amigos chegaram a pensar em Punhal de Prata, Espada de Ouro e em outros nomes sugestivos, nesse caminho, mas desistiram ao lembrar que os predadores vivem se homenageando com denominações semelhantes, todos os anos assistimos a alaúza em torno de títulos como Guampa de Aço, Falo Pink e Vibrador de Marfim, como dissemos lá em Orgias. E mais não se sabe, os papos telefônicos eram em código tupi-guarany.

Enfim, agora entendemos os subterfúgios utilizados por João da Noite, desde a entrada de novembro, para nos segurar em Porto Alegre. Inventou até doença, hospitalizando-se por um dia na enfermaria FHC Government, um caríssimo hospital onde os gatos falantes se curam queimando o dinheiro do povinho que os sustenta, pois nunca trabalharam. Quando Kafil durante a revista achou as garrafas de uísque no roupeiro do hotel de luxo, tirei-o de lá a pau, pau que foi somente um olhar de homem sério. Sei que não fizeste por mal, João, mas aqueles dois mil por um dia nesse paraíso valiam duas toneladas de arroz que saberíamos onde meter. O Lula, que diz que o SUS é de primeiro mundo, optou por um desses, certamente para não sobrecarregar o sistema. Afinal, quem paga o milionário nosocômio é o Tesouro, isto é, sou eu, o contribuinte. E tu, que teve o azar de ler até aqui.

Dolores Morocha e Frida Von Allerborn, queridas cúmplices de João nesta aventura, devem chegar logo. Ainda bem, pois já estamos rubros de encabulados. É o fim?

É o fim da picada, fim mesmo, isso de homenagem começa a surgir quando o sujeito está pela sete. No nosso caso, perderemos pelo menos mais vinte anos e dez meninas. Mais que isso nem pensar, adeus aos meninos, às meninas aos noventa, isso dói... Azar, que venga la siete.

E João da Noite começa nos dedicando um samba gravado pelo Martinho da Vila. Todos dizem que o grande artista carioca teria dedicado a alguém que a modéstia nos impede de declinar o nome, mas é tudo mentira.

Tão mentira quanto são de brincadeira todas as palavras desta postagem (exceção, em parte?, às do meio, que agora, olhando para cima, vejo e resolvo grifar). O esclarecimento se impõe antes que a alta intelectualidade da europa do Rio Grande do Sul, os aimorés das cavernas, corações em fogo, trêmulos de inveja, se levantem em armas revoltados porque Salito está se achando.

Que vengan.

Parabéns, Carolina amor de mi vida (Carolina Spinoza Fagundes Bindé Rodriguez La Salle Silva Oliveira Salazar Ferreira - Porto Alegre, RS, 4/11/1976), pelo seu aniversário, e desculpas por metê-la neste texto que é um samba do crioulo doido.

Tintim.

Teu pai.

em a

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