jueves, 3 de noviembre de 2011

Católica: a tiara de três esferas e o antro de Onan

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(a postagem é de setembro de 2010. Repete-se a pedido de uma leitora argentina, com acréscimos)

Senhor Aguirre:

Olhe só, nobre arcebispo, algo que nos interessa sobremaneira. Ao Brasil, ao Ecuador, ao Burundi, ao mundo todo.

Consta que o nosso chefão Bento XVI (a cada vez que vejo a cara desse cão dos infernos me arrepio, é o próprio Nosferatu, sai, desgraçado, vai, some), hoje em sua visita ao Reino Unido, admitiu que a Santa Madre Igreja Católica Infalível Perfeita Suprema falhou na reação aos casos de abuso sexual cometidos por padres. A bordo da luxuosa aeronave que o levou a Edimburgo, na Escócia, o meigo pontífice afirmou que a prioridade agora é ajudar as vítimas a recuperar a confiança na Igreja.

Estava muito triste e chocado, disse não entender como essa perversão foi possível. Tadinho.

Ainda bem que será consolado pela anfitriã Elizabeth II, chefe de Estado britânica e governadora suprema da Igreja Anglicana, no palácio de Hollyroodhouse, a residência oficial da monarca na capital escocesa.

Compreendo o que lhe vai pela alma. Entristeço-me em comunhão, meus olhos estão rasos d'água. Como poderia saber, o santinho, se eu também, callejero como só, fui tomado de grande surpresa e espanto. Isso é um defeito, confesso: me espanto com tudo, desde menino.

Ainda ontem falei a respeito com a Mad: os reis e rainhas são muito mal informados, não sabem, não viram..., só pode ser culpa das assessorias que eles mesmos escolhem a dedo. Pois acabei de falar e desabou uma piratona do governo brasileiro, cobra muito grande, os mexericos de ontem eram somente a pontinha do iceberg. E lá vou eu desviando do assunto, que mania.

Viu como existem homens virtuosos? O pobrezinho, como todos os humanos estudiosos, até hoje não sabia aonde leva o estúpido celibato, a tortura física que impede aos homens de fazer sexo, imposto há somente 937 anos pelo Gregório VII. Ele não sabe, o grande bruxo punheteiro. Certo, o mar de esperma derramado covardemente sobre corpinhos de crianças indefesas haveria de ter uma razão, devemos confiar nos desígnios do Senhor.

Aliás, o Gregorião, como o chamavam os amigos de taradices, era um sujeito muito doido, briguento pacas, meio Napoleão de hospício. Proclamava-se o rei da cocada preta, se dizia infalível, dono de tudo que houvesse na face da terra. Desconfio que Mr. F. Febraban é seu descendente. Nas orgias, bebia demais e se punha a berrar: Eu sou o cara! Deve ser nele que o idiota do nosso presidente se inspirou. E deu de exigir obediência cega dos príncipes e imperadores. Deve ter exagerado um pouquinho, um minúsculo erro de cálculo, pois acabou exilado pelos seus acólitos, e sifu, agora tinha de dar o botão para um lenhador desdentado, lá no meio de um mato, ah, que saudades das festas com meninos de 20 anos na Capela Sistina, lindos, duros..., enquanto lá de baixo vinham os berros dos hereges sendo torturados.

Opa, ia me desviando de novo. Dizia que o Gregorião alegava que o matrimônio tornava os sacerdotes distraídos dos seus deveres. Quais seriam esses deveres que os impediriam de trepar? Perguntem a eles.

De todo modo, o Gregorião estava certíssimo! Seu cargo de assassino-mor tem cláusula de infalibilidade. Quem duvidar, morre. Esse sabia... se eu soubesse o quanto dói a vida, esta dor tão doída não doía assim, agora resta uma mesa na sala e ninguém mais fala do seu bandolim... Bravo! Ao Sérgio, filho do Jacob do Bandolim, desviei o pensamento de novo, falar de coisa ruim cansa.

E isso que Gregorião não conheceu a Verinha Furacão, ex-esposa do Joãozinho Tripé.

Em reuniões posteriores, notoriamente na linda cidade de Trento, os chefões que o sucederam confirmaram tudinho, nada de fodinhas. Quanto a Trento, há quem diga que é possível que a origem celta dos tridentinos tenha influenciado as decisões, o que bebem de vinho aqueles platenses!

Mas, como sempre digo, nem tudo são crisântemos nesta vida. Daí que surgem os caluniadores, sob o capuz de "historiadores", dezenas, centenas deles, a supor que a imposição do celibato foi um meio de evitar que os bens dos bispos e sacerdotes casados fossem herdados por seus filhos e viúvas, em vez de beneficiar a Igreja. Deveriam ser excomungados, esses maledicentes. Como todos os que usam capuz. Bem, todos não, os rapazes rebelados de presídios não merecem isso.

Contemporaneamente, li um conto de um sujeito que me causou profunda repugnância. O indivíduo se referia aos nossos párocos como lúbricos traidores de Onan, "messalinas reprimidas, loucos para colocar meias, ligas e calcinhas pretas", e outras expressões horríveis que aqui não posso declinar. Felizmente tal livro teve a edição de mil exemplares esgotada, já pensou se cai nas mãos de alguma criança inocente?

Se o nosso amado Popão Bento lesse o que ele fala dos papas... nem os símbolos respeita: "Ah, a tiara de três esferas, símbolo do absoluto domínio de um pederasta criminoso sobre o céu, a terra e o que há debaixo dela".

Horrendo!

Ele matou um padrecito sexagenário!, Aguirre, depois de chamá-lo de vaca holandesa! Possivelmente um dos queridos irmãos da Ordem dos Holandecos.

Escritor de mentiras, também merece ser excomungado. Mas este dizia, me excomunguem!, é uma honra, seus filhos da puta. Vou tentar esquecê-lo.

Sobre internatos tive uma rápida mas proveitosa conversa com Michel Foucault no final de 1982. Quer dizer, eu não, eu apenas acompanhava a João da Noite, o nosso pensador, que desejava conhecer o famoso autor da História da Loucura. Foi difícil mas ele conseguiu alguns minutos. Lá pelas tantas o assunto se desviou de trivialidades, e charlaram sobre a palestra Os Anormais e sobre livros, lembro apenas de um, Vigiar e Punir, que foi quando captei algo sobre internatos. Mas deixemos para lá, sei que você não gosta de falar do finado Michel.

Juanito Matabanquero repete dez vezes por dia: como tem gente ruim neste mundo. Tem razão. Ele evita assuntos igrejísticos quando está e quando não está perto dos seus animais de estimação, gatitos, perritos, cabritos, todos com um nomezinho alegre.

O nome do seu cão é Torquemada, acho que mistura de Thor e aquela queimadurinha no garrão. A cã, mulher do cão, é a Torturachita, una perrita prá lá de faceira, e...

Quase desvio..., em temas agradáveis é assim.

Então, caro Aguirre, apesar das nossas diferenças, que não são poucas, precisamos ajudar o homem lá de Roma. Ah, lembrei porque comecei a falar em Juanito: ele comentou sobre um diz-que-diz-que sobre a fortuna no subsolo do Vaticano. Tem gente interessada em conhecer, a lenda, que só pode ser lenda, dá conta de que tem mais tesouros que em todo o resto da Europa. Que insensatez.

Como dizia, ah... Então, caro Aguirre, a união de todos é importante, temos que ajudar aquele pobre inocentinho.

Alguns milhões de casos de estupro de crianças ao longo da história, de detecção impossível, não podem abalar a nossa estrutura religiosa, calcada na pobreza, na sinceridade, na doação e no amor clerical.

Saravá.

Salito.


Foto: Julio César Grassi, o Julinho da Matilde, da Fundação Felices Los Niños, condenado "injustamente" na Argentina por abusar de crianças. Para sorte dele as crianças são desvalidas, não possuem parentes armados. Vai em solidariedade, um padre sério e confiável, como a foto dele e de todos os padres sempre demonstram. Cadê a minha arma?!

Em tempo: agora, e somente agora, o wikipedia começa assim, posto em que em 2013 pegou cadeia:

Julio César Grassi (Lomas de Zamora14 de agosto de 1956) es un sacerdote católico argentino, fundador de la Fundación Felices los Niños, condenado por la Justicia argentina a 15 años de cárcel por abuso sexual infantil y corrupción de menores. Se lo conocía por ser un cura mediático que solía aparecer mucho en programas de televisión para recaudar fondos para la Fundación. La primera causa por abusos sexuales fue presentada en 1991 en el Juzgado de Menores de Mercedes, pero recién después de 22 años, luego de muchas idas y venidas con el sacerdote libre, la fiscalía logró encarcelarlo. Las amenazas, intimidaciones, golpes y agresiones físicas y verbales tanto contra los denunciantes como contra los testigos fueron una constante en este caso.1 Cuatro años después de su condena, cuando finalmente queda encarcelado, el obispado decide iniciarle un juicio canónico.2 Cumple su condena en el pabellón 6 de la Unidad Penitenciaria Nº 41 de Campanaprovincia de Buenos Aires a la espera de que se evalúe la posible incorporación más testimonios a la causa que podrían aumentar la pena.




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