martes, 8 de noviembre de 2011

Betsabé, Zahara y los mios in blue

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Entre os nômades, a família tuaregue é composta pelo chefe da tenda, sua mulher e seus filhos. A sociedade bérbere era matriarcal na sua origem, a mulher tuaregue ainda é a sociedade. Ela pode escolher o seu marido, divorciar-se, libertando-se de qualquer ligação. Como ela faz todo o trabalho doméstico, a mulher tuaregue torna-se culta e descansa; é a detentora do segredo de todos os medicamentos tradicionais, confiando-o unicamente às suas filhas; é a depositária da língua antiga (o tamasheq); ela é a melhor professora da escrita Tifinagh, ela é a melhor executante de Imzad (instrumento de cordas) que afasta a solidão e os maus espíritos do acampamento, ela é a melhor cantora e tocadora do tambor de tendé (pequeno tambor feito de pele de cabra), ela é, ela é, ela é!  (Gamar Hami)

E para ela o chefe da tenda vale mais que camelo, cavalo, gato e criança, pela ordem de importância diante dele. Mais que tudo.


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Ju Betsabé, a Desaparecida, em vez de mandar um correio eletrônico, me segura ao telefone por mais de meia hora, para falar de Ginette Reno, nem falar falou, descobri a intenção quase ao fim, não precisava mais. Bom-gosto para música sei que tem. A Ju que derrubou o lar de Carlito certa vez, com suas mãozinhas frágeis quebrou... tudo. Carlos, o Burro, revidou, mas isto não importa.

Que hora para tocar o telefone..., eu acompanhado de João, Kafil e dez angolanos do Miquirina Segundo - este nobre companheiro que voltou para ficar, outro dia falaremos disso -, de conversa séria com Zahara Mahbubahif, a negra amarela contraprima de Kafil. A mulher atualmente com 40 anos, bonita, 1,70 m, falsa magra, usando roupas de carnaval, de onde vem é tradição para viagens. Cabelos cortados como cadete, para parecer homem dentro das roupas de antes. Fugida da África vestida de homem por ter a cabeça a prêmio, agitadora, só trocou de roupa em Pontaporã, o cadete de calças largas com um chapéu enfiado na cara se transformou nessa rainha tribal. A pegamos na Rodoviária de Porto Alegre no sábado à noitinha, morta de cansada da viagem, mas muito feliz. Uma pessoa de profunda calma. Muito bonita, rosto, corpo, tudo, disso a palafita entende. Mas isso não se fala, essa é só para casar, o brilho dos olhos é de tesão para sempre, não para qualquer um, ao mover um dedo vê-se que não é traidora, nem de brinquedo, que brinquedo de amor não existe, como não convém briga de mão.

Ela armada, claro,  a árabe sabe se cuidar, uma adaguinha de nada sob a roupa, mas que poderia ser muito útil se na hora de atravessar a fronteira o adoçante do Sim, quereida, vem aqui em particular ficasse depois arrogante, machão, diante da negativa, naquela do me deu bola agora aguente, sem que ela tivesse dado. Em Pontaporã está assim de caras como esse, com farda. Um pequeno incidente fez com que a palafita, mais dia, menos dia, dê um pulinho àquela bela cidade, de certo é que vamos. No fundo ela é igual à imensa maioria das mulheres, limpa, embora na tevê só mostrem a meia-dúzia de podres, de brinquedo, cacos. Meia-dúzia que soma 1 milhão, vá lá, nada diante de 3,5 bilhões de amorosas meninas, namoradas e mães sinceras que passeiam felizes pelo planeta. Aqui ninguém é moralista, Salito é que desde menino prega educação sexual nas escolas, no que é acompanhado pelos amigos "estrangeiros" do Uruguay, da Argentina, do Burundi, Cuba e da maioria dos países sul americanos. Da Europa e EUA não podemos falar, são estupradores desde sempre, inimigos, e são maus, os livros deles mostram. Educação sexual não é ensinar a criançada a enfiar um plástico no pênis. Ah, esqueçamos isso por ora.

Estrangeiros são as pessoas que ludibriam seus vizinhos de rua, sua cidade, que vendem seu país, leis que aceitou, subrepticiamente, só por dinheiro. Estrangeiros neste mundo onde não há outro jeito senão nos amarmos. Não os "estrangeiros" antes citados, apátridas como nosotros, que não acreditamos em fronteiras, que carregam amor desde el alma. Recebi de muitos lugares esse modo de viver, e o condensei, ensinei a todas as minhas filhas, aos meus amigos, escrevi sobre isso. Resultado: felicidade, coração ameno, lá fora o vento fazendo música no arrastar de folhas, cheiro de lavanda, abraços, sorrisos.
Outro dia contarei como foi a experiência de tentar ensinar aos agiotas (banqueiros oficiais, não os pés-de-chinelos, os bancos mesmo) e aos empreiteiros, e aos.

Ã... O mesmo para homens. Um bom rapaz, casado, o que vai fazer em bordel? Ah, pára, meu, entra na mesma escola da menina. Não é mais fácil se orientar antes de perder a vida, e mais, um amor, aquele amor? É o velho problema, falta escola para tudo.

Um dia darei um tiro (aqui isto significa lançar bolinha de mamona de bodoque, seu Tuma) no Ministro da Educação, mas não nesse abobadinho hijito de pápi que hoje finge exercer a função, não sou tão burro, cai logo por si, não vale um cuspe, penso mesmo é no esquema que coloca em ministérios gente como ele. Darei quando aparecer um homem por lá, sem mancomunações, pelo talento e seriedade, se ele se acovardar diante do horror que vai encontrar, e nada fizer. Se me mentir antes e depois se vender. Se fosse para atirar em bandidos, hoje ninguém daria conta. Hoje só tem cão sarnento, cão treinado para falar o que os infelizes precisam, todo "sério", curso canastrão de teatro, picapaus oriundos de escolas de "elite", vestidos em roupas de grife pagas por tabela pelas  crianças esfaimadas da Vila Sangue, ah, seus hijos de..., vai que dia destes eu mude de ideia e comece a atirar em perros.

A famosa ex-cafetina Juraci (prostituta por 50 anos, mas não contem para ninguém, foi a única coisa que lhe ensinaram a fazer, à força, aos 12, começou a cair em si aos 62), bem antes de puteiros especializados e de lutas vale-tudo por dinheiro, o circo romano piorado, hoje meio arrependida, tornou-se Juraci Bi-Diversidade, que agora estuda biologia das piranhas (um peixinho inofensivo perto do Villaverde e outros peixões dentuços, não perdem por esperar os nomes), vai abrir um curso para otários no fim do ano. O nome é sugestivo mas não devo aqui declinar, não pelas crianças que lêem este blog, algumas habituadas a ver as novelas da Globo pela burrice das mães, não, é porque será uma surpresa, não posso antecipar. Deixe de Ser Leviano e Corno e Deixe de ser Vagabunda foi o título inicial de dois cartazes, mas o pessoal achou fraco. Não esqueçam, Juraci Bi-Diver, para os amigos, ela vem aí.

Não me perguntem o que é "meio" nas incertezas da D. Juraci, a resposta é meio triste.

Ah, a Zahara. Encantada com a palafita por muitas razões. Sei de muitas dessas razões, mas a que mais me importou e importa é a de saber que a sua alma não é ingrata. Quem sabe ela ganhe um Nobel um dia. Aliás, sobre isso, ela diz, "Náo nobel" e amontoa outras frases, espaçadas. Kafil traduz livremente, empacando, com dificuldade, mas entende-se o contexto: "O norte-americano Obama já ganhou esse "prêmio" (Kafil ao traduzir acentuou o modo que ela disse "prêmio", ai que desprezo), ao matar inocentes por perversidade". O trofeuzinho da hipocrisia perdeu o valor, se o tinha. Lembrei-me do Obama e da sua Cadela Mor, a Hilária, assistindo e festejando pela tevê a fria execução, mulheres e filhos juntos do "terrorista" (isso não mostraram mas se sabe), poderiam ter prendido, braços erguidos em rendição..., e de muitas outras execuções.

Zahara é do Sahara, é saharaui, tuaregue do lado de cá, nunca foi e rejeita ser marroquina. Quer o que sobrou do Sahara livre dos estrangeiros, das mentiras da ONU e dos vizinhos que se venderam. (a foto ao lado é de outra mulher tuaregue, um pouco mais jovem mas não mais linda; a visitante, obviamente, não pode ter seu rosto na rede, ela vai voltar).

Seguiu falando qualquer coisa com Kafil. Kafil se esforçando para entender o linguajar bérbere que sua mãe lhe ensinara quando menino. Disse-me depois que é muito difícil, uma mistura de algo que hoje se fala nos confins das areias do Marrocos, do Níger e da Argélia, com pontas de um fim de mundo que ninguém mais sabe, o último dos dialetos afro-asiáticos que se perdeu no tempo. Os recantos desconhecidos do deserto, onde sobrevivem apenas homens de areia. O rosto, o jeito de falar... estou certo de que um dia ainda a verei gritar aquele grito das mulheres do deserto, garganta varrendo as lonjuras entremeada com a língua trêmula batendo sem parar, aquele código, aquele espasmo sublime, mortal, que vai longe na noite, canção de feridas e mortes, de amor e felicidade, grito de vida e prece aos céus na noite do sem-fim.

A deusa bérbere, que sabemos - eu, Kafil, João, Miquirina e outros compañeros - que é negra cruzada de amarelo, mas só vemos um marrom muito queimado, com os olhos verdes-marrons riscando a noite diz:  "Tudo bem", meio cantarolando, despreocupada, ao ouvir o telefone da palafita gemendo sem parar. Aprendeu o "tudo bem" com Kafil, além de Olá, Boa sorte, Tenha coragem, Bom dia, Felicidades, Boa Noite, Conte comigo, Sal, Carne, Banheiro, Manteiga, Arroz, Bife, Frigideira, por aí. Com o texto sobre a música de Natal da Simone, que Kafil lhe explicou, aprendeu o Vai tomar no c* (o texto do jornal estava assim) e seu significado, desatou a rir, um mundo branco na boca a contrastar com a tez morena do sol causticante da África setentrional.

A estridência mental do telefone, chamando baixinho, sem que eu atenda, deixa o pessoal indeciso, mal-estar, tínhamos visita na casa, não fosse assim já teriam se espalhado, televisor, internet, bebida, música, a palafita é grande. Foram salvos por Juanito Diaz, que chegou com sede e do térreo reclamou abraços e bebida em altos brados. Desceram todos os companheiros, a Zahara junto. Atendo o telefone.

Um barulhão de carros na rua, a seguir a voz de Betsabé. Sem introito diz que anda atrapalhada com o doutorado, um suplício a "professoralha inguina", Entendi que essas palavras significam, se me engano me liga de novo, Bet, "professor+gentalha+ignorante", é isso? Empinados? Por que não apunhalou de frente, na hora, um excremento desses? Nem me ouviu direito.  Fala que neste exato momento toma chope com o Laurêndio num barzinho de ricos da rua Padre Chagas, fico sabendo que o Laurêndio tem 1,80 m, muito querido, bons dentes, roupa esporte o fino, carro de machucar o coração de tão lindo e macio, é um "colega da filosofia", mas já emenda que anda muito puta da cara e que já teve dez namorados depois que brigou com Carlito Dulcemano, e que deixou o compi de mão em casa, caralho!, que droga, mas que... não suportou ficar pensando durante o chope, tinha uma coisa coçando no teto desde às 8 da manhã, precisava ligar.

Telefone celular é caro demais no Brasil, por alguma razão que o Fernando Henrique deve saber. Ela derruba algo ou se levanta por algum motivo lá no bar, aproveito para voltar a atenção para o térreo da palafita. Um festerê bem bom, Juanito Diaz Matabanquero chegou mesmo feliz. Deve ter tomado algum de Mr. F. Febraban. Já desço lá.

Sim, Betsabé, você falou todas essas coisas boas para o Lurênio? "Não é Lurênio, é Laurêndio. O quê?, tá doido! Falar o quê! É uma bosta ambulante!".

- Sim, Ju, entendo. Mas me ligou para quê mesmo?

- Ah, pra te dizer pra botar aquele blue que te mandei por maíl e te convidar pra caminhar amanhã em Ipanema no entardecer, ver "a bola vermelha sumir", como você diz. Pode levar junto esses mal-encarados, já gosto deles.

Sente a bobagem e conserta: Ah, tudo bunitão, eu que sou uma boba.

Ei, mandou correio? Quando, não vi, pera, vou ver.

Outro barulhão. Vai que a doida tenha explodido o bar.

Antes de desligar digo Eu ti, sem esperança de que me ouça. Ela devolve que também me ama. Clic.

Vá entender.

Ia colocar uma música para a Ju se acalmar, tarde da noite, mas ela ligou antes. Era essa mesma. Mas não pode, não li correio algum.

Uma tipo assim, como no espetáculo em que está presente Céline Dion, que postei antes de sair de casa, mañanita de hoje, que já é ontem.

Quando essa mulher aparece o público e os demais artistas pensam: sai da frente. Voz maravilhosa, domínio de palco..., mas tem mais. Já na entrada todos sentem a grandeza moral.

Em todos os lugares do mundo a nossa fértil civilização tem alguém assim, a cada geração que passa, a cada vida que se renova. Segurança e destemor, com a ternura ilesa neste entrevero de vida e morte. Alguém que nos remete à compreensão do tempo, um ser que derrama paz e sangue ao passar. Um ser que sabe o que é um golpe na boca, um ser que se rebela na injustiça de crianças morrendo de fome, e sendo forçadas a assistir... a televisão deles. Um ser que sabe, sofre muito, e que descobre que também precisa respirar, sorrir, único modo de ajudar a si e aos outros.

Abro alas, ela não vem com ar de guru de ninguém, vem sincera, humana. Como não é Jesus, deve estar "rica", mas se está não foi mentindo nem roubando como o Jobs tão festejado (o povo nem sonhava quem era esse animal, mas as redes dos múmios... trataram de informar, só faltou os espinhos na cabeça do assassino que eles, sanguessugas, adoravam, professor de lesa humanidade).

No Brasil de hoje, em vida e ainda cantando, temos Elza Soares, sobreviviente, única.

O Canadá tem Ginette Reno, (Ginette Raynault, Québec, Montreal, 28/4/1946). A palafita se curva em reconhecimento de amor.

Amanhã esta humilde moradia, recanto de perseguidos, talvez saiba como é no finzinho do deserto, quando a ilustre visitante acordar de semanas de pavor.

Como Ju Betsabé é doida por jazz e blues, adivinhem o que vem. Vai para todos, mas é da Ju, ela que pediu, ligou por isso, para os outros amores mais tarde oferecerei um tango!, hoje não saio de Puerto Alêgre!

Eu vou sair para a rua.

(Em tempo: Ricos de quê, Bet, são os da rua Padre Chagas?)




Os malvados retiraram o vídeo da rede. Colocamos outro!

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