sábado, 20 de agosto de 2011

Carlito, Cazuza e o fedor

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Carlito passa pelas nove da manhã com o chapéu puxado nos olhos, cara de poucos amigos, e como de hábito incendeia tudo com o som de algum "maluco". Desta feita acompanhado de Lucas, um bageense tão honesto quanto perigote, mais um centímetro e aquela adaga não o deixa dobrar a perna.

Hoje incendiou muito bem.  Como todos sabem, aqui na palafita Cazuza sempre está de aniversário.

Cazuza pegou em cheio. Fede mesmo, e muito. Os muquiranas não passam de uns caboclos ignorantes, porém, como os pastores universais, leram O Ivo viu a Uva, o suficiente para ludibriar e se apossar dos direitos básicos dos nossos irmãos que vivem na mais profunda escuridão.

Ou alguém pensa que enriquecem tomando dos seus pares, os outros ladrões? Não, meu senhor; não, minha senhora: é da massa ignara que tomam. Mais o assalto aos cofres públicos, à socapa, o que dá na mesma.

Orgulham-se disso. São da mesma estirpe dos valentes punguistas que furtam (furtar = pegar para para si, às escondidas, coisa alheia) doce de criança ou moeda da lata do mendigo.

Por essas e outras é que todos os sábados, quando está em Porto Alegre, Carlito Dulcemano Yanés, virado da noite boêmia da Cidade Baixa, sai pela rua gritando, agora com o chapéu no pico da testa: "Vamos quebra-los a pau, meu povo! Vamos assaltar bancos! Vamos enforcar os políticos". Naquele seu dialeto português-cubano de Montevideo... Quem não o conhece pensa que é louco. As classes armadas (cada vez que escrevo isto me vem à cabeça o Deus Lhe Pague, do Joracy) o conhecem, mas, por conhecê-lo, fingem que não vêem, muitos deles até o admiram e protegem, se preciso. Por via das dúvidas, Miquirina Segundo e Kafil o seguem a uma razoável distância, sempre tem o risco dos bandidos de Mr. F. Febraban aparecerem em mais de cinco.
Daqui nos preocupamos um tantinho com Carlito, vai que um dia ele comece... Sabemos que as classes armadas acabarão o calando, depois d'ele levar uns duzentos mafiosos para o inferno.

Mr. F. Febraban não me faria isso, me levar Carlito. Sabe que eu viraria diabo, envolto em labaredas. O temor que temos é de um coitado de um assecla cometer uma bobagem, querendo agradar o banqueiro.

Para Carlito: Sossega, leão. Quem sabe Ju Betsabé, que retornou de Floripa...




Para judiar do irmãozinho Carlito, e incentiva-lo a deixar de ser brabo, vai uma pintura de Betsabé, a primeira, se banhando.
Do incrível artista Cornelis Cornelisz van Haarlem (Holanda, 1562  - 1638).





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(Hoje saindo da capa: Quatro dias depois da bomba de Nagasaki, o Imperador do Japão, antes de suicidar-se, escreveu uma carta para seu povo pedindo perdão pelo crime cometido pelo Bush da época. No Brasil, o restaurante McGraxa's vai bem, lotado de crianças. No rádio, toca lixo em inglês. A colônia progride.)




2 comentarios:

  1. hehehhe. E onde andas, figura? Ontem passei no buteco e nada de ti. Em sampa, ainda?

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  2. No, mi dulce amor, ahora en Puerto Alegre.
    Acabo de sair da Mercearia Zaffurtari. O sujeito agora está cobrando R$ 60,00 por um quilo de picanha. As cebolas e os tomates num estrago só. Chamei-o às falas e o indivíduo me veio com entressafra e tal. Tudo mentira, quando ele quer busca frutas na Grécia, a preço da banana, arrebentando com os nossos colonos. Como ele estava cheio de gorilas, e eu solito e desarmado(Kafil e Miquirina ainda estão no rastro de Carlito), deixei para lá. Deixa estar.
    Por falar em Carlito, ainda não bateu aí?
    Mais tarde darei uma passada no Beco do Oitavo. Besos.
    Salito.

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