domingo, 3 de abril de 2011

Recuerdos da 28

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Meu irmão Juanito Diaz Matabanquero, obviamente também torcedor do Peñarol, criador de chivos y ex-propietario de comedor, que de momento anda pelas bandas de Pontaporã, telefona ansiado para me avisar que Mr. F. Febraban soltou os seus cães assassinos com pagamento dobrado, e colocou Carlos Dulcemano Yanés como primeiro – junto com outro cara que é melhor não citar - na sua lista de procurados. Os buldogues andam alucinados pela América do Sul à cata daquele maluco.

Tudo por causa de um “pequeño fuego” que Carlito teria provocado, depois de infiltrar-se e ler o que não devia.

É, o prédio da Av. Paulista não era tão grande assim, mas era de estimação dos mafiosos, ali é que se combinam de roubar o povinho há décadas.

Pero esquece Carlos Yanés, meu irmão. Para pegar nosso mano caçula, Juanito, seria nas primeiras 24 horas, agora não pegam mais, eu respondi. Agora eles que se cuidem de novo. Eles mandam  os mercenários para cá e periga o doido seguir por lá, onde não o procuram, e de brabo acabar incendiando a avenida Paulista inteira. Mas não fará isso, por enquanto, o que fará aqui não posso declinar.

Bueno, mania de desviar de assunto, melhor esquecer os bandidos da avenida paulista, que matam o povo pela falta de instrução y otras cositas más.

Lá pelas tantas, comentando as possíveis rotas que Dulcemano usará para chegar a Porto Alegre quando ninguém mais esperar, Juanito lembrou de uma passagem sua por Uruguaiana, quando era muito novinho e muito atrevido.

Em Uruguaiana, diz Juanito, os colas-finas – do tipo de um graúdo e honestíssimo (ahahah...) empresário mineiro, que virou político para aumentar a renda do clã de conluio com mensaleiros, recentemente falecido – freqüentavam os cabarés da Dona Margô, do Seu Ramon, da Dona Marina, o Coqueiros e até do Dom Ivo.

(Isso me transportou para a Av. João Pessoa, em Porto Alegre, onde morei de favor: para chegar ao meu quartinho lá no pátio, eu tinha que passar pelo meio da casa. Uma nojeira, aqueles velhos balofos sentados nos sofás, ou transitando entre os cômodos inundados de cortinaredo carmim, com os olhos ávidos escolhendo meninotas. Ou os filhos dos velhos balofos, à vontade como donos do campinho, chave do carango na mão. Sofri muito, mano, eta carta bem interrompida esta).

Já os pobres se contentavam com os puteiros da 28 de Outubro (parece que era perto, ou agora se chama, Dr. Maia, próximo à Benjamin, quem souber que me diga, nunca fui à Uruguaiana, só conheço a fama), perto da linha do trem, que eram habitados, além de tristes putas, também por cafetões, bandidos, beberrões, fuzileiros navais, por aí. Mais os ratos, claro, máfia que cobra pedágio é essencial onde os tiroteios e punhaladas são comuns. Sem os ratos, os gaúchos se acertam, numa boa, de um jeito ou de outro, mas eles tem que se mostrar.

A vizinhança vivia em polvorosa, ninguém conseguia dormir com a música alta, brigas, gritos. Tiros.

Fui lá só pra beber, me disse Juanito. Ainda bem, pois só come salsicha e “emici” Donald quem não sabe o que tem dentro.

Só para beber mas fui obrigado a quebrar tudo, por causa de um marinheiro metido a sebo. Foi lá que sem querer meu punhal furou um rato que se atravessou de mau jeito, achei que era um deles, o punhal-adaga entrou num ouvido e saiu no outro. Quase me estragam a vida, conclui. Quase porque me bandeei depois de cortar mais cinco.

Aí, agora, eu que narro este recuerdo, lembrei da antiga música, de uma Califórnia da Canção, um clássico do Rio Grande  do  Sul, uma prova cabal de que a memória do povo resiste através dos seus artistas.


Sossegue, Juan, Carlito está em segurança.

Pra ti, "Recuerdos da 28", de Francisco Alves e Knelmo Amado Alves, seu pai. Parece que esta indiada é de Itaqui.

No disco com o grande cantor Juarez Brasil e o grupo Os Gaudérios.

Oigalê! Que vengan! Con amistad!

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