sábado, 2 de abril de 2011

É o meu querido amor

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Bueno... chego no hotel em Campo Grande ainda com as palavras de Carlito Dulcemano ressoando na cabeça. O que é isso, hermano?, estamos na mesma canoa. Volte mesmo, chegaremos juntos.

Além de Carlito, inculcadas em mim as figuras de Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues.

Então vamos fazer o seguinte: apaguemos a interpretação da Zélia ontem, digamos que os ventos do sul lhe fizeram mal naquele dia. Sempre gripada essa guria.

A linha melódica de "Quem há de dizer" é inconfundível, como todos sabemos. Hoje vamos procurar acertar.

Primeiro com o cantor Eduardo Canto, saindo mais mpb, ritmo estilizado:


Agora com o intérprete Sinval Fonseca, com o instrumental original:


Não sei quem disse melhor. Ambos lindos. Sei do meu gosto. Sei de mim.
Eu pegaria a voz do primeiro com o Regional do segundo.

Mas sei que mesmo assim nunca sairia igual como cantavam aqueles velhos, Lupicínio junto.
Infelizmente não recordo de ter visto Alcides, eu tinha apenas 20 anos, recém chegado do mato, ainda sem ter onde morar, e nunca fui de ficar perguntando que é este e quem é aquele, nem de puxar papo ou pedir autógrafo, nem de olhar as roupas das pessoas, ora. Mesmo na miséria, ia de roupa limpa, é de lei, para as mulheres - nada de "gatinhas" - mirava sério uma vez só e virava o rosto rapidamente. Abobado? É, mas não queiram saber... O próprio temperamento e a necessidade ensinam, como sabem os meus irmãos de covil.
Cantavam no Adelaide's Bar, na Rua Marechal Floriano, ao lado um hotelzinho onde todas as camas tinham meu nome, depois, escritos a canivete. E de mais um milhão de pessoas, só eu mesmo para encontrar a minha.

Ah, eu lá no bar noturno, apertado numa mesinha de uma só cadeira de tão pequena, que o garçom usava como apoio.

Aqueles negros tamanhos de armário de 6 portas, ébanos da boemia, meu Deus, os violões naquele bar diminuto para tantos doidos, o pandeiro, o cavaquinho, a flauta assoviando para desvanecer a alma, no céu... aquele enorme alemão vermelho de voz forte, lágrimas rolando ao cantar... 
Todos me tratavam tão bem, tão bem... sem aproximação, sem peninha por ver-me enrolando com um chope a noite inteira, e sim porque eu amava música e eles viam isso, para eles estava na cara, conheciam pelo caminhar. Na primeira vez Pato me levou e pagou a conta, depois tive que me virar pra pagar aquele chope. Depois eu era de casa. Confiança no menino. Uma festa.

Dali foi um pulo para morar no Chão de Estrelas, na Zé do Patrô, lembro de todos lá, um por um, uma por uma, e vou dizer aqui ainda, a cada dia que acordar enluarado. Ali aprendi a fazer hora esperando o trabalho de alguém terminar para irmos para "casa" juntos, porém o expediente era em local menos nobre, até às 4.
Até às 4, olhava para a Terezinha.

Não, nunca será igual. Salvo se Salito resolver virar produtor, eheheh.

Alô, dona Lourdes Rodrigues, será que você ainda encara um palco, minha grande cantora, minha velha que tanto aplaudi naquelas noites, minha amiga depois,  minha inesquecível Dama? Não sei o que mais me tocou, se vê-la cantar "Dona Divergência" ou "Zaíra".

Sabra Diós. Hoje acho que o que mais me tocou foi ter aprendido... não muito, "até ali" pelo temperamento, não sou o melhor nisso, a conviver com a inveja nos olhos das almas pesadas, a suportar quieto a pecha de louco. Não vale a pena se incomodar.
Tintim.




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