domingo, 27 de marzo de 2011

Bastião

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Quando João me saiu com essa, eu era pouco mais que um menino. Calças curtas.

Depois, de chapéu e muitas mulheres, passada firme pelas ruas da Cidade Baixa, ensopei todos os travesseiros do cabaré onde morava de favor. Florestas de arruda fêmea me descendo pelas costas, da orelha até o meio das costas, sequei pelo calor da arma que me aquecia o lado esquerdo do paletó, sobre meu coração.  Batizei dezenas de meninas, palestrei em presídios (como convidado dos encarcerados, jamais pelas " otoridades"), levei batom para as loucas que os filhos esquecem, uma festa aos domingos no Padre Cacique e na Lopo Gonçalves.

Sempre lembrando da incompreensão que tive com meu pobre pai, que teve uma vida muito pior que a minha.

Sei que me perdoou, bem antes de morrer, que sozinho ficou torcendo por mim, quieto, engolindo desaforos. Sei que foi meu nome que chamou antes de partir.

Perdoou-me, mas recordo um samba que diz quer perdão é feito pra gente pedir.

Fiz tudo errado, mas me corrigi, meu pai. Aos 33 anos decidi que nunca mais mentiria. Quase me custou a vida, mas sobrevivi. Não minto e desprezo dinheiros, Escrevo. Estou bem, pai.

Hoje reúno coragem e peço de  público, Sr. Sebastião: onde quer que esteja, por favor me perdoe. Sempre estiveste nos meus pensamentos, todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos, como de resto a mãe e as meninas.

Sempre estará. A benção.



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