miércoles, 1 de septiembre de 2010

PLÍNIO

Salito

Estou há dias para te mandar alguns breves comentários, prestigiar teu blog, mas é demais a correria.
Primeiro, deixa te dizer algo que outro dia na pressa não deu: quando conto aos amigos histórias pitorescas dos tempos de exílio, nunca deixo de mencionar o garoto brasileiro que andava tomando pisco pelos bares perto do meu trabalho na ONU, lá em Santiago. Quieto, sisudo, mas sempre grudado nas morenas. Pois aí está você. Casou com alguma delas? Logo que passar a tormenta das eleições vamos dar um jeito de rememorar com calma.
Vamos lá, rapidinho. Tem gente que não me conhece mesmo. Pois dentro do possível vai conhecer, o problema é o boicote da imprensa em geral. Se eu ganhar a eleição, é certo que haverá bloqueio comercial, na tentativa de me derrubar vai faltar de tudo, até gêneros de primeira necessidade, com grande tensão social. Se tentarem me passar nas armas, o povo terá de sair às ruas, e vai sair.
Vamos fazer uma reforma agrária radical, a única capaz de mudar o Brasil, todos sabem que isso é vital e ninguém tem coragem de fazer. Pois vou desapropriar todas as fazendas com mais de 500 alqueires.
Quem tem medinho dos patifes que mandam e desmandam no Brasil que vote em outro candidato. Danem-se os votos, nunca fui mentiroso na vida, de dizer uma coisa e depois fazer outra, eu digo hoje o que dizia quando tinha 20 anos, é só olhar a minha minha biografia.
Vamos fazer auditoria na dívida pública, vamos acabar com a privatização das florestas, vamos combater o imperialismo, mas você sabe disso, está tudo lá no nosso programa de governo, apenas 25 itens concisos. Aliás, programa que é quase idêntico ao que tínhamos no verdadeiro PT, lá em 1980.
E já tenho de correr, até.
Abração a ti e a todos que não se entregaram.
Plínio de Arruda Sampaio


Caro Plínio,

Depois te mando algumas linhas. Se me permite, abaixo vai o teu programa de governo, foi boa a lembrança, pouca gente lê os programas dos candidatos. O teu é de fato conciso, exato. Curto e grosso, como se diz aqui no Sul do mundo, Outro dia, lendo o programa de governo da Dilma, me deu uma bruta diarréia mental, me senti insultado pela verborragia inútil, nada diz, não se compromete com nada, é feito para ninguém ler mesmo, não foi por nada que inicialmente entregaram o programa "errado" ao Tribunal Eleitoral. Deveriam escrever: "Queremos seguir mandando, junto com Sarney, Jader, Renan, Collor e demais amigaços" e fim, seria honesto.

Abaixo, então, o programa do governo PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO:

1. Auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, controle do fluxo de capitais e do câmbio, com subordinação do Banco Central (BC) ao Estado e taxação progressiva das grandes fortunas (acima de R$ 2 milhões).

2. Defesa da reestatização da Vale; contra as privatizações, em especial a dos Correios (não à transformação da EBCT em Correios do Brasil S/A).

3. Defesa da soberania nacional, fim da privatização das florestas, revogação da MP 458, que legaliza a grilagem no campo; desmatamento zero.

4. Apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.

5. Pela revitalização e contra a transposição das águas do Rio São Francisco; contra obras que inviabilizam a permanência das comunidades tradicionais da região; defesa da revitalização e implantação de projetos para combater os efeitos da seca.

6. Defesa da Petrobrás 100% estatal; com monopólio estatal da produção e exploração de petróleo; controle estatal e social sobre o pré-sal; transição para fontes de energia renováveis.

7. Reforma agrária, defesa dos movimentos sociais sem-terra e das suas ocupações; limitação do tamanho da propriedade rural ao tamanho máximo de mil hectares, com expropriação de todas as terras que utilizem trabalho escravo e infantil.

8. Pela segurança alimentar da população, contra os alimentos transgênicos.

9. Reforma urbana: defesa dos movimentos sociais de sem-tetos e das ocupações urbanas; pelo direito à moradia digna, contras as remoções forçadas e por um plano de utilização de imóveis vazios que hoje servem à especulação imobiliária como ponto de apoio fundamental em uma política de habitação popular.

10. Fim da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza; anistia a todos os militantes e dirigentes dos movimentos perseguidos com mandatos de prisão, condenações e processo judiciais.

11. Manutenção do direito de greve e fim dos interditos proibitórios. Defesa do direito de greve dos servidores públicos; contra o arrocho salarial e o congelamento de salários do funcionalismo; contras as medidas e projetos que visam precarizar, privatizar e destruir os direitos dos servidores e os serviços públicos.

12. Fim do fator previdenciário e defesa da previdência pública.

13. Apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas, quilombolas e os territórios de matriz africana; combate ao racismo ambiental.

14. Redução da jornada de trabalho de 40 horas, sem redução de salários; fim da flexibilização da jornada e dos direitos trabalhistas, fim dos bancos de horas.

15. Defesa do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira e destinação de 10% do PIB para garantir educação pública em todos os níveis.

16. Fim do modelo de gestão por Organizações Sociais na Saúde e extinção das Fundações privadas na gestão pública; defesa da saúde pública universal, integral e com controle social.

17. Auditoria da dívida ecológica decorrente dos passivos ambientais provocados pelas grandes indústrias e o agronegócio; utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para pesquisa e transição para matrizes energéticas limpas e renováveis.

18. Reforma política com participação popular, baseada no financiamento público exclusivo de campanha.

19. Em defesa da legalização do aborto, pelo fim da criminalização das mulheres.

20. Contra o racismo, a homofobia e o machismo.

21. Pela democratização dos meios de comunicação; auditoria de todas as concessões das emissoras de rádio e TV; fim da criminalização das rádios comunitárias; anistia aos comunicadores populares; proibição da propriedade cruzada dos meios de comunicação; banda larga universal operada em regime público; criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa de definição das políticas de comunicação com participação popular; políticas públicas de incentivo à implementação de softwares públicos e livres, ampliando o acesso e a democratização.

22. Apoiar as experiências e investir em novas iniciativas de economia solidária, cooperativas e associativas.

23. Retirada das tropas militares do Haiti e sua substituição por contingentes de médicos, técnicos e professores.

24. Política externa referenciada na soberania brasileira, no combate ao imperialismo e no apoio às lutas e à autodeterminação dos povos.

25. Combate sem tréguas à corrupção institucionalizada no Brasil - defendendo a punição de todos os envolvidos em denúncias de desvios de verbas, cassação de mandatos de parlamentares corruptos, financiamento público exclusivo de campanha.

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