domingo, 29 de agosto de 2010

Dilma (2)

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Esqueci algo importante que precisava te dizer, isto não pode esperar.

É o seguinte: andam falando que você, com as próprias mãos, obedecendo ordens da turma do Sarney e das empreiteiras, que obviamente vão encher os bolsos de mais dinheiro público (afinal, é o único modo que conhecem de roub, digo, ganhar horrores), desenterrou um delírio da ditadura militar que nem o Dirceuzinho, o López Rega tupiniquim, teve coragem. Sim, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.

E as pessoas começam a falar da contrapartida. Dos bandidos políticos supõe-se os votos das pessoas que eles escravizam, compram ou iludem, mas e dos bandoleiros das grandes empreiteiras?


Inocentes "doações" para a campanha, tendo em vista o teu lindo sorriso de metalocerâmica?


A propósito, já está na internet a sua lista de doadores? Verifico depois.


Pois largue dessa bobagem, mulher, vai pegar muito mal. Já pegou, somente ainda não chegou aos ouvidos da massa ignara.

Já vi quem sugerisse alterar o nome da tal hidrelétrica para Puteiro Belo Monte, posto que se trata do cabaré da energia elétrica. Se isso se concretizar, recomendo para o conselho fiscal os probos Ricardo Teixeira, José Roberto Arruda e Delúbio Soares. Para diretor financeiro, ninguém melhor que o íntegro Marcos Valério.


Como auditores independentes, na falta da honesta Arthur Andersen, qualquer grande multinacional de auditoria, que monopolizam esse mercado no Brasil, ou uma das que auditam as contas da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Federal, ou será que é a mesma? Deve ser norte-americana, disto estou certo, pois sei que os americanos adoram saber os nossos números, antes que o presidente do Brasil saiba.


Para a presidência do grande empreendimento, a recatada Sra. Stanislava Perkoski, a Polaca, pessoa com quem convivi na época em que consegui parar de morar em prédios em construção, posto se tratar de uma pessoa séria, madura, com muita prática em lidar com as pessoas que frequentarão a hidrelétrica, pois trouxe ao mundo muitos políticos e empreiteiros.

O Plinião, no debate da Bandeirantes, respondendo a um jornalista, com duas frases curtas liquidou o assunto, direto ao coração do problema: "Nós somos contra Belo Monte porque ele é um absurdo econômico. Ele (o local) está a milhares de quilômetros de distância do mercado". Pronto. Há um sem número de razões para não se construir aquele absurdo, mas devido ao tempo do programa ele matou com uma apenas, é bom esse guri.


Você, obviamente, ficou caladinha, preferiu dizer que os juros dos bancos estão diminuindo... Eu ouvi lá do Burundi, mas há quem afirme que ecoou na Sibéria a gargalhada que varreu o Brasil de uma ponta a outra.

Como falei, há uma penca de razões. O meu dileto amigo Rodolfo Salm, que sabe das coisas e a quem agradeço de público (Abração, Rô!), doutor em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia e professor da Universidade Federal do Pará, e que faz parte do Painel de Especialistas para a Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte, me mandou mais algumas, pedi que não excedesse a dez, que aqui o espaço também é caro (como sabes, para mim as empreiteiras nunca ofereceram doações, ao contrário, estão ajudando o banqueiro DD a pagar a Camorra para me misturar ao cimento da construção da hidrelétrica). Aí vão:

1. Hidrelétricas não são energia limpa: elas emitem grande quantidade de metano, um gás de efeito estufa com impacto 23 vezes maior sobre o aquecimento global do que o gás carbônico. Assim, Belo Monte poluiria tanto ou mais do que termelétricas de potência equivalente.
2. Belo Monte seria uma obra faraônica que geraria pouca energia. O projeto geraria apenas 39% dos 11.181 MW de potência divulgados, devido à grande variação da vazão do rio.
3. A Bacia do Rio Xingu é única no planeta: mais da metade de seu território é formada por áreas protegidas e a barragem inevitavelmente causaria impactos irreversíveis na biodiversidade da região. São 27 milhões de hectares de alta prioridade para a conservação da biodiversidade, abrigando 30 Terras Indígenas e 12 Unidades de Conservação. Os impactos foram destacados pelos 40 especialistas das principais universidades brasileiras que analisaram o Estudo de Impacto Ambiental, assim como pela equipe de analistas ambientais do IBAMA que, apenas dois dias antes da emissão da licença prévia, afirmaram "não haver elementos que atestem a viabilidade ambiental de Belo Monte".
4. A barragem ameaça a sobrevivência dos 24 grupos indígenas, além de ribeirinhos e pescadores de peixes ornamentais. Canteiros de obras e novas estradas seriam construídos junto às Terras Indígenas dos Juruna da Boa Vista, Arara da Volta Grande e Juruna do Paquiçamba, com impactos irreversíveis para esses povos. E vários outros impactos indiretos igualmente graves sobre outros povos. Haveria mortandade em massa de peixes e a extinção de várias espécies. Inclusive de peixes ornamentais, que representam uma das mais importantes atividades econômicas da região e que morreriam sem oxigênio imediatamente após a formação do lago.
5. O Governo Federal, o Ministério de Minas e Energia e o IBAMA violaram a Constituição Federal Brasileira e a Convenção 169 da OIT. A Constituição foi violada em diversos pontos. Foi violada a Convenção 169 da OIT, que garante aos indígenas o direito de serem informados sobre os impactos da obra e de terem sua opinião ouvida e respeitada.
6. Haveria uma enorme imigração de trabalhadores atraídos pela obra. Mas, dos 18 mil empregos no pico da obra, só permaneceriam 700 postos de trabalho no final. A enorme migração, subestimada pelas empresas como sendo em torno de 100 mil pessoas, aumentaria a pressão sobre as terras indígenas e áreas protegidas e haveria desmatamento e a ocupação desordenada do território. O rápido crescimento populacional na região acarretaria o aumento da violência, da prostituição, dos acidentes, dos conflitos sociais e fundiários, das invasões. Por outro lado, nos 11 municípios que compõem a região da Transamazônica e do Xingu, somente 8 mil trabalhadores teriam condições de ocupar um emprego durante a construção da usina. O que acontecerá com essa grande massa de trabalhadores - mais de 100 mil - que estão chegando na região para ocupar estas concorridas vagas?
7. O empreendimento obriga o re-assentamento de cerca de 30 mil famílias. Ninguém sabe se serão reassentadas ou indenizadas. Quem quiser ser reassentado irá para onde?
8. A Licença Prévia foi emitida pela presidência do IBAMA apesar do parecer contrário dos técnicos do órgão; e as medidas condicionantes não compensam os danos irreversíveis e não representam garantia legal de responsabilidade do empreendedor. Alguns técnicos do IBAMA pediram demissão, outros se afastaram do licenciamento e outros ainda assinaram um parecer contrário à liberação das licenças para a construção da usina. Estão colocando senadores "ficha suja" para acompanhar a obra. Você confia?
9. O processo de licenciamento está sendo antidemocrático e está ferindo a legislação ambiental: as audiências públicas não tiveram condições para participação popular, especialmente das populações tradicionais e indígenas, as mais afetadas. As audiências são exigência legal, mais um aspecto da legislação atropelado pelos proponentes da obra.
10. Os impactos de Belo Monte são muito maiores do que aqueles estimados e, em muitos aspectos, irreversíveis e não passíveis de serem compensados pelos programas e medidas condicionantes propostas. O preço de Belo Monte sobe a cada dia. NINGUÉM SABE O CUSTO REAL DA USINA!


Está bem assim ou quer mais? Essa usina é mais que assassinato, Dilminha, dentro dela tem um código penal inteiro. A parte que os gatunos mais gostam é essa em maiúsculas ao final do décimo, festa garantida.

Um bundão colocado (por ti?) na Eletrobrás (ei, me diz uma coisa: é verdade que de ascensorista para cima, no Ministério de Minas e Energia e na Eletrobrás, é tudo capanga do Sarney?) agora admite que o custo da obra "pode superar" 20 bilhões. Pessoas do governo que ainda possuem 1,5% de pudor admitem 35 bilhões. Eu falo em 50 bilhões.

Viu a situação dos hospitais em Porto Alegre? Vi no jornal anteontem, menina, catástrofe digna de pedido de auxílio humanitário a países amigos...

Se me obedeceres, como compensação prometo que não te processo e também paro de te chamar de Mad Madam Mim. Do contrário, não largarei do teu pezinho nunca mais.

Até. Ferro neles, Plínio!

Salito
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