martes, 31 de agosto de 2010

Amável

.
Ainda fronteiriços, ontem já bem tarde encaramos um puchero uruguayo legítimo, com vinho da terra. Dolores adorou. A saudade antes me fez arriscar um pratinho de buseca bem lubrificada de oliva, e atolada de pimenta, dos deuses.

Chegaram os últimos seguranças para o ingresso no Brasil, estes vieram da África, têm experiência em serviços de proteção de arremetida (algo como se dizer que a melhor defesa é o ataque). Falta apenas conseguir o bunker na Grande Porto Alegre.

Enquanto Dolores e eu aguardamos a data do niver de mamãe, quando a casamata já deverá estar arranjada, aproveito para rever os muitos amigos, alguns vieram de outras paragens para me ver.

No restaurante do meu compadre Juanito Matabanquero (nome quase falso, naturalmente), na outra ponta da Av. Sarandi (ou da Florencio Sanchez, ou de outra, eu, hein), no jantar conheci um brasileiro sensacional, o Amável Pinto (nome verdadeiro).

Além de amável, muito divertido, como sua esposa Shahniz Abokhari. Disse que houve tempo em que cogitou trocar de nome, mas pensou bem, ora, com o nome que tem onde chega sempre é uma festa, serve para alegrar qualquer ambiente, para quê mudar. Cabeça aberta, além de espirituoso.

O Amável tem um negócio de armas blancas y negras em São Paulo, enrustido na 25 de março, em sociedade com um paquistanês irmão da Shaninha. Da fachada aos fundos a loja é de roupas, só bem lá no fundão se pode adquirir uma automática ou um missilzinho.

Descobri que também é muito criativo quando nos contou que a loja de roupas, roupas mesmo, não é nada desprezível, fatura alto, tudo pano chinês vindo pelo corredor oficial. Orgulha-se de dizer que sempre está inovando, gosta de inventar coisas, diversificar a oferta. Disse que em julho vendeu muitas carteiras especiais para políticos e assessores. Antes de continuar essa estória, com um sorriso nos lábios serviu-se de mais vinho. Estava se divertindo mesmo.
Logo soubemos que as tais carteiras especiais do gaiato são apenas cuecas samba-canção, produção sob medida. Explicou: cueca tipo aquela que o vovô usava, dividida verticalmente em duas vezes de dez partes sobrepostas, com encaixes para as notas. Hermeticamente fechadas, nas pernas e na cintura, sem machucar os ovinhos do ilustre portador. Cabe cem mil fácil, fácil.

Diz que o negócio não é novo, já tem alguns anos que a necessidade foi sentida, e as vendas massivas se concentram em ano eleitoral. Lamenta vender pouco no Rio Grande do Sul, o pessoal reclama do preço e diz que bota e bombacha é melhor, cabe bastante e não engorda o transportador. Aí ele teve outra idéia: para a próxima temporada já terá bombachas adaptadas, com diversos bolsos interiores da cintura até as botas. O mesmo para calças até os sapatos. Isso sim é utilitário, evitará constrangimentos, é feio nossos representantes andarem com as calças caindo.

Estávamos em umas vinte pessoas, ficamos até às duas da matina.
Vou rindo enquanto posso.

.

No hay comentarios.:

Publicar un comentario